Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Não têm faltado os pretensos videntes de sempre a decretarem que estão ocorrendo mudanças substanciais no cenário político e econômico sob o qual ocorrerá, acima de qualquer outra, a eleição presidencial do ano que vem. Tais previsões pretendem anunciar conjuntura nova que, desta vez, teria potencial para, finalmente, apear o PT do poder.
Tais previsões apostam em fenômeno sobre a mentalidade nacional que, convenhamos, não pode ser totalmente negado: a proverbial falta de memória do brasileiro. Assim, seríamos incapazes de nos lembrar de que as apostas que estão sendo feitas hoje pelos que querem retomar o poder emulam, quase fidedignamente, as das três eleições anteriores.
Tanto à direita quanto à esquerda do PT ressurgem as mesmas ladainhas que pretendem “explicar” por que nunca antes houve chance tão boa de derrotar o partido quanto a que cairá do céu no ano que vem. A mesma lengalenga sobre crescimento econômico e inflação, pela direita, e sobre rendição ao neoliberalismo, pela esquerda.
Começando pela direita e por sua aposta já decenal em escândalos de corrupção (só do PT, claro) e em críticas à macroeconomia petista. O crescimento do PIB e a inflação, assim como no ano pré-eleitoral de 2009, estão sendo apresentados pela grande imprensa oposicionista e pela oposição como o grande inimigo da reeleição de Dilma Rousseff.
Assim como em 2009, o crescimento do nível de emprego e o da renda média dos brasileiros estão sendo apresentados como próximos do esgotamento, tratados como desimportantes diante da importância da evolução do PIB e de se reduzir algo como um mísero ponto percentual na taxa de inflação, de modo a que fique no centro da meta para este ano.
Sobre o “pibinho”, a discurseira oposicionista-midiática de 2010 é a mesma de 2009, também um ano pré-eleitoral como 2013. Havia oposta da oposição – ou de José Serra e Marina Silva – de que à recessão formal daquele ano (a economia brasileira retrocedeu 0,3% em 2009) juntar-se-ia um crescimento medíocre em 2010 e a economia derrotaria o “poste” de Lula.
A inflação, apesar de ter ficado no centro da meta em 2009, era apresentada como ascendente. O viés alarmista do noticiário não errou totalmente. De fato, em 2010 a inflação chegou a 5,91% (no IPCA), portanto fora do centro da meta de 4,5% e próxima do teto de 6,5%.
É o que deverá ocorrer em 2013. Teremos inflação mais próxima do teto do que do centro da meta e, ano que vem, aposta-se que haverá um replay do ritmo da inflação. Ou seja: nada muito diferente de 2010.
Também no crescimento, não se vislumbra grande diferença de 2014 para 2010. Poderemos não crescer 7,5% como em 2014, mas estamos conseguindo ter um ano pré-eleitoral melhor do que o que antecedeu 2010. Em 2009 a economia recuou 0,3% e este ano deve crescer de 2 a 2,5 por cento. Ou seja: entraremos em 2014 crescendo bem mais do que entramos em 2010.
Como se vê, a oposição ao PT pela direita (mídia, PSDB, DEM e, agora, PSB, com a filiação da ultraconservadora Marina Silva) continua não conseguindo enxergar a razão pela qual o mesmo PT tem se mantido no poder desde que venceu a eleição presidencial de 2002. E o mesmo acontece com a oposição pela esquerda, que se resume ao PSOL, ao PSTU e ao PCO.
Todos esses partidos, à direita e à esquerda do PT, emulam o discurso da grande mídia e desprezam as conquistas que o país obteve ao longo dos últimos dez anos. Desprezam o forte nível de emprego, a renda média crescente, a redução da pobreza e da miséria e a crescente importância do Brasil no cenário internacional.
Um teórico do PSOL chegou a escrever, recentemente, que o governo do PT é igual ao do PSDB e que, ano que vem, ganhará a eleição quem tiver melhor marqueteiro e mais dinheiro. Discordo, pois em 2010 o PSDB teve a melhor marquetagem de todas com o apoio descarado da gigantesca máquina midiática brasileira. E teve tanto dinheiro quanto o PT.
