Por Frei Betto, no sítio da Adital:
As recentes denúncias do jovem Edward Snowden nos permitiram saber que a maior espionagem praticada na história da humanidade é "made in USA”. Os EUA, que consideram a segurança mais importante que a liberdade, e o capital, que os direitos humanos, metem o nariz na vida de pessoas, governos, empresas e instituições.
O governo estadunidense, através de sua Agência Nacional de Segurança (ANS), espionou (ou ainda espiona?) a presidente Dilma e a Petrobrás. Com certeza, fez e fará muito mais.
Para mim, a notícia não constitui nenhuma novidade. Sei, por documentos oficiais obtidos no Arquivo Nacional (Habeas Data), que fui monitorado pelos espiões do regime militar brasileiro, então chamados de arapongas, de junho de 1964, quando me prenderam pela primeira vez, a 1992 – sete anos após o fim da ditadura!
Em agosto de 2003, quando eu trabalhava no Planalto, aparelhos de escuta foram descobertos na sala do presidente Lula. Uma informação governamental vale fortunas. Se acionistas e correntistas sabem, de antemão, que o Banco Central decretará a falência de um banco, isso não tem preço. Quem soube que o presidente Collor confiscaria toda a poupança dos brasileiros, deve estar rindo até hoje da multidão que foi apanhada de surpresa.
A Guerra Fria só não esquentou porque a União Soviética espionava os EUA, assim como os EUA a União Soviética. Com frequência o espião de um lado era trocado por outro que servia à potência inimiga. Não é à toa que a Rússia decidiu conceder asilo a Snowden. Ele sabe demais a respeito da espionagem ianque.
No tempo da máquina de escrever era impossível conhecer o conteúdo da mensagem, a menos que se obtivesse cópia do texto ou se pudesse fotografá-lo. Agora, todos os meios eletrônicos, de computadores a celulares, podem ser "radiografados” pelos serviços de segurança dos EUA. O "Big Brother” sabe tudo que se passa em nossa casa.
Ainda que a Casa Branca apresente desculpas à presidente Dilma, isso não significa que a ANS deixará de rastrear os computadores do Planalto e saber o que, quando e com quem a presidente conversou. Informação é poder – de nos submeter aos interesses do mais poderoso império já existente na história da humanidade.
Apenas uma nação tem conseguido driblar a espionagem estadunidense: Cuba. Isso tanto irrita a Casa Branca que, contrariando todos os princípios do Direito, mantém presos nos EUA os cinco heróis cubanos que tinham por missão evitar atos terroristas preparados sob as barbas de Tio Sam.
Encerro com uma pergunta que não quer calar: por que, em vez de atacar o povo sírio, os EUA não bombardeiam fábricas de armas químicas, como a Combined Systems, localizada na Pensilvânia? Que o digam os vietnamitas atingidos, mortos e deformados pelo "agente laranja” espalhado pelas Forças Armadas dos EUA durante a guerra do Vietnam.
O governo estadunidense, através de sua Agência Nacional de Segurança (ANS), espionou (ou ainda espiona?) a presidente Dilma e a Petrobrás. Com certeza, fez e fará muito mais.
Para mim, a notícia não constitui nenhuma novidade. Sei, por documentos oficiais obtidos no Arquivo Nacional (Habeas Data), que fui monitorado pelos espiões do regime militar brasileiro, então chamados de arapongas, de junho de 1964, quando me prenderam pela primeira vez, a 1992 – sete anos após o fim da ditadura!
Em agosto de 2003, quando eu trabalhava no Planalto, aparelhos de escuta foram descobertos na sala do presidente Lula. Uma informação governamental vale fortunas. Se acionistas e correntistas sabem, de antemão, que o Banco Central decretará a falência de um banco, isso não tem preço. Quem soube que o presidente Collor confiscaria toda a poupança dos brasileiros, deve estar rindo até hoje da multidão que foi apanhada de surpresa.
A Guerra Fria só não esquentou porque a União Soviética espionava os EUA, assim como os EUA a União Soviética. Com frequência o espião de um lado era trocado por outro que servia à potência inimiga. Não é à toa que a Rússia decidiu conceder asilo a Snowden. Ele sabe demais a respeito da espionagem ianque.
No tempo da máquina de escrever era impossível conhecer o conteúdo da mensagem, a menos que se obtivesse cópia do texto ou se pudesse fotografá-lo. Agora, todos os meios eletrônicos, de computadores a celulares, podem ser "radiografados” pelos serviços de segurança dos EUA. O "Big Brother” sabe tudo que se passa em nossa casa.
Ainda que a Casa Branca apresente desculpas à presidente Dilma, isso não significa que a ANS deixará de rastrear os computadores do Planalto e saber o que, quando e com quem a presidente conversou. Informação é poder – de nos submeter aos interesses do mais poderoso império já existente na história da humanidade.
Apenas uma nação tem conseguido driblar a espionagem estadunidense: Cuba. Isso tanto irrita a Casa Branca que, contrariando todos os princípios do Direito, mantém presos nos EUA os cinco heróis cubanos que tinham por missão evitar atos terroristas preparados sob as barbas de Tio Sam.
Encerro com uma pergunta que não quer calar: por que, em vez de atacar o povo sírio, os EUA não bombardeiam fábricas de armas químicas, como a Combined Systems, localizada na Pensilvânia? Que o digam os vietnamitas atingidos, mortos e deformados pelo "agente laranja” espalhado pelas Forças Armadas dos EUA durante a guerra do Vietnam.
Somos, no mundo, todos analfabetos, não importa o grau de intelectualidade, a ponto de vermos o mundo envolvido em ações e questões "Humanitárias" "Democráticas" e no fim que se dane tudo o que realmente importa é o mercado.
ResponderExcluirE o mundo todo, critica, de acordo a batuta do mercado, transparecendo comprometimento humanitário.
Os EUA não espionam Cuba pq lá não tem computador. Lá não tem comida, o que dirá computador......
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