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Cumprindo exatamente o papel que Janio de Freitas, ontem, descreveu estar sendo desempenhado pela mídia, a manchete de hoje da Folha segue o padrão do “tudo vai ficar pior”, mesmo naquilo que jamais foi tão bem na história deste país.
A taxa de desemprego, como todos sabem, é a menor já alcançada pelo Brasil.
Em novembro de 2013, foi de 4,6%.
Em novembro de 2002, último ano da era FHC, era mais de o dobro: 10,9%, com a mesma metodologia usada hoje.
É muito – ou muitíssimo – menor que na esmagadora maioria dos países desenvolvidos. Janio, ontem, ironizou o festejo otimista com que se comemorava a queda da desocupação dos EUA para 7% como sinal de recuperação econômica.
Hoje, porém, a Folha aposta na “chutometria” de economistas do “mercado” de e entidades empresariais para dizer que a “inflação deve fazer desemprego crescer este ano”.
Curioso é que as previsões de inflação são até menores do que as que esperavam em 2013.
E segue o método de análise do “não está tão bom assim e tudo vai ficar pior”.
A queda do desemprego é atribuída ao fato de as pessoas não estarem procurando emprego, o que teria levado a uma taxa de expansão baixa na população empregada: 0,8%.
Nenhuma consideração sobre outros fatores de redução do incremento da população ativa: maior demora na entrada no mercado de trabalho (a pesquisa do IBGE tem idade acima de 10 anos), menor crescimento populacional (ano passado, a população brasileira cresceu apenas 0,9%) e, sobretudo, o fato de que, em análise econômica, desemprego abaixo de 5% é considerado pleno emprego, porque esta é a taxa considerada neutra, que não representa ociosidade, mas rotação em empregos e mesmo situações profissionais e familiares que conduzem ao desinteresse no trabalho remunerado.
O “urubusismo” é tanto que se desconsideram, inclusive, dois fatores óbvios.
O primeiro é que, como em todo ano eleitoral, as obras públicas se aceleram e geram mais demanda de trabalhadores, não apenas os diretos mas os das cadeia de fornecedores que se move para abastece-las.
A segunda é que dizem que nem a Copa e a movimentação turística vá dar impulso ao setor de serviços, grande empregador de mão de obra.
Será?
Será que nem uns empreguinhos de “black blocs” para fazer provocação eleitoreira e tentar melar a Copa vão pintar?
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