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A partir dos seus escassos 11% de preferência do eleitorado mostrados pela pesquisa Ibope/Estadão (divulgada na última quinta-feira, 26), o senador tucano Aécio Neves (MG) procura esconder as notícias ruins e apega-se às menos ruins. Parece repetir o caso da “mancada” de Rubens Ricupero em setembro de 1994, em plena campanha eleitoral que elegeu Fernando Henrique Cardoso para a Presidência da República. Sem saber que estava no ar, Ricupero disse a um jornalista da TV Globo: “Não tenho escrúpulos. O que é bom a gente fatura; o que é ruim, a gente esconde".
O então ministro revelou, e todo o país pode ouvir, uma prática comum da elite brasileira e que a mídia acolhe, repete, e multiplica - esconder as notícias ruins e “faturar” as boas.
No caso de Aécio Neves, quase vinte anos depois, não há notícias boas - só as menos ruins!
Por exemplo, a última pesquisa do Ibope repetiu o que já havia sido revelado por outras pesquisas em datas próximas: Dilma Rousseff venceria em todos os cenários e se reelegeria no primeiro turno da eleição de 2014. Ela teve 38% das preferências; os candidatos de oposição teriam, somados, 31%: Marina Silva, se conseguir cumprir as exigências legais e registrar seu partido, teria 16%; Aécio amarga um declinante terceiro lugar, passando de 13% para 11%; Eduardo Campos também caiu, de 5% para 4%. E há 31% de pessoas que estão sem candidato (15% preferem votar banco ou nulo, e 16% não souberam responder).
Este não é, definitivamente, o cenário dos sonhos de Aécio Neves, nem dos tucanos; a situação não melhora se trocarem o mineiro pelo paulista José Serra, para quem, aliás, a notícia também não é boa: Serra teria um ponto a mais, com 12% das preferências, levemente acima dos 11% que indicaram Aécio.
Aécio quer falar grosso e mal disfarça que lambe as feridas em público. Ficou contente com o apoio do Solidariedade, o novo partido criado por Paulo Pereira da Silva (o Paulinho da Força) cujo nome imita o Solidarność que serviu de trampolim para o sindicalista anticomunista Lech Walesa trair os operários poloneses na década de 1990. Paulinho anunciou seu partido como de oposição ao governo de Dilma Rousseff e abriu todas as suas portas para um entendimento com os tucanos na eleição de 2014.
Mas há uma dúvida: qual será a consistência desse apoio? A capacidade de Paulinho mobilizar os militantes da central que dirige, a Força Sindical, no apoio à direita já foi escassa na eleição de 2012, quando a aquela central quase rachou, sendo publicamente exposta a profunda, e antagônica, divergência política entre seus dirigentes. Esse quadro pode se repetir em 2014, com Paulinho de braços dados com os tucanos, e os sindicalistas apoiando o governo de Dilma Rousseff. É uma possibilidade concreta!
Em busca de ampliar seus apoios, Aécio tenta garantir a unidade de seu partido, o PSDB. Conseguirá? Esta é outra incógnita. Neste final de semana, ele acenou a Serra e se disse otimista quanto a sua permanência no ninho tucano. Mas o paulista continua no seu costumeiro jogo de vai-não-vai, como uma espécie de Jânio Quadros pós-moderno (que tinha, entre suas marcas, justamente essa, de chantagear seus partidários com frequentes ameaças de renúncia).
Aécio disse: "o PSDB é a casa de Serra", e declarou esperar seu apoio em 2014. Mas que casa é essa, onde prevalece a desarmonia, o jogo por baixo dos panos, o desentendimento entre seus pares? Pior. Sendo Serra, internamente, o principal fator de desavenças?
Aécio tem dito que o ciclo de governos democráticos e populares iniciado com a posse de Luís Inácio Lula da Silva, em 2003, precisa “ser encerrado". É normal que um político da oposição diga isso. Mais ainda quando ele representa, como Aécio, as mazelas nacionais que foram encerradas pelos governos democráticos e populares que sucederam ao nefasto período tucano e neoliberal. Ele está em seu papel de dirigente político conservador, e defende os interesses e privilégios contrariados desde o início do atual ciclo de democracia e desenvolvimento.
Aécio quer a volta de tudo o que foi superado nesta década em que o Brasil avançou e a vida do povo melhorou. Ele usa o mesmo linguajar aposentado em 2003 e não se cansa de repetir palavras como “meritocracia” (que designa o governo dos “melhores”, isto é, do tucanato!). Dá sinais de que vai defender, na campanha eleitoral de 2014, as privatizações tucanas. Com isso, com certeza, agradará à vaidade do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso.
Mas será condenado com a mesma veemência com que os brasileiros já rejeitaram, nas urnas, candidatos emplumados como José Serra e Geraldo Alckmin, mesmo que tenham tentado esconder este programa que o eleitorado rejeita. Fala em Estado mínimo, em controle dos gastos públicos, e alude a todo o velho programa neoliberal, que infelicitou o Brasil, empobreceu o povo, humilhou a soberania nacional e foi escorraçado nas urnas em todas as eleições desde 2002.
Num encontro tucano realizado em Maceió (AL) neste sábado (28) Aécio Neves (MG) teve, pode-se dizer, um momento de sinceridade e confessou que faz parte da “largada de uma linda aventura”. Que disse ser “a favor do Brasil”. Mas os brasileiros não se iludem e sabem que não passa de uma aventura mesmo - a tentativa de levar de volta ao governo federal o mesmo programa que os eleitores condenaram desde 2002. E voltarão a condenar em 2014.
Putzgrila...Nesse comentário do Miro, as palavras soam no costado do Aécio como verdadeiras chicotadas no lombo miserável de um burro empacado no passado, a zurrar faminto de retórica, dentro de um vernáculo vazio e sem proposta.Valeu Miro, você é fodanha hahahahah!...
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