Setembro marca dois golpes duros contra as forças progressistas da América Latina. Em 1973, Allende vê esmagado o seu projeto de uma transição pacífica ao socialismo. Em 17 de setembro de 1955, é derrubado o governo de Perón, na Argentina, após uma década de transformações que elevaram os indicadores sociais dos nossos vizinhos a um dos mais altos do mundo.
Perón estatizou a energia, a telecomunicação, o transporte ferroviário, naval e aeronáutico, industrializando o país na produção de aviões, automóveis, locomotivas com tecnologia nacional. Fundou o programa nuclear, criou a legislação trabalhista, alargou os direitos sociais, as mulheres tiveram direito ao voto. Expandiu radicalmente o ensino público, eliminando praticamente o analfabetismo, montou a Universidade Obrera pública , bibliotecas, criou a TV pública e fundou um cinema nacional, que renasce, respeitado mundialmente.
Nos 14 anos que dirigiu a Venezuela, Chávez introduziu uma visão original no debate sobre o golpe do Chile. “A Revolução Bolivariana é pacífica, mas armada!”, argumentava. Esta a diferença fundamental, convocando as esquerdas a terem uma política de unidade civil e militar. Parte da esquerda, desconversa sobre este debate, mesmo com o tremendo exemplo do Chávez, da Revolução dos Cravos e tantos outros. Allende foi alertado diversas vezes para construir uma unidade cívico-militar. E havia correntes militares progressistas no Chile.
Perón foi advertido, veementemente, por Evita, sobre o golpe que se preparava contra ele. Diante das evidências, Evita distribuiu armas na CGT, argumentando que os trabalhadores deveriam ter sua própria defesa. Evita morreu. Perón não lhe deu ouvidos, cedeu à pressão dos golpistas para confi scar as armas na CGT. Desarmada, a Revolução Justicialista foi esmagada por um bombardeio sangrento que não poupou, inclusive, dezenas de estudantes primários que estavam na Plaza de Mayo naquele momento. Que Maduro não se esqueça nunca das palavras de Chávez. Pacífica sim, pero armada.
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