Por Diego Sartorato, na Rede Brasil Atual:
Os violentos protestos de rua e o boicote ao abastecimento de alimentos na Venezuela não têm necessariamente o objetivo final de criar condições para um golpe contra o presidente Nicolás Maduro, mas sim de criar um descontentamento popular que dure até 2016, quando será possível convocar um referendo para manter ou dispensar o atual governo. O mecanismo, chamado referendo confirmatório (ou revogatório), só pode ser utilizado na metade do mandato do presidente, e foi incluído na Constituição por reforma promovida pelo ex-presidente Hugo Chávez em 2005.
A análise é de Igor Fuser, Gilberto Maringoni (ambos professores da Universidade Federal do ABC), Ricardo Gebrim, da Consulta Popular, e do jornalista Breno Altman, editor do site Opera Mundi. Eles participaram de debate organizado pelo Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, sobre a conjuntura política na Venezuela.
"O que percebemos é que existe um esforço muito grande para para gerar o sentimento de que o governo não funciona sem o Chávez. Querem transformar o Maduro em uma caricatura do chavismo", afirmou Gebrim. Segundo ele, operam nesse sentido uma intensa campanha de boatos pela internet e a divulgação, por meio da imprensa continental, de uma visão distorcida do embate entre governo e oposição na Venezuela.
"Existe um foco muito grande da cobertura jornalística nas universidades, por exemplo, para dar a impressão de que a juventude está contra o processo bolivariano e criar um paralelo com manifestações de rua que acontecem em outros países, no Brasil inclusive. Mas não é verdade", completou.
O protagonismo dos movimentos de estudantes nas imagens geradas pela mídia de oposição ao chavismo deve-se, também, à desigualdade que persiste nas universidades venezuelanas: "Em nome da autonomia universitária, o governo bolivariano não criou sistema de cotas para ampliar a presença de pobres e negros nas universidades, e essas se mantêm como espaços dominados pela elite do país e pela oposição ao governo", afirmou Fuser.
Altman destacou que a situação atual na Venezuela é de "empate" entre as forças políticas do governo e da oposição, e que os protestos buscam construir uma antipatia pelo governo que desequilibre essa relação. "Em números, o apoio ao chavismo é maior, mas a situação é de empate porque o governo se vê em um contexto em que não consegue avançar sua pauta, e a oposição não tem força para restabelecer a ordem anterior", ponderou.
O governo, por outro lado, abriu o diálogo com os partidos da oposição e com o empresariado por um pacto em torno de um programa mínimo, de forma a encerrar as reações violentas contra o governo e enfrentar os problemas econômicos que o país atravessa desde a crise econômica de 2008 e a queda do preço do petróleo. A Conferência Nacional da Paz, realizada nesta quarta-feira (26), só não contou com a participação dos partidos que integram a Mesa de Unidade Democrática (MUD), coalizão contrária ao chavismo.
Os violentos protestos de rua e o boicote ao abastecimento de alimentos na Venezuela não têm necessariamente o objetivo final de criar condições para um golpe contra o presidente Nicolás Maduro, mas sim de criar um descontentamento popular que dure até 2016, quando será possível convocar um referendo para manter ou dispensar o atual governo. O mecanismo, chamado referendo confirmatório (ou revogatório), só pode ser utilizado na metade do mandato do presidente, e foi incluído na Constituição por reforma promovida pelo ex-presidente Hugo Chávez em 2005.
A análise é de Igor Fuser, Gilberto Maringoni (ambos professores da Universidade Federal do ABC), Ricardo Gebrim, da Consulta Popular, e do jornalista Breno Altman, editor do site Opera Mundi. Eles participaram de debate organizado pelo Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, sobre a conjuntura política na Venezuela.
"O que percebemos é que existe um esforço muito grande para para gerar o sentimento de que o governo não funciona sem o Chávez. Querem transformar o Maduro em uma caricatura do chavismo", afirmou Gebrim. Segundo ele, operam nesse sentido uma intensa campanha de boatos pela internet e a divulgação, por meio da imprensa continental, de uma visão distorcida do embate entre governo e oposição na Venezuela.
"Existe um foco muito grande da cobertura jornalística nas universidades, por exemplo, para dar a impressão de que a juventude está contra o processo bolivariano e criar um paralelo com manifestações de rua que acontecem em outros países, no Brasil inclusive. Mas não é verdade", completou.
O protagonismo dos movimentos de estudantes nas imagens geradas pela mídia de oposição ao chavismo deve-se, também, à desigualdade que persiste nas universidades venezuelanas: "Em nome da autonomia universitária, o governo bolivariano não criou sistema de cotas para ampliar a presença de pobres e negros nas universidades, e essas se mantêm como espaços dominados pela elite do país e pela oposição ao governo", afirmou Fuser.
Altman destacou que a situação atual na Venezuela é de "empate" entre as forças políticas do governo e da oposição, e que os protestos buscam construir uma antipatia pelo governo que desequilibre essa relação. "Em números, o apoio ao chavismo é maior, mas a situação é de empate porque o governo se vê em um contexto em que não consegue avançar sua pauta, e a oposição não tem força para restabelecer a ordem anterior", ponderou.
O governo, por outro lado, abriu o diálogo com os partidos da oposição e com o empresariado por um pacto em torno de um programa mínimo, de forma a encerrar as reações violentas contra o governo e enfrentar os problemas econômicos que o país atravessa desde a crise econômica de 2008 e a queda do preço do petróleo. A Conferência Nacional da Paz, realizada nesta quarta-feira (26), só não contou com a participação dos partidos que integram a Mesa de Unidade Democrática (MUD), coalizão contrária ao chavismo.
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