quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O massacre de Marcelo Freixo pela Globo

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

“Estagiário de advogado diz que ativista afirmou que homem que acendeu rojão era ligado ao deputado estadual Marcelo Freixo”

Um dos piores títulos da história do jornalismo foi o ponto de partida para o massacre do deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL do Rio. Desde a tragédia com o cinegrafista Santiago Andrade, a Globo passou a apostar numa caçada que, aparentemente, só terá fim com outra tragédia.

O advogado do título é Jonas Tadeu, que representa os dois envolvidos no lançamento do artefato que vitimou Santiago - Fábio Raposo e Caio Silva de Souza. Tadeu, que está se esbaldando em seus 15 minutos de fama, declarou que uma militante apelidada Sininho teria oferecido auxílio jurídico a Raposo em nome de Freixo.

Freixo, para todos os efeitos, é um dos envolvidos na morte de Santiago.

Jonas Tadeu pediu desculpas depois, no rádio, “por ter sido levado pela emoção e pelo desequilíbrio”. Mas a máquina do jornalismo declaratório e difamatório já estava rodando. (Tadeu também contou que seus clientes receberam, cada um, 150 reais para protestar. Evidentemente, avisou que não tem como saber de quem e nem como provar. Mas a “revelação” virou manchete e as ilações também).

Publicou-se que o assessor parlamentar de Freixo, Thiago de Souza Melo, comanda uma ONG que presta assessoria jurídica para pessoas presas nos protestos. Uma delas foi Fábio Raposo. Donde conclui-se o quê? Ou essas pessoas não têm direito a advogado?

No meio de declarações e desmentidos a esmo, na pressa de apontar o dedo, Freixo já está sendo vendido como co-responsável pelo que aconteceu a Santiago. Ele lembrou que Jonas Tadeu defendeu o ex-deputado Natalino Guimarães, investigado na CPI das Milícias, da qual Freixo foi presidente. Em situações normais, esse dado bastaria para que as acusações de Tadeu fossem encaradas com todo o cuidado.

Mas esta não é uma situação normal. Em sua cavalgada, o Globo também publicou que a mãe de Raposo “achava” que o filho “conhecia” o deputado, mas “não tem certeza” porque “não morava com ele”. Ora, se ela não tem certeza, se não morava com ele, como é que uma suposição tão frágil vai parar no jornal?

O porquê da campanha contra Freixo ainda precisa ser esclarecido. Ele mesmo pouco falou a respeito. Mas, no site Viomundo, referiu-se ao poder da Globo no Rio de Janeiro.

“A Rede Globo trata dessa cidade como grandes negócios. Ela é sócia, mesmo, inclusive nos negócios efetivados. A Fundação Roberto Marinho tem uma série de negócios com a secretaria de Educação, tanto do Estado quanto do Município. Isso envolve dinheiro, contratos, projetos. A Rede Globo tem, no projeto de cidade, uma cidade que ela defende. E também com um viés muito autoritário.

A possibilidade de debater a cidade, em um lugar onde existe tamanho monopólio de informação, está prejudicado. Você não tem jornais, hoje, no Rio de Janeiro. Você tem fundamentalmente dois jornais, um deles muito pequeno. Então há um monopólio muito forte da informação no Rio. Por isso que as redes sociais, os sites, enfim, se tornaram elementos decisivos para que você possa fazer um debate mais honesto e mais profundo sobre essa concepção de cidade.”


Em outras palavras, o estagiário de alguém teria falado que não tem certeza, mas parece que a Globo tem interesse em transformar Marcelo Freixo no responsável pela violência nos protestos. A mãe de ninguém recebeu uma ligação nesse sentido porque mora sozinha. O tempora, o mores.

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