Por Luis Nassif, no Jornal GGN:
Há tempos aponto o esvaziamento intelectual de José Serra. É incapaz de produzir uma entrevista com uma ideia original sequer. Não consegue desenvolver teses sobre nenhum dos grandes temas contemporâneos, políticas sociais, inovação, abertura comercial, desindustrialização.
A exemplo do Conselheiro Acácio, seu repertório de respostas limita-se a identificar um aspecto negativo em qualquer tema que lhe é perguntado e resumir sua resposta a isso. É incapaz de ir ao centro da questão, identificar o fator central e desenvolver uma ideia minimamente sofisticada. São chavões de bar em cima de bordões de turba, um niilismo medíocre e cansativo.
Se fosse um historiador bíblico indagado sobre a caminhada do Calvário de Cristo, responderia com ar grave: "Não gostei da Maria Madalena ter invadido a rua com aquela toalha".
Sobre o suicídio de Sócrates, não tergiversaria: "Não tem cabimento tomar qualquer coisa sem testar".
Sobre a descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral: "Um absurdo errar a rota daquela maneira".
É o mesmo José Serra de sempre. Seu discurso político reduziu-se a isso: um niilismo medíocre, no qual qualquer questão que se lhe coloque recebe o mesmo padrão de resposta: identifica um fato negativo qualquer e trata como tema único da análise.
Confira na matéria do Valor, sobre a coletiva que ele deu ontem no Congresso.
Sobre a licitação de Libra - há um conjunto de análises a se fazer. O fato das candidatas serem estatais chinesas melhora o preço, de um lado, pode trazer conflitos de interesse do outro. As relações entre governo-Petrobras-estrangeiras serão contratuais, documentos legais reconhecidos por tribunais internacionais. Abrem-se possibilidade de novas relações Brasil-China, para o bem ou para o mal. Única avaliação de Serra: "Quem diria que o Brasil um dia iria caminhar para ser colônia da China?". É o Conselheiro Acácio sem polainas.
Sobre a hipótese de dobradinha com Aécio - há inúmeras considerações a serem feitas sobre vantagens e desvantagens de chapas puro sangue, sobre as alianças, sobre a relevância dos colégios eleitorais de São Paulo e Minas. Consideração de Serra: "Delirar é livre delirar, podemos especular sobre qualquer assunto, mas não faz muito sentido".
Sobre a dobradinha Marina-Campos - comporta inúmeras avaliações sobre a divisão do meio empresarial, sobre transferência ou não de votos, sobre terceira via. Consideração de Serra: "Foi uma aliança surpreendente e seus efeitos e consequências estão por vir. É muito difícil fazer previsões, muito cedo para avaliar".
Sobre Dilma sugerir que adversários estudem - "Se a presidente Dilma estudou antes, não aprendeu. Se estudou no governo, também não está aprendendo. E governo não é para fazer curso de graduação e pós-graduação. Quem entra no governo já tem que entrar sabendo das coisas. Até para não começar errado e perder tempo".
E terminou brilhantemente, com considerações clássicas e profundas sobre a expressão "para o que der e vier": "Uma coisa é o que der e vier, outra coisa é se conviria do ponto de vista político ou não. Acho prematuro falar dessa situação (de ser candidato a deputado)".
*****
Do Valor
José Serra descarta aposentadoria da política
À vontade no papel de candidato a candidato à sucessão presidencial, o ex-governador de São Paulo disse que está "à disposição" do PSDB para o "para o que der e vier" nas eleições de 2014. Serra não disse que é candidato, mas também afirmou que não "iria desmentir" quem afirmasse o contrário. O ex-governador esteve ontem em Brasília para um seminário comemorativo aos 25 anos da Constituição de 1988.
Serra mostrou-se animado com as eleições de 2014. "Eu não me aposentei da política, muito pelo contrário. Aliás sou contra aposentadorias prematuras, precoces", disse. Segundo o ex-governador paulista, a indicação do candidato do PSDB somente será decidida no próximo ano, como aliás "foi anunciado pelo próprio presidente do partido, o senador Aécio Neves".
