quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Lula desmente agiotas da Folha

Por Altamiro Borges

A Folha desta quarta-feira publicou mais uma notinha sacana: “O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva articula nos bastidores para que o Senado vote o projeto de Francisco Dornelles (PP-RJ) de autonomia do Banco Central. Lula conversou sobre isso com o senador. O petista também falou com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) – que, na semana passada, surpreendeu o governo ao defender a proposta. Lula acha que a votação seria uma forma de debelar a desconfiança do mercado em relação ao governo Dilma Rousseff”. Poucas horas depois, a assessoria de Lula desmentiu a futrica: “Lamentavelmente, hoje (30), a coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, colocou em minha boca coisas que eu não disse e informações que não correspondem à verdade”.

A sacanagem da Folha não é gratuita. Há muito tempo que o jornal da falida famiglia Frias – e toda a mídia rentista e os seus “calunistas” a soldo dos banqueiros – defende a autonomia do Banco Central. A tese neoliberal extremada é simples: o povo elege o presidente, mas quem manda na economia são os agiotas financeiros. Com a autonomia do BC, os rentistas é que ditariam as políticas de juros e de câmbio. Simples assim! Durante seus oito anos de governo, o ex-presidente Lula resistiu à violenta pressão do capital financeiro para impor este golpe. Mesmo assim, a mídia não desiste e coloca “na boca” de Lula coisas que ele “não disse e informações que não correspondem à verdade”. 

A tese tresloucada da autonomia do BC foi rejeitada até por Milton Friedman, o guru dos neoliberais. No livro “Capitalismo e liberdade”, o reacionário economista afirma: “O Banco Central Independente (BCI) é um mau sistema para os que acreditam na liberdade justamente porque dá a poucos homens um poder tão grande sem que seja exercido sobre eles nenhum controle efetivo por parte do corpo político. Este é um argumento-chave, de natureza política, contra o BCI. Mas é também um mau sistema, mesmo para os que põem a segurança acima da liberdade. Erros não podem ser evitados em sistemas que dispensam a responsabilidade, mas dão amplos poderes a um pequeno grupo de homens, tornando as ações políticas altamente dependentes de acidentes de personalidade. Este é um argumento-chave, de natureza técnica, contra a existência de um BCI”.

Os rentistas nativos e sua mídia “privada” (nos dois sentidos da palavra) – hoje totalmente endividada e dependente dos banqueiros – são mais radicais e malucos do que o próprio papa do neoliberalismo. Eles pregam que o Banco Central se sobreponha aos governantes, eleitos pelo voto direto de milhões de pessoas, para implementar políticas econômicas que favoreçam seus interesses mesquinhos e egoístas. A autonomia do BC representa ainda mais poder para o capital financeiro, responsável pelo atual colapso de várias nações do planeta. Ao contrário do que difunde a mídia rentista, esta receita neoliberal não representa maior liberdade, mas sim a ditadura completa dos agiotas.

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