Por Altamiro Borges
Na semana passada, durante uma solenidade em Ceará-Mirim, na região metropolitana de Natal (RN), a única governadora no país do DEM, Rosalba Ciarlini, foi ruidosamente vaiada. A presidenta Dilma Rousseff, que inaugurou três unidades do Instituto Federal de Educação do Rio Grande do Norte, até tentou contornar a situação e pediu calma aos presentes. Não adiantou e até sobrou um pequeno apupo para ela também - que foi bastante aplaudida. Segundo registro da Folha, a demo foi "vaiada do início ao fim de seu discurso de sete minutos no evento... Rosalba interrompeu seu discurso diante do barulho das vaias. Estudantes apontavam o polegar para baixo e gritaram 'fora' ao fim da fala da governadora".
A cena constrangedora confirma a difícil situação dos demos no estado. Segundo pesquisa Consult-Band divulgada em setembro, a governadora do DEM é desaprovada por 83% da população. A sua gestão é um desastre e afunda em grave crise financeira. Em julho passado, Rosalba Ciarlini anunciou que a arrecadação do estado tinha ficado abaixo do previsto e determinou um corte linear de 10,74% no orçamento de todos os Poderes, o que motivou uma violenta crise com o Legislativo e o Judiciário e detonou uma onda de greves dos servidores públicos.
A situação do DEM, porém, não é trágica apenas no Rio Grande do Norte - único estado comandado pela sigla conservadora e que ocupa a presidência da legenda com o senador Agripino Maia. No troca-troca partidário encerrado neste sábado, os demos perderam mais três deputados federais, confirmando que caminham celeremente para o inferno. Em artigo publicado no jornal Valor no final de agosto, o jornalista Raymundo Costa já havia adiantado que o partido ainda tentará sobreviver em 2014, priorizando a eleição de parlamentares. Mas a situação não é fácil.
"Atualmente, o DEM é a sétima bancada da Câmara, com 27 deputados. Está atrás de partidos como o PP (38) e o PR (37). Só perdeu quadros desde que deixou o poder com FHC. Nem sempre por vontade do eleitor. Na eleição de 2010, por exemplo, elegeu 43 deputados. Na trilha aberta por Kassab para criar o PSD (45 deputados) perdeu grande parte da bancada... O auge do Democratas, ainda sob a denominação PFL, ocorreu em 2002, quando elegeu a segunda maior bancada, com 84 deputados. Em 2006, ainda se manteve como a quarta força, com 65 deputados, atrás de PMDB (89), PT (83) e PSDB (66); caiu para quinto, em 2010, e Kassab completou o serviço com a criação do PSD".
A perda de deputados federais e senadores também resultou na redução do tempo de televisão da sigla. "O DEM perdeu 67 segundos de tempo de TV para o PSD. Tempo precioso e que certamente fará falta na hora de o partido negociar alianças seja para as eleições congressuais, seja para a Presidência da República. No Senado, o DEM está reduzido a quatro senadores, dois dos quais disputam um novo mandato em 2014", completa a reportagem do Valor.
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