Já no palanque, Serra atacou a licitação do campo de Libra, marcada para a próxima segunda-feira, cujas previsões indicam como vencedor uma estatal chinesa: "É uma situação neocolonial. Quem diria que o Brasil um dia iria caminhar para ser colônia da China"? Serra circulou pelo Congresso e não se negou a tratar de nenhuma pergunta relativa à sucessão presidencial de 2014.
Questionado sobre a hipótese de ser candidato a vice de Aécio Neves ou vice-versa, foi taxativo: "Delirar é livre delirar, podemos especular sobre qualquer assunto, mas não faz muito sentido". O ex-governador declarou-se surpreso com a filiação da senadora Marina Silva ao PSB, mas ainda acha cedo para se avaliar seu impacto nas eleições de 2014. "Vamos ver se o Eduardo Campos vai sair candidato".
"Foi uma aliança surpreendente e seus efeitos e consequências estão por vir. É muito difícil fazer previsões, muito cedo para avaliar", disse Serra. "Acho que surpreendeu até Eduardo Campos". Dois dias antes Serra e Eduardo Campos conversaram e o governador de Pernambuco não trabalhava com essa informação. "É um fato novo e saber quais são as consequências disso, prever, é muito difícil".
O ex-governador de São Paulo, no entanto, não tem dúvida sobre o papel do PSDB na campanha. "É a principal força da oposição", disse. Afirmou não temer que os tucanos fiquem de fora do segundo turno das eleições de 2014. "Medo? Não acho que o PSDB vá ficar fora do segundo turno. Não é problema de ter medo ou não. Em política, trata-se de você na luta".
Jornalistas perguntaram a Serra se não era o caso de o PSDB rever a intenção de indicar Aécio Neves como o candidato do partido, manifestada pela maioria dos diretórios, diante das pesquisas que o colocam à frente do senador mineiro. "Não é um problema de conversar", disse. Em sua opinião "o PSDB exagerou na antecipação (da campanha eleitoral) da mesma maneira que o PT e todos os outros. Quem inventou a campanha precoce foi o Lula", disse.
Segundo Serra, Lula passou o final de seu governo fazendo campanha para a presidente Dilma Rousseff. "Cadê governo? Não tem governo. Você fica dois anos perplexo (com a herança recebida do governo anterior), dois anos fazendo campanha. E isso quem paga o preço é o país: crescimento lento, taxa de juros maior do mundo, inflação alta e reprimida, desequilíbrio externo, situação do petróleo muito ruim, enfim uma série de problemas que vão se acumulando. Esse é o resultado dessa política, da herança e do eleitoralismo".
Na condição de pré-candidato de oposição, Serra desferiu um duro ataque à licitação do campo de Libra, previsto para a próxima segunda-feira. "Francamente, estatal por estatal, eu preferia que ficasse com a Petrobras", disse. "O ideal era ter feito o leilão que trouxesse grandes grupos internacionais competitivos. E agora, vamos ficar numa situação praticamente de uma quase colônia da China. Um neocolonialismo do Brasil em relação à China, o que me parece incrível".
"O poder do governo brasileiro é grande em relação a grupos internacionais privados. Eles pularam fora. O poder do governo brasileiro com relação ao governo chinês é muito menor, porque o Brasil hoje é um país dependente da China. Temos uma posição de neocolonizados. Isso vai agravar essa situação".
Serra também meteu a colher no bate-boca entre a presidente Dilma Rousseff e a ex-senadora Marina Silva. "Se a presidente Dilma estudou antes, não aprendeu. Se estudou no governo, também não está aprendendo. E governo não é para fazer curso de graduação e pós-graduação. Quem entra no governo já tem que entrar sabendo das coisas. Até para não começar errado e perder tempo.
Indagado se sua disposição para "o que der e vier" incluiria também uma candidatura a deputado federal, a fim de "puxar" bancada para o PSDB, desconversou: "Uma coisa é o que der e vier, outra coisa é se conviria do ponto de vista político ou não. Acho prematuro falar dessa situação.
