Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Depois dos rojões do lançamento de uma revista, vem o duro contato com a realidade das vendas.
Sabemos todos o que está acontecendo com as revistas. A segunda maior revista de informações do mundo, a Newsweek, está no cemitério, morta por falta de leitores e de anunciantes.
A maior de todas, a Time, aliás a inventora do gênero, foi recentemente desprezada pelo mercado quando seus donos do grupo Time Warner tentaram vendê-la. Ninguém quis comprá-la, simplesmente.
Na era da internet, ninguém lê revistas ou jornais. Ponto. Repare: quando você vê alguém com uma revista ou um jornal na mão, é um idoso ou uma idosa que preferiu não abdicar de um hábito vencido pelo tempo.
Tudo isso posto, poucas coisas mostram mais esse panorama desolador das revistas no Brasil do que uma foto enviada ao DCM por Marcelo, nosso leitor.
A Veja, ignorada pelo público, estava sendo vendida ao chamado preço de banana numa banca no Largo da Carioca, no centro do Rio. Importante: não no meio ou no final da semana, quando está chegando uma nova edição. No começo, quando a revista está tão quente quanto poderia estar no mundo digital.
Lembro, em meus anos de Abril, o esforço épico, e caríssimo, feito para sustentar a carteira de assinantes da Veja na casa de 1 milhão.
Jairo Mendes Leal, meu colega de Exame e depois superintendente da Veja, operava milagres para tentar segurar uma carteira que, deixada a si própria, despencaria espetacularmente. (A real carteira, hoje, deve estar entre 100.000 e 200.000 exemplares.)
O objetivo disso era duplo: primeiro, manter a imagem de revista de grande circulação. Segundo, captar anunciantes, a 70.000 reais a página ou coisa parecida, por causa da carteira inflada.
Quem de nós não conhece alguém que, mesmo sem ter renovado a assinatura, continua a receber a Veja?
São também comuns ações beneficentes feitas com dinheiro público por prefeitos e governadores amigos: eles compram lotes de assinaturas e enviam para escolas estaduais e municipais, onde alunos conectados à internet simplesmente ignoram a revista, logo arremessada intocada à reciclagem.
Com todo o malabarismo, repare que a circulação no final da década de 1980 era a mesma de hoje – com a diferença de que era real.
Maus editores contribuem para o declínio, é verdade, e aí o destaque é, inegavelmente, Eurípides Alcântara, que conseguiu piorar uma revista que já era muito ruim sob seu antecessor, Tales Alvarenga. Mas ainda que a revista fosse tocada por jornalistas como Mino Carta ou JR Guzzo, os que a levaram aos dias de glória, mesmo assim a internet faria seu trabalho assassino.
Quando a posteridade estudar a morte das revistas no Brasil, e particularmente a da Veja, que há 30 anos fez época no jornalismo brasileiro, a imagem acima dirá mais do que qualquer coisa.
Depois dos rojões do lançamento de uma revista, vem o duro contato com a realidade das vendas.
Sabemos todos o que está acontecendo com as revistas. A segunda maior revista de informações do mundo, a Newsweek, está no cemitério, morta por falta de leitores e de anunciantes.
A maior de todas, a Time, aliás a inventora do gênero, foi recentemente desprezada pelo mercado quando seus donos do grupo Time Warner tentaram vendê-la. Ninguém quis comprá-la, simplesmente.
Na era da internet, ninguém lê revistas ou jornais. Ponto. Repare: quando você vê alguém com uma revista ou um jornal na mão, é um idoso ou uma idosa que preferiu não abdicar de um hábito vencido pelo tempo.
Tudo isso posto, poucas coisas mostram mais esse panorama desolador das revistas no Brasil do que uma foto enviada ao DCM por Marcelo, nosso leitor.
A Veja, ignorada pelo público, estava sendo vendida ao chamado preço de banana numa banca no Largo da Carioca, no centro do Rio. Importante: não no meio ou no final da semana, quando está chegando uma nova edição. No começo, quando a revista está tão quente quanto poderia estar no mundo digital.
Lembro, em meus anos de Abril, o esforço épico, e caríssimo, feito para sustentar a carteira de assinantes da Veja na casa de 1 milhão.
Jairo Mendes Leal, meu colega de Exame e depois superintendente da Veja, operava milagres para tentar segurar uma carteira que, deixada a si própria, despencaria espetacularmente. (A real carteira, hoje, deve estar entre 100.000 e 200.000 exemplares.)
O objetivo disso era duplo: primeiro, manter a imagem de revista de grande circulação. Segundo, captar anunciantes, a 70.000 reais a página ou coisa parecida, por causa da carteira inflada.
Quem de nós não conhece alguém que, mesmo sem ter renovado a assinatura, continua a receber a Veja?
São também comuns ações beneficentes feitas com dinheiro público por prefeitos e governadores amigos: eles compram lotes de assinaturas e enviam para escolas estaduais e municipais, onde alunos conectados à internet simplesmente ignoram a revista, logo arremessada intocada à reciclagem.
Com todo o malabarismo, repare que a circulação no final da década de 1980 era a mesma de hoje – com a diferença de que era real.
Maus editores contribuem para o declínio, é verdade, e aí o destaque é, inegavelmente, Eurípides Alcântara, que conseguiu piorar uma revista que já era muito ruim sob seu antecessor, Tales Alvarenga. Mas ainda que a revista fosse tocada por jornalistas como Mino Carta ou JR Guzzo, os que a levaram aos dias de glória, mesmo assim a internet faria seu trabalho assassino.
Quando a posteridade estudar a morte das revistas no Brasil, e particularmente a da Veja, que há 30 anos fez época no jornalismo brasileiro, a imagem acima dirá mais do que qualquer coisa.
Amigo, tem ido as compras? Banana está mais cara que a revista.
ResponderExcluirJá vai tarde:morreu de morte morri=
ResponderExcluirda e merece mesmo é cair no total
esquecimento,antes de cair na cova.
Cada vez que vejo uma capa de Veja com enorme destaque nas bancas de jornal, ou no supermercado tenho vontade de cuspir, ou de queimar. Mas não o faço. Espero que tal lixo midiático continue a agonizar, só pelo prazer de ver o povo comprar bananas e tomates, deixando a defunta revista apodrecer como num lixão desses que poluem o planeta.
ResponderExcluirO virus da raiva é letal, quando ataca não há o que salve: é o que está acontecendo com a raivosa revista da direita não menos. Seu dia chegará!
ResponderExcluirAcho que a VEJA, vende pouco e doa muito. Eu mesma já recebi diversas propostas de promoções da revista gratuita e mesmo recusando eles aumentavam de 6 meses para 1 ano, e oferecem outros produtos no pacote gratuito, eu sempre recuso. No Prédio onde moro (44 apartamentos) 20 assinavam, hoje 8 recebem a maioria gratuitamente. Um jornaleiro do bairro vendia no auge 150 revistas, hoje no máximo vende 30. A maioria pessoas idosas que pensam que estão se informando. O jornaleiro sempre brinca quando chegamos à banca, diz: Separei a Veja pra vocês ... “caímos na risada”. Moramos em Niterói-RJ
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