Por Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual:
Quem viveu a política do final do século passado e início deste se lembra que não havia manifestação, não havia protesto, sem faixas e gritos "Fora FMI". Desde 2004, o Fundo Monetário Internacional está fora do Brasil, e as pautas de reivindicações dos movimentos sociais passaram a ser outras.
O "Fora FMI" significava o fora às políticas de arrocho impostas pelo órgão em obediência ao chamado Consenso de Washington. Era a versão da época de pedir mais emprego, mais verbas para o desenvolvimento econômico e social, mais verbas para educação e saúde, só que havia consciência de nome e endereço: as medidas amargas impostas pelo FMI.
Aqueles protestos eram semelhantes aos na Europa de hoje contra o arrocho imposto pela Troika (a trinca formada pelo próprio FMI, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia).
Países como a Ucrânia experimentaram recentemente uma onda de protestos, com apoio velado dos Estados Unidos e Europa para derrubar governos eleitos que mantinham boas relações com a Rússia e instalar governos antirrussos e cooperativos com as potências imperialistas ocidentais.
Os protestos contaram com setores da sociedade que iam de neonazistas, paramilitares, ONGs que recebiam verbas ocidentais para conspirar, e gente do povo desavisada, sobretudo jovens, que acreditavam em uma revolução de seu tempo, sem enxergar ao lado de quem estavam lutando e servindo de bucha de canhão para uma elite política e econômica imporem seus interesses alienígenas aos do povo.
Resultado: o FMI está de volta à Ucrânia com suas medidas amargas. Muitos ucranianos agiram como se carregassem faixas "volta FMI" sem saber que faziam isso, por falta de desenvolver uma consciência política crítica abrangente, que tenha uma visão mais ampla do todo.
As grandes manifestações de junho de 2013 no Brasil repetiram um pouco isto, em menor escala e sem o desfecho dramático de lá. Com pautas difusas, e com forte tentativa das oligarquias econômicas junto dos meios de comunicação de massa, tentaram dar um golpe midiático para capturarem para seus interesses neoliberais aquela movimentação popular.
Os movimentos sociais organizados perceberam o golpe, que levaria ao retrocesso, e reorientaram sua tática. Estes movimentos passaram a fazer manifestações com assinatura e pauta definida, para não serem usados pela agenda neoliberal do "volta FMI".
A própria população de boa fé, mesmo sem engajamento em movimentos sociais, que foi às ruas, sentiu que seus interesses legítimos por mais educação, saúde, transporte público e reforma política contra a corrupção com participação popular, estava descambando para desestabilização de suas próprias conquistas, como empregos, elevação da renda, conquista da casa própria, elevação da escolaridade, mais médicos.
Com isso, houve um esvaziamento das manifestações difusas, sem uma pauta. Ninguém queria servir de bucha de canhão para o "volta FMI" oferecido pelos donos de TV e jornais e pelos banqueiros do mercado financeiro.
Se o povo acordou para esta realidade de querer melhorias e não o retrocesso, a agenda do "volta FMI" instalou-se nos comitês de pré-campanha presidencial da oposição. Não por acaso, nos salões fechados, tanto o senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB, como Eduardo Campos, pré-candidato do PSB, acenam para o mercado financeiro, prometendo o arrocho com cortes nas verbas sociais, nos serviços públicos, na previdência e nos investimentos por parte do estado.
O Brasil está em situação econômica privilegiada no cenário internacional, e com uma economia robusta e resistente. Não há a menor possibilidade de precisar ser socorrido por órgãos internacionais. Pelo contrário, hoje o Brasil tem reservas monetárias de sobra e é até credor do FMI. Por isso é até difícil entender porque os dois principais candidatos de oposição se submetem voluntariamente, sem necessidade nenhuma, à agenda do "volta FMI".
Convenhamos que um saldo de US$ 378 bilhões de reservas internacionais que o Brasil dispõe, operado pelo Banco Central, deve despertar a cobiça de muitos banqueiros brasileiros e internacionais. Imagine a farra na forma de lucros privados exorbitantes que a nomeação de um "amigo do mercado" operando no Banco Central poderia produzir? E o risco deste patrimônio ser dilapidado, como ocorreu no governo de Fernando Henrique Cardoso?