Há tempos aponto o esvaziamento intelectual de José Serra. É incapaz de produzir uma entrevista com uma ideia original sequer. Não consegue desenvolver teses sobre nenhum dos grandes temas contemporâneos, políticas sociais, inovação, abertura comercial, desindustrialização.
A exemplo do Conselheiro Acácio, seu repertório de respostas limita-se a identificar um aspecto negativo em qualquer tema que lhe é perguntado e resumir sua resposta a isso. É incapaz de ir ao centro da questão, identificar o fator central e desenvolver uma ideia minimamente sofisticada. São chavões de bar em cima de bordões de turba, um niilismo medíocre e cansativo.
Se fosse um historiador bíblico indagado sobre a caminhada do Calvário de Cristo, responderia com ar grave: "Não gostei da Maria Madalena ter invadido a rua com aquela toalha".
Sobre o suicídio de Sócrates, não tergiversaria: "Não tem cabimento tomar qualquer coisa sem testar".
Sobre a descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral: "Um absurdo errar a rota daquela maneira".
É o mesmo José Serra de sempre. Seu discurso político reduziu-se a isso: um niilismo medíocre, no qual qualquer questão que se lhe coloque recebe o mesmo padrão de resposta: identifica um fato negativo qualquer e trata como tema único da análise.
Confira na matéria do Valor, sobre a coletiva que ele deu ontem no Congresso.
Sobre a licitação de Libra - há um conjunto de análises a se fazer. O fato das candidatas serem estatais chinesas melhora o preço, de um lado, pode trazer conflitos de interesse do outro. As relações entre governo-Petrobras-estrangeiras serão contratuais, documentos legais reconhecidos por tribunais internacionais. Abrem-se possibilidade de novas relações Brasil-China, para o bem ou para o mal. Única avaliação de Serra: "Quem diria que o Brasil um dia iria caminhar para ser colônia da China?". É o Conselheiro Acácio sem polainas.
Sobre a hipótese de dobradinha com Aécio - há inúmeras considerações a serem feitas sobre vantagens e desvantagens de chapas puro sangue, sobre as alianças, sobre a relevância dos colégios eleitorais de São Paulo e Minas. Consideração de Serra: "Delirar é livre delirar, podemos especular sobre qualquer assunto, mas não faz muito sentido".
Sobre a dobradinha Marina-Campos - comporta inúmeras avaliações sobre a divisão do meio empresarial, sobre transferência ou não de votos, sobre terceira via. Consideração de Serra: "Foi uma aliança surpreendente e seus efeitos e consequências estão por vir. É muito difícil fazer previsões, muito cedo para avaliar".
Sobre Dilma sugerir que adversários estudem - "Se a presidente Dilma estudou antes, não aprendeu. Se estudou no governo, também não está aprendendo. E governo não é para fazer curso de graduação e pós-graduação. Quem entra no governo já tem que entrar sabendo das coisas. Até para não começar errado e perder tempo".
E terminou brilhantemente, com considerações clássicas e profundas sobre a expressão "para o que der e vier": "Uma coisa é o que der e vier, outra coisa é se conviria do ponto de vista político ou não. Acho prematuro falar dessa situação (de ser candidato a deputado)".
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Do Valor
José Serra descarta aposentadoria da política
À vontade no papel de candidato a candidato à sucessão presidencial, o ex-governador de São Paulo disse que está "à disposição" do PSDB para o "para o que der e vier" nas eleições de 2014. Serra não disse que é candidato, mas também afirmou que não "iria desmentir" quem afirmasse o contrário. O ex-governador esteve ontem em Brasília para um seminário comemorativo aos 25 anos da Constituição de 1988.
Serra mostrou-se animado com as eleições de 2014. "Eu não me aposentei da política, muito pelo contrário. Aliás sou contra aposentadorias prematuras, precoces", disse. Segundo o ex-governador paulista, a indicação do candidato do PSDB somente será decidida no próximo ano, como aliás "foi anunciado pelo próprio presidente do partido, o senador Aécio Neves".
