Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa:
Os jornais de terça-feira (19/11) publicam resultado de nova pesquisa de intenção de voto feita pelo Ibope, registrando que a presidente Dilma Rousseff ampliou a vantagem sobre seus prováveis adversários, e seria reeleita no primeiro turno contra qualquer outro candidato entre aqueles que a imprensa considera como tais. Mas a consulta não leva em conta a eventual entrada do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, na disputa.
Pelo menos para um dos articulistas que acompanham os aspectos políticos, e não apenas jurídicos, do julgamento da Ação Penal 470, há sinais de que Barbosa está administrando cuidadosamente a reputação que lhe tem proporcionado o papel de condutor do processo. Janio de Freitas, na Folha de S. Paulo, interpreta o ataque de Barbosa, durante a sessão do STF na quarta-feira (13/11), ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como uma defesa da primazia de capitalizar a iniciativa de mandar para a cadeia personagens importantes da política.
Janot havia encaminhado na véspera uma recomendação de prisão imediata de doze dos condenados. Barbosa não gostou da concorrência. O presidente do STF despachou a petição do procurador sem ter lido, porque já tinha preparado os mandados de prisão para o feriado de 15 de novembro, data da Proclamação da República. Pretendeu reservar para si o crédito pela prisão dos condenados, mesmo daqueles que tinham direito ao regime semiaberto, para aproveitar a data histórica e oferecer à imprensa um valor simbólico adicional ao seu ato.
Mas, como observa o articulista, ao atacar o procurador-geral por haver apanhado uma carona no fato histórico, Barbosa deixou clara a estratégia de se manter em evidência, o que só se explica se ele estiver acalentando sonhos grandiosos para 2014.
O episódio não interfere nos aspectos jurídicos da decisão de enviar alguns dos mais importantes protagonistas do escândalo para uma prisão em Brasília, aspecto bastante discutido por especialistas, a não ser pelo fato de o presidente da Corte ter despachado um documento que não havia lido.
Observamos, aqui, como os acontecimentos são trabalhados pela imprensa e analisamos as simbologias presentes no processo comunicacional.
Estritamente nesse sentido, pode-se afirmar que todas as atitudes do presidente do Supremo Tribunal Federal apontam para a hipótese de Joaquim Barbosa estar cultivando um espaço no eleitorado para disputar a presidência da República no ano que vem.
Em busca de um candidato
Sabemos que não há inocentes na política nem na imprensa. Também não é recomendável que o leitor ou leitora compre pelo valor de face tudo que é apresentado como resultado de pesquisa eleitoral: sempre há mais de uma maneira de interpretar os dados estatísticos. Nessa última versão do Ibope, por exemplo, observe-se o título na primeira página do Estado de S.Paulo, que encomendou a consulta em parceria com o Globo: “Dilma amplia vantagem, mas brasileiro fala em mudança”.
Ora, nenhum dos candidatos da oposição já colocados, nem mesmo a ex-senadora e ex-ministra Marina Silva, personifica esse desejo captado pela pesquisa. Fica, então, implantada no subconsciente do cidadão a possibilidade implícita no noticiário: o eleitorado aprova o governo da presidente Dilma Rousseff, a maioria votaria nela, mas dois a cada três brasileiros gostariam de uma mudança no governo. A análise que acompanha a reportagem no jornal paulista afirma que nenhum dos candidatos de oposição personifica esse desejo de mudar.
Com seu intempestivo protagonismo ao longo do julgamento da Ação Penal 470, que a imprensa utiliza para construir sua imagem de super-herói, o ministro Joaquim Barbosa se apresenta mais como candidato a um cargo político do que como jurista. Seu perfil se assemelha progressivamente ao do falecido ex-presidente Jânio Quadros, cuja renúncia abriu caminho para a ditadura militar.
Como se diz das oportunidades, o cavalo passa diante dele, devidamente encilhado, e a imprensa precisa cultivar rapidamente a figura do agente de mudanças que a oposição não foi capaz de criar.
No atual cenário, só o presidente da Suprema Corte teria esse perfil. Mas o temperamento de Barbosa não aconselha grandes apostas. Sua capa preta apenas aumenta a zona de sombra no cenário político.
Os jornais de terça-feira (19/11) publicam resultado de nova pesquisa de intenção de voto feita pelo Ibope, registrando que a presidente Dilma Rousseff ampliou a vantagem sobre seus prováveis adversários, e seria reeleita no primeiro turno contra qualquer outro candidato entre aqueles que a imprensa considera como tais. Mas a consulta não leva em conta a eventual entrada do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, na disputa.
Pelo menos para um dos articulistas que acompanham os aspectos políticos, e não apenas jurídicos, do julgamento da Ação Penal 470, há sinais de que Barbosa está administrando cuidadosamente a reputação que lhe tem proporcionado o papel de condutor do processo. Janio de Freitas, na Folha de S. Paulo, interpreta o ataque de Barbosa, durante a sessão do STF na quarta-feira (13/11), ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como uma defesa da primazia de capitalizar a iniciativa de mandar para a cadeia personagens importantes da política.
