Por Luis Nassif, no Jornal GGN:
A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de aumentar a taxa Selic para 9,5% ao ano e os termos do comunicado indicam que poderá voltar novamente aos dois dígitos. E mostra – mais uma vez – a enorme dificuldade do país em definir estratégias claras de desenvolvimento.
O organismo econômico brasileiro se assemelha a de um viciado que não pode viver sem drogas, sob risco de crises de abstinência.
*****
Nos dois últimos anos, o governo Dilma Rousseff deu início à mais ousada estratégia monetária dos últimos vinte anos, de tentar trazer as taxas de juros aos níveis internacionais e proceder a alguma correção do câmbio.
E aí se observou um fenômeno típico de organismos viciados.
A economia está dividida entre os grandes grupos – capitalizados e ofertantes de recursos – e pequenas e médias empresas – demandantes de crédito.
As grandes empresas vinham apresentando bons níveis de rentabilidade. Reduzida a Selic, constatou-se que caíram as margens de lucros.
Percebeu-se, então, que eram garantidas pelos ganhos financeiros. A reação de empresas maiores foi promover reajustes de preços, visando recompor margens.
Para permitir a recomposição sem repasses, muitos setores foram agraciados com redução nos encargos trabalhistas, fruto do festival de desonerações fiscais do Ministro Guido Mantega.
*****
O segundo movimento foi no câmbio.
Desde que assumiu, a presidente Dilma Rousseff estava convencida da necessidade de promover desvalorizações controladas do real, para devolver um mínimo de competitividade à economia interna.
Nos últimos meses, houve forte instabilidade no dólar, com a perspectiva de elevação das taxas de juros dos Estados Unidos. O Banco Central aproveitou a brecha e promover uma desvalorização controlada do real, que bateu nos R$ 2,30.
Com isso, reduziu os riscos de crise externa, mas à custa de uma elevação nos preços internos, especialmente dos chamados comercializáveis (produtos cujos preços são regulados pelas cotações internacionais).
*****
O ritmo de crescimento baixo da economia poderia amenizar o repasse para os preços. Mas, ao mesmo tempo, abriria espaço para que a mídia do eixo Rio-São Paulo voltasse a exercitar o terrorismo.
Algum tempo atrás, os dois maiores jornais de São Paulo estamparam, na primeira página, a falsa informação de que famílias estariam retornando aos hábitos de consumo do período hiperinflacionário. Durante semanas, o Jornal Nacional bateu diariamente na tese da perda do controle inflacionário.
Esse movimento gerou um efeito cascata que se espalhou por diversos setores e acabou sendo contido pela decisão de elevar a Selic.
*****
Agora, retorna-se ao mesmo jogo anterior. Aumentam-se os juros, os grandes grupos recompõem os lucros com ganhos financeiros. E a rapa, o enorme contingente dos tomadores de crédito – pequenas e médias empresas, consumidores pessoa física passam a pagar mais.
A melhoria de caixa das empresas – com a alta da Selic – será bancada com a redução dos recursos disponíveis para educação, saúde, investimento. Há que se poupar mais, para garantir os juros, os ganhos financeiros dos grandes e a tranquilidade da velha mídia.
A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de aumentar a taxa Selic para 9,5% ao ano e os termos do comunicado indicam que poderá voltar novamente aos dois dígitos. E mostra – mais uma vez – a enorme dificuldade do país em definir estratégias claras de desenvolvimento.
O organismo econômico brasileiro se assemelha a de um viciado que não pode viver sem drogas, sob risco de crises de abstinência.
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Nos dois últimos anos, o governo Dilma Rousseff deu início à mais ousada estratégia monetária dos últimos vinte anos, de tentar trazer as taxas de juros aos níveis internacionais e proceder a alguma correção do câmbio.
E aí se observou um fenômeno típico de organismos viciados.
A economia está dividida entre os grandes grupos – capitalizados e ofertantes de recursos – e pequenas e médias empresas – demandantes de crédito.
As grandes empresas vinham apresentando bons níveis de rentabilidade. Reduzida a Selic, constatou-se que caíram as margens de lucros.
Percebeu-se, então, que eram garantidas pelos ganhos financeiros. A reação de empresas maiores foi promover reajustes de preços, visando recompor margens.
Para permitir a recomposição sem repasses, muitos setores foram agraciados com redução nos encargos trabalhistas, fruto do festival de desonerações fiscais do Ministro Guido Mantega.
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O segundo movimento foi no câmbio.
Desde que assumiu, a presidente Dilma Rousseff estava convencida da necessidade de promover desvalorizações controladas do real, para devolver um mínimo de competitividade à economia interna.
Nos últimos meses, houve forte instabilidade no dólar, com a perspectiva de elevação das taxas de juros dos Estados Unidos. O Banco Central aproveitou a brecha e promover uma desvalorização controlada do real, que bateu nos R$ 2,30.
Com isso, reduziu os riscos de crise externa, mas à custa de uma elevação nos preços internos, especialmente dos chamados comercializáveis (produtos cujos preços são regulados pelas cotações internacionais).
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O ritmo de crescimento baixo da economia poderia amenizar o repasse para os preços. Mas, ao mesmo tempo, abriria espaço para que a mídia do eixo Rio-São Paulo voltasse a exercitar o terrorismo.
Algum tempo atrás, os dois maiores jornais de São Paulo estamparam, na primeira página, a falsa informação de que famílias estariam retornando aos hábitos de consumo do período hiperinflacionário. Durante semanas, o Jornal Nacional bateu diariamente na tese da perda do controle inflacionário.
Esse movimento gerou um efeito cascata que se espalhou por diversos setores e acabou sendo contido pela decisão de elevar a Selic.
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Agora, retorna-se ao mesmo jogo anterior. Aumentam-se os juros, os grandes grupos recompõem os lucros com ganhos financeiros. E a rapa, o enorme contingente dos tomadores de crédito – pequenas e médias empresas, consumidores pessoa física passam a pagar mais.
A melhoria de caixa das empresas – com a alta da Selic – será bancada com a redução dos recursos disponíveis para educação, saúde, investimento. Há que se poupar mais, para garantir os juros, os ganhos financeiros dos grandes e a tranquilidade da velha mídia.
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