Por Adilson Araújo, no sítio da CTB:
O Brasil retornou à condição nada honrosa de campeão mundial dos juros altos depois que o Comitê de Política Econômica do Banco Central decidiu elevar a taxa Selic para 9,5% ao ano na noite da última quarta-feira, 9. Em termos reais, ou seja, depois de descontada a inflação, a taxa básica é de 3,5%, a maior do planeta.
Trata-se de mais uma péssima notícia para quem trabalha e produz. Juros altos inibem os investimentos, a produção e o consumo. A decisão, adotada a pretexto de controlar a inflação, é uma ducha de água fria nas esperanças de recuperação da economia, afetando especialmente a atividade industrial e estimulando, com isto, o processo em curso de desindustrialização.
Outro efeito perverso é o crescimento dos encargos da dívida pública, cujo pagamento requer cortes dramáticos nos investimentos em saúde, educação e infraestrutura. Estima-se que a cada aumento de 1% na Selic as despesas com juros sobem de R$ 12 a R$ 13 bilhões. Quem lucra com isto são os banqueiros e grandes especuladores, inclusive os estrangeiros que são atraídos pela perspectiva de ganho robusto, seguro e fácil ao captar recursos praticamente a custo zero nos EUA e outras praças para investir aqui a 9,5%.
Dados do IBGE indicam que o nível de emprego na indústria brasileira recuou 0,6% em agosto em relação a julho, a quarta queda consecutiva. A folha de pagamentos caiu 2,5% no mesmo período. O quadro pode piorar com o aumento dos juros, que segundo os empresários anulou os efeitos positivos da desvalorização do real para o setor.
O comunicado emitido pelo Banco Central indica que as rodadas de aumento dos juros, iniciadas em abril quando a Selic estava em 7,25%, vão continuar e predomina entre os analistas a conclusão de que até o fim do ano teremos uma taxa de dois dígitos. É uma orientação conservadora, submissa aos interesses da oligarquia financeira e contrária aos anseios dos brasileiros e das brasileiras.
As pressões neoliberais no sentido de impor o receituário recessivo foram ampliadas pelas recomendações do malfadado FMI para o aperto das contas públicas, que significa novos cortes em gastos e investimentos públicos em detrimento das reivindicações dos movimentos sociais e das jornadas de junho por saúde, educação e transporte público de qualidade.
O palpite infeliz desta instituição, que representa os interesses da banca internacional e das grandes potências capitalistas (EUA e UE), deve ser condenado e rechaçado com energia e indignação. Os pacotes do FMI elevaram a taxa de desemprego a quase 30% na Grécia e a cerca de 20% em Portugal, além de desmantelar os serviços públicos de saúde e educação, levando milhões de trabalhadores e trabalhadoras ao desespero.
Nosso caminho é o oposto do indicado pelo FMI ou pela Carta ao Povo Brasileiro de 2002. A CTB, ao lado das demais centrais, alerta a classe trabalhadora e o povo brasileiro para a necessidade de intensificar a mobilização e a luta pela mudança da política econômica, a redução substancial da taxa de juros, o fim do superávit primário, o controle do câmbio, do fluxo de capitais e das remessas de lucros. Sem isto, o Brasil não avança na direção de um novo projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho, democracia e soberania.
* Adílson Araújo é presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
O Brasil retornou à condição nada honrosa de campeão mundial dos juros altos depois que o Comitê de Política Econômica do Banco Central decidiu elevar a taxa Selic para 9,5% ao ano na noite da última quarta-feira, 9. Em termos reais, ou seja, depois de descontada a inflação, a taxa básica é de 3,5%, a maior do planeta.
Trata-se de mais uma péssima notícia para quem trabalha e produz. Juros altos inibem os investimentos, a produção e o consumo. A decisão, adotada a pretexto de controlar a inflação, é uma ducha de água fria nas esperanças de recuperação da economia, afetando especialmente a atividade industrial e estimulando, com isto, o processo em curso de desindustrialização.
Outro efeito perverso é o crescimento dos encargos da dívida pública, cujo pagamento requer cortes dramáticos nos investimentos em saúde, educação e infraestrutura. Estima-se que a cada aumento de 1% na Selic as despesas com juros sobem de R$ 12 a R$ 13 bilhões. Quem lucra com isto são os banqueiros e grandes especuladores, inclusive os estrangeiros que são atraídos pela perspectiva de ganho robusto, seguro e fácil ao captar recursos praticamente a custo zero nos EUA e outras praças para investir aqui a 9,5%.
Dados do IBGE indicam que o nível de emprego na indústria brasileira recuou 0,6% em agosto em relação a julho, a quarta queda consecutiva. A folha de pagamentos caiu 2,5% no mesmo período. O quadro pode piorar com o aumento dos juros, que segundo os empresários anulou os efeitos positivos da desvalorização do real para o setor.
O comunicado emitido pelo Banco Central indica que as rodadas de aumento dos juros, iniciadas em abril quando a Selic estava em 7,25%, vão continuar e predomina entre os analistas a conclusão de que até o fim do ano teremos uma taxa de dois dígitos. É uma orientação conservadora, submissa aos interesses da oligarquia financeira e contrária aos anseios dos brasileiros e das brasileiras.
As pressões neoliberais no sentido de impor o receituário recessivo foram ampliadas pelas recomendações do malfadado FMI para o aperto das contas públicas, que significa novos cortes em gastos e investimentos públicos em detrimento das reivindicações dos movimentos sociais e das jornadas de junho por saúde, educação e transporte público de qualidade.
O palpite infeliz desta instituição, que representa os interesses da banca internacional e das grandes potências capitalistas (EUA e UE), deve ser condenado e rechaçado com energia e indignação. Os pacotes do FMI elevaram a taxa de desemprego a quase 30% na Grécia e a cerca de 20% em Portugal, além de desmantelar os serviços públicos de saúde e educação, levando milhões de trabalhadores e trabalhadoras ao desespero.
Nosso caminho é o oposto do indicado pelo FMI ou pela Carta ao Povo Brasileiro de 2002. A CTB, ao lado das demais centrais, alerta a classe trabalhadora e o povo brasileiro para a necessidade de intensificar a mobilização e a luta pela mudança da política econômica, a redução substancial da taxa de juros, o fim do superávit primário, o controle do câmbio, do fluxo de capitais e das remessas de lucros. Sem isto, o Brasil não avança na direção de um novo projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho, democracia e soberania.
* Adílson Araújo é presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Bom. No BB estão dizendo aos clientes que certamente a taxa vai voltar ao "normal" antes do final do ano. Como podem ter tanta certeza
ResponderExcluir? Só sei que estão acertando.