Editorial do sítio Vermelho:
Em 11 de setembro de 1973, o sonho de uma transformação socialista pacífica e por meios legais foi soterrado, no Chile, sob o bombardeio do Palácio de La Moneda, sede do governo em Santiago, e pela morte violenta do presidente socialista Salvador Allende.
Passados 40 anos daquela tragédia, é difícil enfatizar aqueles acontecimentos que ocorreram numa América Latina que, em busca de superar o atraso e o subdesenvolvimento, enfrentou o imperialismo, e a violência e obscurantismo das classes dominantes locais. Situação que, hoje, não combina com a trajetória de afirmação soberana e de luta contra a pobreza vivida pelo continente, quarenta anos depois daqueles acontecimentos.
O golpe fascista contra Allende e o governo da Unidade Popular faz parte de uma série de ações semelhantes, lideradas por elites conservadoras com amplo apoio do governo do EUA.
Golpes civis e militares como os ocorridos no Brasil (1964), Chile e Uruguai (1973) e na Argentina (1976), promoveram a virada pró-estadunidense e fascista que prevaleceu nas décadas seguintes e só começou a mudar com a eleição de Hugo Chávez, na Venezuela (1998) e de Luiz Inácio Lula da Silva, no Brasil (2002), configurando o início do atual despertar latino-americano.
A intervenção de militares e elites fascistas nos países da América Latina, apoiada pelo imperialismo, encerrou uma experiência histórica que era promissora, e acumulou lições para o futuro.
Em outubro de 1970, Allende se tornou o primeiro chefe de Estado socialista e marxista eleito no Ocidente, à frente da Unidade Popular, uma ampla coalizão que reunia socialistas, comunistas, radicais e outras correntes populares.
Ele foi um presidente moderno e legalista. Moderno na acepção mais ampla da palavra – seu programa era o da justiça social, da igualdade e do socialismo. E era um defensor ferrenho da legalidade, preferindo sempre manter e respeitar a Constituição e nunca usar a força do governo contra a oposição e a conspiração de direita que crescia.
Ante a experiência liberal e privatista de seu antecessor na presidência, o democrata-cristão Eduardo Frei (1964-1970), o socialista Allende iniciou mudanças que atendiam aos anseios da época. Na presidência, aplicou um programa de socialização da economia, com reforma agrária e nacionalização de indústrias, bancos e outras empresas, na chamada “via chilena para o socialismo”.
Sua opção legalista se inseria nos debates que então agitavam a esquerda e os revolucionários, opondo correntes que defendiam opções divergentes para a conquista do socialismo: uma, o uso da força estrito senso para as mudanças necessárias; outra, o caminho pacifista e eleitoral.
A violência fascista contra Allende de certa maneira encerrou o debate de então. O sonho de uma revolução não violenta para criar, por via pacífica e democrática, uma sociedade avançada foi estraçalhado pelas bombas jogadas sobre o Palácio de La Moneda, e morto com Allende e com cada um dos 3.200 assassinados pela ditadura, e em cada uma das entre 32.000 e 60.000 vítimas de tortura, prisões ilegais e perseguições políticas.
A trágica experiência de Salvador Allende lançou luz sobre este aspecto fundamental da mudança revolucionária – as formas de luta. Esta escolha não é uma opção arbitrária dos protagonistas da cena política, mas se impõe pelas conjunturas históricas determinadas e pelo grau de amadurecimento da consciência política das massas na luta de classes em cada nação.
Neste sentido, a América Latina de hoje, 40 anos depois, enraizou a dura aprendizagem do Chile e demais países do continente nas décadas de 1960 e 1970, cujo traço marcante foi a violência repressiva e assassina dos governos de extrema-direita.
Uma dessas lições impõe a realização, em primeiro lugar, de reformas políticas e institucionais capazes de fortalecer a opção pelas mudanças; as mudanças na economia decorrem delas. Foi o que se assistiu nos primeiros anos de Hugo Chávez, na Venezuela; é o que está em curso no Brasil desde a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003.
São lições da história: duras e quase sempre sangrentas. Mas que os povos do continente, tudo indica, incorporaram em sua marcha para fortalecer a soberania de suas nações e em busca de um mundo mais igual e justo.
O exemplo do Chile de Allende inspira os povos. O deputado e presidente do Partido Comunista do Chile, Guillermo Teillier, recentemente chamou a atenção para este legado dizendo, em relação à sistemática violação dos direitos humanos cometidas pela ditadura, que “a verdade e a justiça são irrenunciáveis”, sobretudo porque ainda existe muita coisa a ser esclarecida sobre os desaparecidos políticos. E, lembrou, o povo não esquece “seus heróis, reivindica Salvador Allende e expressa a esperança de um Chile justo e democrático”.
Passados 40 anos daquela tragédia, é difícil enfatizar aqueles acontecimentos que ocorreram numa América Latina que, em busca de superar o atraso e o subdesenvolvimento, enfrentou o imperialismo, e a violência e obscurantismo das classes dominantes locais. Situação que, hoje, não combina com a trajetória de afirmação soberana e de luta contra a pobreza vivida pelo continente, quarenta anos depois daqueles acontecimentos.
