Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
A repórter Júlia Duailibi publicou hoje, no Estadão, uma matéria que, em outro país, seria um escândalo .
Trata de como o governador do maior Estado do País está “cozinhando” eleitoralmente a crise de abastecimento na sexta maior cidade do mundo.
“O Palácio dos Bandeirantes já definiu a estratégia que irá adotar caso haja rodízio de água, leia-se racionamento, antes da eleição de outubro: colocará a Sabesp na linha de frente do processo, atraindo todos os holofotes para a empresa, deixando na penumbra o governador Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição. Na prática, Dilma Pena, presidente da Sabesp, dará a cara a tapa e assumirá todo o processo, principalmente de comunicação, sobre o eventual rodízio: fará os pronunciamentos públicos, tocará as campanhas, dará as entrevistas e declarações sobre o assunto. A política de redução de danos pretende deixar o governador como coadjuvante. É uma tentativa de evitar que, em plena campanha eleitoral, ele fique preso a uma pauta extremamente negativa para quem quer mais quatro anos de mandato".
(…)
“De acordo com os dados levados ao governador, a Sabesp ainda diz que é possível evitar o racionamento até novembro, ou seja, um mês depois da eleição. Data conveniente para os tucanos. “(…)“A Sabesp está controlando a vazão em algumas regiões”, admite um secretário de Alckmin.”
Corajosa matéria.
Mas, na prática, os comentários e editoriais dos jornais trabalham para confundir a população, misturando a falta d’água na Grande São Paulo com um risco de apagão elétrico nacional que está muito, mas muito mais distante.
Aos números, incontestáveis.
No dia 10 de março, o sistema elétrico nacional – que é interligado – tinha água equivalente 114.132 MegaWatt médios , de uma capacidade total de 288.790. Um mês depois, mesmo com um abril escasso de chuvas, tem 117.562 MWm.
Passou, portanto, de 39,7% do total para 40,7%.
Isto, mesmo com o prejuízo causado pela parada de Angra 1 de da Usina de Santo Antônio, com a cheia do Rio Madeira, ambas com retorno à operação previsto para o início de maio.
Ambas – a primeira, por ser termonuclear e a segunda, por estar parada justamente por excesso de água – obviamente, não dependem de chuva e somarão 1,5% à produção diária, aliviando as represas em pior situação.
Já o sistema que abastece metade da população de São Paulo, que não é interligado aos demais, tinha, há um mês, 16% de sua capacidade total. Hoje, tem 12,2% e amanhã baixará para 12%. E isso com um março, como você pode conferir no vídeo da Climatempo, com chuvas até ligeiramente superiores ao normal.
O bombeamento de água morta do fundo dos reservatórios vai adiar, mas não evitar uma crise de gravíssimas proporções, com implicações sobre a vida das pessoas e sobre a economia.
A repórter Júlia Duailibi publicou hoje, no Estadão, uma matéria que, em outro país, seria um escândalo .
Trata de como o governador do maior Estado do País está “cozinhando” eleitoralmente a crise de abastecimento na sexta maior cidade do mundo.
“O Palácio dos Bandeirantes já definiu a estratégia que irá adotar caso haja rodízio de água, leia-se racionamento, antes da eleição de outubro: colocará a Sabesp na linha de frente do processo, atraindo todos os holofotes para a empresa, deixando na penumbra o governador Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição. Na prática, Dilma Pena, presidente da Sabesp, dará a cara a tapa e assumirá todo o processo, principalmente de comunicação, sobre o eventual rodízio: fará os pronunciamentos públicos, tocará as campanhas, dará as entrevistas e declarações sobre o assunto. A política de redução de danos pretende deixar o governador como coadjuvante. É uma tentativa de evitar que, em plena campanha eleitoral, ele fique preso a uma pauta extremamente negativa para quem quer mais quatro anos de mandato".
(…)
“De acordo com os dados levados ao governador, a Sabesp ainda diz que é possível evitar o racionamento até novembro, ou seja, um mês depois da eleição. Data conveniente para os tucanos. “(…)“A Sabesp está controlando a vazão em algumas regiões”, admite um secretário de Alckmin.”
Corajosa matéria.
Mas, na prática, os comentários e editoriais dos jornais trabalham para confundir a população, misturando a falta d’água na Grande São Paulo com um risco de apagão elétrico nacional que está muito, mas muito mais distante.
Aos números, incontestáveis.
No dia 10 de março, o sistema elétrico nacional – que é interligado – tinha água equivalente 114.132 MegaWatt médios , de uma capacidade total de 288.790. Um mês depois, mesmo com um abril escasso de chuvas, tem 117.562 MWm.
Passou, portanto, de 39,7% do total para 40,7%.
Isto, mesmo com o prejuízo causado pela parada de Angra 1 de da Usina de Santo Antônio, com a cheia do Rio Madeira, ambas com retorno à operação previsto para o início de maio.
Ambas – a primeira, por ser termonuclear e a segunda, por estar parada justamente por excesso de água – obviamente, não dependem de chuva e somarão 1,5% à produção diária, aliviando as represas em pior situação.
Já o sistema que abastece metade da população de São Paulo, que não é interligado aos demais, tinha, há um mês, 16% de sua capacidade total. Hoje, tem 12,2% e amanhã baixará para 12%. E isso com um março, como você pode conferir no vídeo da Climatempo, com chuvas até ligeiramente superiores ao normal.
O bombeamento de água morta do fundo dos reservatórios vai adiar, mas não evitar uma crise de gravíssimas proporções, com implicações sobre a vida das pessoas e sobre a economia.
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