Essa mentalidade da esquerda mais radical é ainda pior do que a da mídia e da oposição conservadoras, pois parte do princípio de que o povo brasileiro é composto por uma imensa maioria de débeis mentais manipuláveis que podem ser convencidos de que o país está melhorando quando, na verdade, continua o mesmo.
O PT é igual ao PSDB quando só permite leilões para exploração de petróleo nos campos do pré-sal via concessão apenas em áreas em que não há descoberta de petróleo, mas que estabeleceu o sistema de partilha para as áreas do pré-sal em que já se sabe haver petróleo?
Em 2010, o PSDB, via seu candidato José Serra, chegou a prometer a donos de multinacionais do setor de petróleo que, caso vencesse a eleição presidencial, entregaria sob regime de concessão até os campos do pré-sal em que já se sabia haver petróleo. Ou seja: as multinacionais chegariam lá, recolheriam petróleo que a Petrobrás descobriu e correriam para o abraço.
Com Lula e Dilma, empresas de petróleo só poderão explorar campos do pré-sal e ficar com a parte do leão do que extraírem se forem áreas em que ainda não foram localizadas as jazidas, apesar de ser provável que existam.
O PT é igual ao PSDB quando reduz fortemente (em até 30%) o preço da energia elétrica? Sim, Dilma fez isso devido a que o preço anterior não podia ser mais cobrado porque embutia amortização do custo de construção das hidrelétricas e tal custo já foi pago há muito. O PSDB criticou duramente e tentou até sabotar a medida.
O PT é igual ao PSDB quando cria uma política de cotas para negros nas universidades, que a oposição e a mídia combatem furiosamente mas que permitirá até que comecemos a ver médicos negros no país?
O PT é igual ao PSDB quando reduz os juros colocando bancos públicos para liderarem as quedas nas taxas? Claro que não. Dilma atraiu a ira da banca, que colocou até a dona do Itaú para militar politicamente na oposição, ao lado de Marina Silva.
O PT é igual ao PSDB ao criar o programa Mais Médicos, que atraiu a ira da elite com plano de saúde? É ao PT que estão se filiando os médicos brasileiros que chamam médicos estrangeiros negros de escravos? Não, é ao PSDB e ao DEM.
Poderia ficar horas elencando as diferenças do PT para o PSDB. E, Quanto ao PSB, a entrada de Marina – a tchutchuca dos mercados financeiros – no partido o nivelou ao PSDB.
Na última quarta-feira, soube-se da criação de mais de 200 mil empregos formais em setembro. Empregos com carteira assinada e com salários cada vez melhores, pois quanto mais empregos se criam mais se desequilibra a balança da oferta e da procura e, com menos desempregados, os salários sobem.
Só quem não viveu no país até 2003 ou quem se dispõe a mentir descaradamente é capaz de ignorar o que significa a criação de empregos e a melhora dos salários e da renda do brasileiro em geral enquanto a economia permanece quase impassível diante da crise internacional, enquanto se prepara para surpreender no PIB em 2014, como fez em 2010.
A única diferença de 2014 para 2010, portanto, não está nas condições da situação, mas nas da oposição. À diferença de 2010, desta vez a oposição não terá um nome “forte” como José Serra. Aécio, Marina e Eduardo Campos patinam.
Pesquisa Vox Populi divulgada nesta semana mostra, aliás, que até no ramo das pesquisas eleitorais teremos um 2014 igual a 2010. A pesquisa em questão mostrou que nas últimas semanas só Dilma cresceu, enquanto Aécio, Marina e Eduardo Campos perderam intenções de voto. Assim, a pesquisa VP contrariou o último Datafolha, que mostrava todos crescendo.
Será que, mais uma vez, o Movimento dos Sem Mídia terá que representar à Procuradoria Geral Eleitoral para que instale investigação sobre as pesquisas na Polícia Federal, como fez em 2010? Aliás, vale lembrar que a medida, naquele ano, teve efeito muito positivo sobre as pesquisas, que pararam de brigar entre si logo depois de a investigação ter sido aberta.