Janot havia encaminhado na véspera uma recomendação de prisão imediata de doze dos condenados. Barbosa não gostou da concorrência. O presidente do STF despachou a petição do procurador sem ter lido, porque já tinha preparado os mandados de prisão para o feriado de 15 de novembro, data da Proclamação da República. Pretendeu reservar para si o crédito pela prisão dos condenados, mesmo daqueles que tinham direito ao regime semiaberto, para aproveitar a data histórica e oferecer à imprensa um valor simbólico adicional ao seu ato.
Mas, como observa o articulista, ao atacar o procurador-geral por haver apanhado uma carona no fato histórico, Barbosa deixou clara a estratégia de se manter em evidência, o que só se explica se ele estiver acalentando sonhos grandiosos para 2014.
O episódio não interfere nos aspectos jurídicos da decisão de enviar alguns dos mais importantes protagonistas do escândalo para uma prisão em Brasília, aspecto bastante discutido por especialistas, a não ser pelo fato de o presidente da Corte ter despachado um documento que não havia lido.
Observamos, aqui, como os acontecimentos são trabalhados pela imprensa e analisamos as simbologias presentes no processo comunicacional.
Estritamente nesse sentido, pode-se afirmar que todas as atitudes do presidente do Supremo Tribunal Federal apontam para a hipótese de Joaquim Barbosa estar cultivando um espaço no eleitorado para disputar a presidência da República no ano que vem.
Em busca de um candidato
Sabemos que não há inocentes na política nem na imprensa. Também não é recomendável que o leitor ou leitora compre pelo valor de face tudo que é apresentado como resultado de pesquisa eleitoral: sempre há mais de uma maneira de interpretar os dados estatísticos. Nessa última versão do Ibope, por exemplo, observe-se o título na primeira página do Estado de S.Paulo, que encomendou a consulta em parceria com o Globo: “Dilma amplia vantagem, mas brasileiro fala em mudança”.
Ora, nenhum dos candidatos da oposição já colocados, nem mesmo a ex-senadora e ex-ministra Marina Silva, personifica esse desejo captado pela pesquisa. Fica, então, implantada no subconsciente do cidadão a possibilidade implícita no noticiário: o eleitorado aprova o governo da presidente Dilma Rousseff, a maioria votaria nela, mas dois a cada três brasileiros gostariam de uma mudança no governo. A análise que acompanha a reportagem no jornal paulista afirma que nenhum dos candidatos de oposição personifica esse desejo de mudar.
Com seu intempestivo protagonismo ao longo do julgamento da Ação Penal 470, que a imprensa utiliza para construir sua imagem de super-herói, o ministro Joaquim Barbosa se apresenta mais como candidato a um cargo político do que como jurista. Seu perfil se assemelha progressivamente ao do falecido ex-presidente Jânio Quadros, cuja renúncia abriu caminho para a ditadura militar.
Como se diz das oportunidades, o cavalo passa diante dele, devidamente encilhado, e a imprensa precisa cultivar rapidamente a figura do agente de mudanças que a oposição não foi capaz de criar.
No atual cenário, só o presidente da Suprema Corte teria esse perfil. Mas o temperamento de Barbosa não aconselha grandes apostas. Sua capa preta apenas aumenta a zona de sombra no cenário político.
Ninguém ainda se deu conta da relação da configuração partidária das primeiras prisões e o provável futuro político do Joaquim.
ResponderExcluirO agora carcereiro prendeu primeiro o PT os banqueiros, incluindo o Valério, o mais "odiado" pelo povão e o lamas. Sabedor da doença grave do Genoino, arriscou-se (vai que...) a manda-lo para a jaula pois também sempre foi sabedor da gritaria geral que se seguiria. Liberado Dirceu e Delúbio para regime semi-aberto e Genoino para prisão domiciliar o que impede de desde logo manter o Roberto Jefferson (também doente embora faça motocross) em casa e os demais com direito a regime semi-aberto em seus estados só se apresentando a noite? Detalhe é que Bob Jefferson é quem manda no PTB e Waldemar Costa Neto no PR e tem ainda figurões do PL, legendas de aluguel mas com alguma influência e tempo de TV. Se Joaquim quer sair candidato, por mais superior que se ache (e ultimamente está se achando muito) tem que se abrigar em um partido político e os que sobram para viabilizar uma candidatura são estes e mais uns poucos fraquinhos (não podemos esquecer do Collor que veio pelo PH). Aliás lembra muito o Collor.
Tudo não passa de um plano bem engendrado que serve a divulgação do "caçador de corruptos" ao mandar Dirceu, Delúbio, Genoino doente e os banqueiros para a cadeia e ao mesmo tempo proteger os dirigentes do PTB, PR e PL fora o borra botas do Lamas.
Até gostaria de ver o J & J (Jefferson e Joaquim) lado a lado na TV. Se merecem.