Por Daniel Dantas Lemos, no blog De olho no discurso:
O assunto do dia é a reedição da Marcha da Família com Deus. Em 1964, quando 200 mil pessoas se reuniram em torno da marcha, aquilo significou uma espécie de aval civil aos planos de derrubada do presidente João Goulart.
Isso me fez pensar em algumas coisas.
Foi o sentimento de uma certa concepção religiosa que motivou aquelas pessoas.
Depois, sob ditadura, os militares tinham poderosos aliados nas igrejas cristãs. Entre presbiterianos e batistas, por exemplo, as presidências denominacionais eram adeptas da política de segurança nacional, capazes de entregar à repressão seus líderes e fiéis críticos ao regime. Muitos, como Rubem Alves, teólogos produtivos e que se opunham à teologia ligada ao regime, foram expulsos de suas igrejas.
Muitos cristãos foram torturados, massacrados, mortos.
Enquanto as igrejas faziam cultos em ações de graça pela "Redentora", fiéis eram perseguidos e desaparecidos.
Isso me faz pensar em Jesus, aquele judeu torturado e executado pelo império Romano em conivência com a liderança religiosa judaica.
Jesus foi morto por sedição. Não apenas isso: foi torturado e massacrado. A liderança religiosa rejeitou suas ideias e concepções teológicas - foi acusado de herege.
Jesus, desse modo, não estava naquela marcha de 64 nem na marcha de hoje. Muito menos, Jesus combinaria com o discurso das igrejas da ditadura em sua defesa. Sua identidade, seja pela mensagem de libertação, seja pela vida - tortura, sofrimento e morte -, se relaciona com cada um que tenha sido perseguido, chamado de subversivo ou herege, torturado, violentado, morto ou desaparecido.
Jesus não estava nas pregações das igrejas, mas pendurava-se em cada pau-de-arara, levava cada choque elétrico, sofria cada violência, cada estupro. Morria com cada jovem que deu sua vida por um país melhor.
Meu pai contava de um de seus torturadores que enquanto aplicava choques nas suas vítimas, lia a Bíblia e falava em Jesus.
Além da perversão doentia, a contradição. Como Jesus, meu pai era violado em sua dignidade por doutores da lei - que, terrivelmente, agiam no nome daquele que sofria com meu pai.
O assunto do dia é a reedição da Marcha da Família com Deus. Em 1964, quando 200 mil pessoas se reuniram em torno da marcha, aquilo significou uma espécie de aval civil aos planos de derrubada do presidente João Goulart.
Isso me fez pensar em algumas coisas.
Foi o sentimento de uma certa concepção religiosa que motivou aquelas pessoas.
Depois, sob ditadura, os militares tinham poderosos aliados nas igrejas cristãs. Entre presbiterianos e batistas, por exemplo, as presidências denominacionais eram adeptas da política de segurança nacional, capazes de entregar à repressão seus líderes e fiéis críticos ao regime. Muitos, como Rubem Alves, teólogos produtivos e que se opunham à teologia ligada ao regime, foram expulsos de suas igrejas.
Muitos cristãos foram torturados, massacrados, mortos.
Enquanto as igrejas faziam cultos em ações de graça pela "Redentora", fiéis eram perseguidos e desaparecidos.
Isso me faz pensar em Jesus, aquele judeu torturado e executado pelo império Romano em conivência com a liderança religiosa judaica.
Jesus foi morto por sedição. Não apenas isso: foi torturado e massacrado. A liderança religiosa rejeitou suas ideias e concepções teológicas - foi acusado de herege.
Jesus, desse modo, não estava naquela marcha de 64 nem na marcha de hoje. Muito menos, Jesus combinaria com o discurso das igrejas da ditadura em sua defesa. Sua identidade, seja pela mensagem de libertação, seja pela vida - tortura, sofrimento e morte -, se relaciona com cada um que tenha sido perseguido, chamado de subversivo ou herege, torturado, violentado, morto ou desaparecido.
Jesus não estava nas pregações das igrejas, mas pendurava-se em cada pau-de-arara, levava cada choque elétrico, sofria cada violência, cada estupro. Morria com cada jovem que deu sua vida por um país melhor.
Meu pai contava de um de seus torturadores que enquanto aplicava choques nas suas vítimas, lia a Bíblia e falava em Jesus.
Além da perversão doentia, a contradição. Como Jesus, meu pai era violado em sua dignidade por doutores da lei - que, terrivelmente, agiam no nome daquele que sofria com meu pai.
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