Foto: Marcelo Camargo/ABr |
Uma história que não cabe num livro. A não ser que esse livro seja tão grande quanto os sujeitos que sabem escrever sua própria história. E das páginas gigantes de um livro, abertas diante de 15 mil pessoas, saltaram lembranças de uma trajetória singular de luta política e social no Brasil.
Começou oficialmente, nesta manhã de segunda-feira (10/02), o VI Congresso Nacional do MST.
A mística de abertura, sempre um momento muito aguardado pela carga de energia que libera, emocionou as milhares de pessoas que lotaram o ginásio Nilson Nelson, em Brasília.
Homens, mulheres, jovens e crianças, oriundos de 23 estados e o Distrito Federal, mais de 200 convidados internacionais, assistiram ao povo virar as páginas de um processo de rara importância histórica.
Organizada pela coordenação estadual do MST do Paraná, um berço histórico do movimento, a mística envolveu mais de 1.500 participantes e foi dividida em cinco atos. Cada ato era anunciado pela página de um enorme livro, de aproximadamente quatro metros de altura, cujas páginas só eram viradas por meio do esforço coletivo.
Da repressão militar à organização no campo
A história é contada a partir da década 1980, quando o governo militar, nos seus estertores, ainda tenta infligir o povo. Operários e trabalhadores urbanos, indígenas e camponeses sem-terra, no campo e na cidade eclodem em novas organizações. O Estado repressor, com seus militares, do outro lado, tentam se impor. O povo é mais forte, expulsa as forças armadas do poder.
A população do campo volta a se organizar. Nasce o MST, em 1984. Corpos pintados, agora os sujeitos da história escrevem, eles próprios, o seu destino. Sob o lema: “ocupar, resistir e produzir”, os trabalhadores sem-terra passam a romper, literalmente, por meio das ocupações de terra, a cerca do latifúndio. A luta pela reforma agrária é retomada com muita força na agenda política do país.
O MST inaugura uma forma de organização de caráter popular, baseada em quatro pilares fundamentais: direção coletiva, unidade, vínculo com a base e estudo e trabalho. Essa configuração torna o movimento uma referência de luta política. Destemidos, mas temidos pelas forças dominantes.
Luta e resistência
As ocupações de terra, gesto político e ação transformadora. O poder econômico não podia tolerar e a resistência física irrompe por todo o país. Rajadas de metralhadora atingem corações, mas o povo junto sempre de pé: “nossos nervos são de gelo, mas nossos corações vomitam fogo.
Os companheiros que morreram no sangue seguem eternos na lembrança”. Como esquecer os massacres de Carajás, Corumbiara e Felisburgo, ou a luta de companheiros e companheiras como Roseli Nunes, Dorcelina Folador, Fusquinha, Keno, Cícero, Egídio Bruneto e muitos outros e outras...
Solidariedade
A presença de mais de 200 convidados internacionais é um indicativo do apoio, prestígio e, principalmente, solidariedade que o MST desperta em várias partes do mundo, mas também entre outras organizações populares do país. Bandeiras dos países latinoamericanos, africanos, europeus, os povos camponeses articulados em torno da Via Campesina.
O MST reafirma sua luta e vocação internacionalistas como página fundamental de sua história. “A solidariedade é o cimento da construção do nosso movimento, estabelecida com outros povos do Brasil e do mundo. Precisamos dela para enfrentar o capital transnacional do agronegócio e lutar por outro modelo de agricultura”, afirmou na saudação do congresso Diego Moreira, membro da direção nacional do movimento.
Na verdade, o encontro que vai até sexta-feira (14/02), começou mesmo há pelo menos dois anos, com discussões e reflexões que conduziram o principal movimento de massas do país a orientar suas forças em favor da reforma agrária popular, tema do último ato da mística. Que esta reforma agrária popular devolva ao povo os bens mais preciosos do planeta, que não pertencem aos indivíduos: a água, o ar, a terra sadia, as sementes, as florestas. Democratizar o acesso à terra, mas transformar o modelo econômico que destrói a terra.
É dessa forma que o MST se olha e renova e amplia os compromissos com a defesa da soberania alimentar, a produção de alimentos saudáveis, a agroecologia, a preservação da natureza, o direito dos povos indígenas e quilombolas. Igualdade entre homens e mulheres, liberdade para a juventude.
A Presidenta Dilma virou as costas para o maior organização social de esquerda no Brasil,ela como ex guerrilheira não tem noção de como esta organização e importante para fazer frente ao ataque da direita com seu aparato armado,A presidenta não tem ideía da forças dos movimentos sociais,principalmente do MST,acaso nós tivéssemos um MST em 1964 a nossa História seria bem outra,talves teriamos uma democracia real e total,e não sería esta democracia meia boca, a que nós temos hoje.
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