Já no palanque, Serra atacou a licitação do campo de Libra, marcada para a próxima segunda-feira, cujas previsões indicam como vencedor uma estatal chinesa: "É uma situação neocolonial. Quem diria que o Brasil um dia iria caminhar para ser colônia da China"? Serra circulou pelo Congresso e não se negou a tratar de nenhuma pergunta relativa à sucessão presidencial de 2014.
Questionado sobre a hipótese de ser candidato a vice de Aécio Neves ou vice-versa, foi taxativo: "Delirar é livre delirar, podemos especular sobre qualquer assunto, mas não faz muito sentido". O ex-governador declarou-se surpreso com a filiação da senadora Marina Silva ao PSB, mas ainda acha cedo para se avaliar seu impacto nas eleições de 2014. "Vamos ver se o Eduardo Campos vai sair candidato".
"Foi uma aliança surpreendente e seus efeitos e consequências estão por vir. É muito difícil fazer previsões, muito cedo para avaliar", disse Serra. "Acho que surpreendeu até Eduardo Campos". Dois dias antes Serra e Eduardo Campos conversaram e o governador de Pernambuco não trabalhava com essa informação. "É um fato novo e saber quais são as consequências disso, prever, é muito difícil".
O ex-governador de São Paulo, no entanto, não tem dúvida sobre o papel do PSDB na campanha. "É a principal força da oposição", disse. Afirmou não temer que os tucanos fiquem de fora do segundo turno das eleições de 2014. "Medo? Não acho que o PSDB vá ficar fora do segundo turno. Não é problema de ter medo ou não. Em política, trata-se de você na luta".
Jornalistas perguntaram a Serra se não era o caso de o PSDB rever a intenção de indicar Aécio Neves como o candidato do partido, manifestada pela maioria dos diretórios, diante das pesquisas que o colocam à frente do senador mineiro. "Não é um problema de conversar", disse. Em sua opinião "o PSDB exagerou na antecipação (da campanha eleitoral) da mesma maneira que o PT e todos os outros. Quem inventou a campanha precoce foi o Lula", disse.
Segundo Serra, Lula passou o final de seu governo fazendo campanha para a presidente Dilma Rousseff. "Cadê governo? Não tem governo. Você fica dois anos perplexo (com a herança recebida do governo anterior), dois anos fazendo campanha. E isso quem paga o preço é o país: crescimento lento, taxa de juros maior do mundo, inflação alta e reprimida, desequilíbrio externo, situação do petróleo muito ruim, enfim uma série de problemas que vão se acumulando. Esse é o resultado dessa política, da herança e do eleitoralismo".
Na condição de pré-candidato de oposição, Serra desferiu um duro ataque à licitação do campo de Libra, previsto para a próxima segunda-feira. "Francamente, estatal por estatal, eu preferia que ficasse com a Petrobras", disse. "O ideal era ter feito o leilão que trouxesse grandes grupos internacionais competitivos. E agora, vamos ficar numa situação praticamente de uma quase colônia da China. Um neocolonialismo do Brasil em relação à China, o que me parece incrível".
"O poder do governo brasileiro é grande em relação a grupos internacionais privados. Eles pularam fora. O poder do governo brasileiro com relação ao governo chinês é muito menor, porque o Brasil hoje é um país dependente da China. Temos uma posição de neocolonizados. Isso vai agravar essa situação".
Serra também meteu a colher no bate-boca entre a presidente Dilma Rousseff e a ex-senadora Marina Silva. "Se a presidente Dilma estudou antes, não aprendeu. Se estudou no governo, também não está aprendendo. E governo não é para fazer curso de graduação e pós-graduação. Quem entra no governo já tem que entrar sabendo das coisas. Até para não começar errado e perder tempo.
Indagado se sua disposição para "o que der e vier" incluiria também uma candidatura a deputado federal, a fim de "puxar" bancada para o PSDB, desconversou: "Uma coisa é o que der e vier, outra coisa é se conviria do ponto de vista político ou não. Acho prematuro falar dessa situação.
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