domingo, 18 de agosto de 2013

Internet arrebenta audiência da Globo

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Dias atrás circulou na internet um levantamento. Nos últimos dez anos, o Jornal Nacional perdeu um terço da audiência.

Quem ganhou? Não foi a concorrência na tevê.

Foi a internet.

Todos já notaram que a internet está matando a mídia impressa – jornais e revistas.

Mas são poucos os que estão enxergando um pouco adiante: a tevê, tal como a conhecemos, já está também no corredor da morte, sob a ação da internet.

Uma pesquisa da prestigiosa Forrest traz um dado que conta tudo: hoje, os brasileiros gastam três vezes mais tempo na internet do que na tevê.

E, dado o crescimento avassalador da internet, logo serão quatro vezes mais, e cinco, e seis – até o traço.

Não é apenas o Jornal Nacional que emagreceu consideravelmente nestes dez anos em que a internet se consolidou entre os brasileiros.

O Domingão do Faustão, em São Paulo, o mercado que é referência para o mercado publicitário, desabou ao longo dos últimos anos para 10% do Ibope.

Pouco tempo atrás, executivos da Abril entrevistaram estagiários. Foi perguntado a eles: “Quem vê o Faustão?”

Ninguém. Também foi perguntado quem lia a Veja e a Exame, e uma mão misericordiosa se ergueu.

O Fantástico é, hoje, uma ruína dominical. Nos anos 1980, seu apogeu, a audiência passava de 40%. Hoje, está na casa dos 13%, 14%. Outra ruína dominical é a Fórmula 1: perdeu metade do público de 2003 para cá.

O último reduto da Globo, as novelas, seguem o mesmo percurso.

Na década de 1980, Roque Santeiro teve, em seu pior dia, 58% de audiência. No melhor, 95%.

Dez anos atrás, Senhora do Destino teve média de 50%. No ano passado, Salve Jorge ficou em 30%.

Hoje, a Globo é notícia muito menos por sua programação do que por coisas como o esdrúxulo horário do futebol por força da novela e a supersonegação na compra dos direitos da Copa de 2002.

Resta o paradoxo da publicidade.

Mesmo com audiência em dissolução, a Globo continua a faturar absurdamente em publicidade. Mesmo o governo — sistematicamente atacado pelos medalhões da Globo em todas as mídias — colocou cerca de 6 bilhões de reais em propaganda na empresa nos últimos dez anos.

O milagre-truque se chama Bonificação por Volume, ou BV, uma criação de Roberto Marinho. É uma comissão, ou propina, paga às agências. Quanto mais elas anunciam na Globo, mais ganham. Hoje, muitas agências dependem do BV da Globo.

Mas até quando elas vão anunciar num Faustão, ou num Fantástico? Quando a audiência recuar para um dígito, que anunciante tolerará o emprego de seu dinheiro conveniente apenas para a Globo e para a agência?

Na verdade, surpreende que os anunciantes não tenham se insurgido, ainda, contra o macabro expediente do BV.

Os anunciantes encontram seus consumidores onde? No Fantástico ou na internet?

Ora, já hoje os brasileiros gastam três vezes mais tempo na internet que na tevê.

Ponhamos dez anos na frente, e com a velocidade arrasadora que a internet tomou.

Que será a Globo em 2023?

Estará viva? É possível. Mas não será sombra do que foi um dia e nem do que é hoje.

5 comentários:

  1. Internet ganhando mesmo com o acesso de mer.... Do Brasil.
    Imaginemos com banda larga decente!

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  2. Caraca, quanta mágoa e desinformação. O cara foi defenestrado das Organizações Globo e agora torce os fatos para destilar sua mágoa. Doutor Roberto Marinho inventou o Bonus de Volume? Que esse Paulo é incompetente, todo mundo na área sabe, agora vai ser desinformado assim na casa dos blogueiros aloprados. Pô, o que o PT fez para ter esses caras como carma....

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  3. Santiago, vá se informar nos seus blogs favoritos, tio Rei e companhia. Essa do Roberto Marinho ter inventado o BV é a mesma "brincadeira" que fazem com o Lulinha dono da "fazenda", a ESALQ (faculdade de agronomia).

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  4. Realmente, o BV é uma imoralidade. A Globo conseguiu impô-lo às agências pela sua força na época. Agora, os tempos são outros.

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  5. Santiago, respeitando tuas convicções de apoio a Globim, queria lembrar-te:
    Que muito melhor terá sido ser defenestrado por algumas divergências com sua linha, do que ser escanteado de vez... logo adiante pela própria situação de mercado que se avizinha.

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