Tais previsões apostam em fenômeno sobre a mentalidade nacional que, convenhamos, não pode ser totalmente negado: a proverbial falta de memória do brasileiro. Assim, seríamos incapazes de nos lembrar de que as apostas que estão sendo feitas hoje pelos que querem retomar o poder emulam, quase fidedignamente, as das três eleições anteriores.
Tanto à direita quanto à esquerda do PT ressurgem as mesmas ladainhas que pretendem “explicar” por que nunca antes houve chance tão boa de derrotar o partido quanto a que cairá do céu no ano que vem. A mesma lengalenga sobre crescimento econômico e inflação, pela direita, e sobre rendição ao neoliberalismo, pela esquerda.
Começando pela direita e por sua aposta já decenal em escândalos de corrupção (só do PT, claro) e em críticas à macroeconomia petista. O crescimento do PIB e a inflação, assim como no ano pré-eleitoral de 2009, estão sendo apresentados pela grande imprensa oposicionista e pela oposição como o grande inimigo da reeleição de Dilma Rousseff.
Assim como em 2009, o crescimento do nível de emprego e o da renda média dos brasileiros estão sendo apresentados como próximos do esgotamento, tratados como desimportantes diante da importância da evolução do PIB e de se reduzir algo como um mísero ponto percentual na taxa de inflação, de modo a que fique no centro da meta para este ano.
Sobre o “pibinho”, a discurseira oposicionista-midiática de 2010 é a mesma de 2009, também um ano pré-eleitoral como 2013. Havia oposta da oposição – ou de José Serra e Marina Silva – de que à recessão formal daquele ano (a economia brasileira retrocedeu 0,3% em 2009) juntar-se-ia um crescimento medíocre em 2010 e a economia derrotaria o “poste” de Lula.
A inflação, apesar de ter ficado no centro da meta em 2009, era apresentada como ascendente. O viés alarmista do noticiário não errou totalmente. De fato, em 2010 a inflação chegou a 5,91% (no IPCA), portanto fora do centro da meta de 4,5% e próxima do teto de 6,5%.
É o que deverá ocorrer em 2013. Teremos inflação mais próxima do teto do que do centro da meta e, ano que vem, aposta-se que haverá um replay do ritmo da inflação. Ou seja: nada muito diferente de 2010.
Também no crescimento, não se vislumbra grande diferença de 2014 para 2010. Poderemos não crescer 7,5% como em 2014, mas estamos conseguindo ter um ano pré-eleitoral melhor do que o que antecedeu 2010. Em 2009 a economia recuou 0,3% e este ano deve crescer de 2 a 2,5 por cento. Ou seja: entraremos em 2014 crescendo bem mais do que entramos em 2010.
Como se vê, a oposição ao PT pela direita (mídia, PSDB, DEM e, agora, PSB, com a filiação da ultraconservadora Marina Silva) continua não conseguindo enxergar a razão pela qual o mesmo PT tem se mantido no poder desde que venceu a eleição presidencial de 2002. E o mesmo acontece com a oposição pela esquerda, que se resume ao PSOL, ao PSTU e ao PCO.
Todos esses partidos, à direita e à esquerda do PT, emulam o discurso da grande mídia e desprezam as conquistas que o país obteve ao longo dos últimos dez anos. Desprezam o forte nível de emprego, a renda média crescente, a redução da pobreza e da miséria e a crescente importância do Brasil no cenário internacional.
Um teórico do PSOL chegou a escrever, recentemente, que o governo do PT é igual ao do PSDB e que, ano que vem, ganhará a eleição quem tiver melhor marqueteiro e mais dinheiro. Discordo, pois em 2010 o PSDB teve a melhor marquetagem de todas com o apoio descarado da gigantesca máquina midiática brasileira. E teve tanto dinheiro quanto o PT.
