Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Um amigo meu, um dos melhores editores que conheço da geração dos 40 anos, me manda um email sobre uma entrevista minha publicada no boletim Jornalistas & Cia, em que Eduardo Ribeiro e equipe mostram as movimentações nas redações.
Falo na entrevista sobre o livro que estou escrevendo sobre jornalismo, chamado Minha Tribo.
O que chama a atenção de meu amigo é meu ponto sobre a pouca importância que se dá, na história do jornalismo brasileiro, aos jornalistas em si. É como se os donos fossem os reais protagonistas, e não os jornalistas.
Uma vez fiz uma comparação. Se você fosse contar a história da literatura russa do século XIX destacaria Tolstoi, Dostoeivski, Turgueniev, Pushkin ou os donos das editoras locais?
O livro Minha Tribo, neste sentido, vai contra a corrente. Os heróis são, essencialmente, jornalistas. (Bem como os anti-heróis.)
Meu amigo quer saber por que o jornalista é subestimado no Brasil. Bem, uma das razões é que há entre nós jornalistas que não cessam de louvar os empresários ao falar da história da imprensa brasileira.
A Folha é um clássico disso.
Um dia, notei um artigo do bom José Geraldo Couto, em que ele atribuía a Seu Frias um clichê de Milton Friedman – “não existe almoço grátis”. Aproveitei este sinal equivocado de idolatria para dizer o quanto Frias é superestimado na Folha e o quanto grandes jornalistas que passaram por lá como José Reis e Mario Mazzei Guimarães são subestimados.
Couto me mandou uma resposta polida. Disse que, no geral, concordava comigo. E afirmou que de tanto ouvir Frias repetir aquele lugar-comum tomou-o como dele.
Clóvis Rossi é o maior propagador das virtudes divinas de Seu Frias como – a quem apelar? – jornalista. Parece que, a cada vez que se fala na Folha e pedem a Rossi um artigo, ele copia e cola suas declarações bajulatórias e absurdamente exageradas sobre Seu Frias.
Sempre é citado um suposto furo de Frias a respeito de um detalhe da doença de Tancredo Neves. Se isso é furo, não sei como definir as ações do WikiLeaks. Era sabido que Tancredo definhava. Era uma agonia pública. Segundo Rossi, Frias disse que era um tumor.
Ora. Isso, se é furo, é um furo de rodapé.
Frias era dono de granja quando comprou a Folha no início dos anos 60 em busca do prestígio que os ovos e as galinhas não lhe davam.
Conseguiu.
O que não dá é para transformá-lo em jornalista, em repórter.
O método mais simples para ver quem é quem é o seguinte: bons jornalistas escreveram e escrevem muitas matérias em que o conteúdo relevante é destacado por uma prosa rica.
O resto é o silêncio.
Que matérias Frias escreveu?
A mesma triagem serve para outro empresário do ramo, o jornalista Roberto Marinho. Existem dúvidas sérias sobre se ele seria capaz de articular um texto pequeno e simples de jornal. Em sua biografia sobre RM, Pedro Bial não desfaz esta dúvida. Roberto Marinho herdou um jornal e, ao ganhar uma concessão de tevê da ditadura em troca de apoio, ergueu um império. Foi um empresário inescrupuloso e, sob sua métrica da acumulação a qualquer preço, bem sucedido.
Mas jornalista?
Quem acredita nisso, como disse Wellington, acredita em tudo.
Um amigo meu, um dos melhores editores que conheço da geração dos 40 anos, me manda um email sobre uma entrevista minha publicada no boletim Jornalistas & Cia, em que Eduardo Ribeiro e equipe mostram as movimentações nas redações.
Falo na entrevista sobre o livro que estou escrevendo sobre jornalismo, chamado Minha Tribo.
O que chama a atenção de meu amigo é meu ponto sobre a pouca importância que se dá, na história do jornalismo brasileiro, aos jornalistas em si. É como se os donos fossem os reais protagonistas, e não os jornalistas.
Uma vez fiz uma comparação. Se você fosse contar a história da literatura russa do século XIX destacaria Tolstoi, Dostoeivski, Turgueniev, Pushkin ou os donos das editoras locais?
O livro Minha Tribo, neste sentido, vai contra a corrente. Os heróis são, essencialmente, jornalistas. (Bem como os anti-heróis.)
Meu amigo quer saber por que o jornalista é subestimado no Brasil. Bem, uma das razões é que há entre nós jornalistas que não cessam de louvar os empresários ao falar da história da imprensa brasileira.
A Folha é um clássico disso.
Um dia, notei um artigo do bom José Geraldo Couto, em que ele atribuía a Seu Frias um clichê de Milton Friedman – “não existe almoço grátis”. Aproveitei este sinal equivocado de idolatria para dizer o quanto Frias é superestimado na Folha e o quanto grandes jornalistas que passaram por lá como José Reis e Mario Mazzei Guimarães são subestimados.
Couto me mandou uma resposta polida. Disse que, no geral, concordava comigo. E afirmou que de tanto ouvir Frias repetir aquele lugar-comum tomou-o como dele.
Clóvis Rossi é o maior propagador das virtudes divinas de Seu Frias como – a quem apelar? – jornalista. Parece que, a cada vez que se fala na Folha e pedem a Rossi um artigo, ele copia e cola suas declarações bajulatórias e absurdamente exageradas sobre Seu Frias.
Sempre é citado um suposto furo de Frias a respeito de um detalhe da doença de Tancredo Neves. Se isso é furo, não sei como definir as ações do WikiLeaks. Era sabido que Tancredo definhava. Era uma agonia pública. Segundo Rossi, Frias disse que era um tumor.
Ora. Isso, se é furo, é um furo de rodapé.
Frias era dono de granja quando comprou a Folha no início dos anos 60 em busca do prestígio que os ovos e as galinhas não lhe davam.
Conseguiu.
O que não dá é para transformá-lo em jornalista, em repórter.
O método mais simples para ver quem é quem é o seguinte: bons jornalistas escreveram e escrevem muitas matérias em que o conteúdo relevante é destacado por uma prosa rica.
O resto é o silêncio.
Que matérias Frias escreveu?
A mesma triagem serve para outro empresário do ramo, o jornalista Roberto Marinho. Existem dúvidas sérias sobre se ele seria capaz de articular um texto pequeno e simples de jornal. Em sua biografia sobre RM, Pedro Bial não desfaz esta dúvida. Roberto Marinho herdou um jornal e, ao ganhar uma concessão de tevê da ditadura em troca de apoio, ergueu um império. Foi um empresário inescrupuloso e, sob sua métrica da acumulação a qualquer preço, bem sucedido.
Mas jornalista?
Quem acredita nisso, como disse Wellington, acredita em tudo.
Apesar de não ser jornalista acre-
ResponderExcluirdito piamente.