O golpe fascista contra Allende e o governo da Unidade Popular faz parte de uma série de ações semelhantes, lideradas por elites conservadoras com amplo apoio do governo do EUA.
Golpes civis e militares como os ocorridos no Brasil (1964), Chile e Uruguai (1973) e na Argentina (1976), promoveram a virada pró-estadunidense e fascista que prevaleceu nas décadas seguintes e só começou a mudar com a eleição de Hugo Chávez, na Venezuela (1998) e de Luiz Inácio Lula da Silva, no Brasil (2002), configurando o início do atual despertar latino-americano.
A intervenção de militares e elites fascistas nos países da América Latina, apoiada pelo imperialismo, encerrou uma experiência histórica que era promissora, e acumulou lições para o futuro.
Em outubro de 1970, Allende se tornou o primeiro chefe de Estado socialista e marxista eleito no Ocidente, à frente da Unidade Popular, uma ampla coalizão que reunia socialistas, comunistas, radicais e outras correntes populares.
Ele foi um presidente moderno e legalista. Moderno na acepção mais ampla da palavra – seu programa era o da justiça social, da igualdade e do socialismo. E era um defensor ferrenho da legalidade, preferindo sempre manter e respeitar a Constituição e nunca usar a força do governo contra a oposição e a conspiração de direita que crescia.
Ante a experiência liberal e privatista de seu antecessor na presidência, o democrata-cristão Eduardo Frei (1964-1970), o socialista Allende iniciou mudanças que atendiam aos anseios da época. Na presidência, aplicou um programa de socialização da economia, com reforma agrária e nacionalização de indústrias, bancos e outras empresas, na chamada “via chilena para o socialismo”.
Sua opção legalista se inseria nos debates que então agitavam a esquerda e os revolucionários, opondo correntes que defendiam opções divergentes para a conquista do socialismo: uma, o uso da força estrito senso para as mudanças necessárias; outra, o caminho pacifista e eleitoral.
A violência fascista contra Allende de certa maneira encerrou o debate de então. O sonho de uma revolução não violenta para criar, por via pacífica e democrática, uma sociedade avançada foi estraçalhado pelas bombas jogadas sobre o Palácio de La Moneda, e morto com Allende e com cada um dos 3.200 assassinados pela ditadura, e em cada uma das entre 32.000 e 60.000 vítimas de tortura, prisões ilegais e perseguições políticas.
A trágica experiência de Salvador Allende lançou luz sobre este aspecto fundamental da mudança revolucionária – as formas de luta. Esta escolha não é uma opção arbitrária dos protagonistas da cena política, mas se impõe pelas conjunturas históricas determinadas e pelo grau de amadurecimento da consciência política das massas na luta de classes em cada nação.
Neste sentido, a América Latina de hoje, 40 anos depois, enraizou a dura aprendizagem do Chile e demais países do continente nas décadas de 1960 e 1970, cujo traço marcante foi a violência repressiva e assassina dos governos de extrema-direita.
Uma dessas lições impõe a realização, em primeiro lugar, de reformas políticas e institucionais capazes de fortalecer a opção pelas mudanças; as mudanças na economia decorrem delas. Foi o que se assistiu nos primeiros anos de Hugo Chávez, na Venezuela; é o que está em curso no Brasil desde a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003.
São lições da história: duras e quase sempre sangrentas. Mas que os povos do continente, tudo indica, incorporaram em sua marcha para fortalecer a soberania de suas nações e em busca de um mundo mais igual e justo.
O exemplo do Chile de Allende inspira os povos. O deputado e presidente do Partido Comunista do Chile, Guillermo Teillier, recentemente chamou a atenção para este legado dizendo, em relação à sistemática violação dos direitos humanos cometidas pela ditadura, que “a verdade e a justiça são irrenunciáveis”, sobretudo porque ainda existe muita coisa a ser esclarecida sobre os desaparecidos políticos. E, lembrou, o povo não esquece “seus heróis, reivindica Salvador Allende e expressa a esperança de um Chile justo e democrático”.
Chorei muito quando, agora a pouco, vi na Band News uma reportagem sobre o golpe no Chile, onde o entrevistado era o Serra, que contava o quanto ele "sofreu" com o golpe, pois estava lá, na época. Ele tenta imprimir uma dose de drama a narrativa, mas ele, o Serra, não correu risco nenhum lá, na verdade. Fala também que a ditadura daqui ajudou a de lá,o que é verdade, mas não fala que foram os EUA, com Nixon no governo, que desencadeou a crise no Chile, até o assassino Pinochet tomar o poder. O palácio foi bombardeado por avião da aeronáutica e Salvador Allende achou melhor se matar. Mas voltado ao Serra, depois da reportagem, o apresentador te convida a ver a "reportagem completa com Serra" no site da Band. Quase chorei mas de novo. E eu que pensava que a reportagem fosse sobre o golpe.
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