Essa mentalidade da esquerda mais radical é ainda pior do que a da mídia e da oposição conservadoras, pois parte do princípio de que o povo brasileiro é composto por uma imensa maioria de débeis mentais manipuláveis que podem ser convencidos de que o país está melhorando quando, na verdade, continua o mesmo.
O PT é igual ao PSDB quando só permite leilões para exploração de petróleo nos campos do pré-sal via concessão apenas em áreas em que não há descoberta de petróleo, mas que estabeleceu o sistema de partilha para as áreas do pré-sal em que já se sabe haver petróleo?
Em 2010, o PSDB, via seu candidato José Serra, chegou a prometer a donos de multinacionais do setor de petróleo que, caso vencesse a eleição presidencial, entregaria sob regime de concessão até os campos do pré-sal em que já se sabia haver petróleo. Ou seja: as multinacionais chegariam lá, recolheriam petróleo que a Petrobrás descobriu e correriam para o abraço.
Com Lula e Dilma, empresas de petróleo só poderão explorar campos do pré-sal e ficar com a parte do leão do que extraírem se forem áreas em que ainda não foram localizadas as jazidas, apesar de ser provável que existam.
O PT é igual ao PSDB quando reduz fortemente (em até 30%) o preço da energia elétrica? Sim, Dilma fez isso devido a que o preço anterior não podia ser mais cobrado porque embutia amortização do custo de construção das hidrelétricas e tal custo já foi pago há muito. O PSDB criticou duramente e tentou até sabotar a medida.
O PT é igual ao PSDB quando cria uma política de cotas para negros nas universidades, que a oposição e a mídia combatem furiosamente mas que permitirá até que comecemos a ver médicos negros no país?
O PT é igual ao PSDB quando reduz os juros colocando bancos públicos para liderarem as quedas nas taxas? Claro que não. Dilma atraiu a ira da banca, que colocou até a dona do Itaú para militar politicamente na oposição, ao lado de Marina Silva.
O PT é igual ao PSDB ao criar o programa Mais Médicos, que atraiu a ira da elite com plano de saúde? É ao PT que estão se filiando os médicos brasileiros que chamam médicos estrangeiros negros de escravos? Não, é ao PSDB e ao DEM.
Poderia ficar horas elencando as diferenças do PT para o PSDB. E, Quanto ao PSB, a entrada de Marina – a tchutchuca dos mercados financeiros – no partido o nivelou ao PSDB.
Na última quarta-feira, soube-se da criação de mais de 200 mil empregos formais em setembro. Empregos com carteira assinada e com salários cada vez melhores, pois quanto mais empregos se criam mais se desequilibra a balança da oferta e da procura e, com menos desempregados, os salários sobem.
Só quem não viveu no país até 2003 ou quem se dispõe a mentir descaradamente é capaz de ignorar o que significa a criação de empregos e a melhora dos salários e da renda do brasileiro em geral enquanto a economia permanece quase impassível diante da crise internacional, enquanto se prepara para surpreender no PIB em 2014, como fez em 2010.
A única diferença de 2014 para 2010, portanto, não está nas condições da situação, mas nas da oposição. À diferença de 2010, desta vez a oposição não terá um nome “forte” como José Serra. Aécio, Marina e Eduardo Campos patinam.
Pesquisa Vox Populi divulgada nesta semana mostra, aliás, que até no ramo das pesquisas eleitorais teremos um 2014 igual a 2010. A pesquisa em questão mostrou que nas últimas semanas só Dilma cresceu, enquanto Aécio, Marina e Eduardo Campos perderam intenções de voto. Assim, a pesquisa VP contrariou o último Datafolha, que mostrava todos crescendo.
Será que, mais uma vez, o Movimento dos Sem Mídia terá que representar à Procuradoria Geral Eleitoral para que instale investigação sobre as pesquisas na Polícia Federal, como fez em 2010? Aliás, vale lembrar que a medida, naquele ano, teve efeito muito positivo sobre as pesquisas, que pararam de brigar entre si logo depois de a investigação ter sido aberta.
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