Isso sem falar na obsessão privatista das oposições, que pode retirar o dinheiro do petróleo no pré-sal conquistado para a educação e saúde pública, e transferi-lo para lucros privados. E na volta da política do mau negócio, de vender patrimônio público já lucrativo, gerando demissões, em vez de atrair investimentos privados para novos empreendimentos que criam empregos.
Definitivamente, a oposição precisa explicar com transparência quais são as medidas amargas que deseja tomar, quais ministérios pretende fechar, para que a campanha eleitoral não vire propaganda enganosa.
Quem viveu a política do final do século passado e início deste se lembra que não havia manifestação, não havia protesto, sem faixas e gritos "Fora FMI". Desde 2004, o Fundo Monetário Internacional está fora do Brasil, e as pautas de reivindicações dos movimentos sociais passaram a ser outras.
O "Fora FMI" significava o fora às políticas de arrocho impostas pelo órgão em obediência ao chamado Consenso de Washington. Era a versão da época de pedir mais emprego, mais verbas para o desenvolvimento econômico e social, mais verbas para educação e saúde, só que havia consciência de nome e endereço: as medidas amargas impostas pelo FMI.
Aqueles protestos eram semelhantes aos na Europa de hoje contra o arrocho imposto pela Troika (a trinca formada pelo próprio FMI, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia).
Países como a Ucrânia experimentaram recentemente uma onda de protestos, com apoio velado dos Estados Unidos e Europa para derrubar governos eleitos que mantinham boas relações com a Rússia e instalar governos antirrussos e cooperativos com as potências imperialistas ocidentais.
Os protestos contaram com setores da sociedade que iam de neonazistas, paramilitares, ONGs que recebiam verbas ocidentais para conspirar, e gente do povo desavisada, sobretudo jovens, que acreditavam em uma revolução de seu tempo, sem enxergar ao lado de quem estavam lutando e servindo de bucha de canhão para uma elite política e econômica imporem seus interesses alienígenas aos do povo.
Resultado: o FMI está de volta à Ucrânia com suas medidas amargas. Muitos ucranianos agiram como se carregassem faixas "volta FMI" sem saber que faziam isso, por falta de desenvolver uma consciência política crítica abrangente, que tenha uma visão mais ampla do todo.
As grandes manifestações de junho de 2013 no Brasil repetiram um pouco isto, em menor escala e sem o desfecho dramático de lá. Com pautas difusas, e com forte tentativa das oligarquias econômicas junto dos meios de comunicação de massa, tentaram dar um golpe midiático para capturarem para seus interesses neoliberais aquela movimentação popular.
Os movimentos sociais organizados perceberam o golpe, que levaria ao retrocesso, e reorientaram sua tática. Estes movimentos passaram a fazer manifestações com assinatura e pauta definida, para não serem usados pela agenda neoliberal do "volta FMI".
A própria população de boa fé, mesmo sem engajamento em movimentos sociais, que foi às ruas, sentiu que seus interesses legítimos por mais educação, saúde, transporte público e reforma política contra a corrupção com participação popular, estava descambando para desestabilização de suas próprias conquistas, como empregos, elevação da renda, conquista da casa própria, elevação da escolaridade, mais médicos.
Com isso, houve um esvaziamento das manifestações difusas, sem uma pauta. Ninguém queria servir de bucha de canhão para o "volta FMI" oferecido pelos donos de TV e jornais e pelos banqueiros do mercado financeiro.
Se o povo acordou para esta realidade de querer melhorias e não o retrocesso, a agenda do "volta FMI" instalou-se nos comitês de pré-campanha presidencial da oposição. Não por acaso, nos salões fechados, tanto o senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB, como Eduardo Campos, pré-candidato do PSB, acenam para o mercado financeiro, prometendo o arrocho com cortes nas verbas sociais, nos serviços públicos, na previdência e nos investimentos por parte do estado.
O Brasil está em situação econômica privilegiada no cenário internacional, e com uma economia robusta e resistente. Não há a menor possibilidade de precisar ser socorrido por órgãos internacionais. Pelo contrário, hoje o Brasil tem reservas monetárias de sobra e é até credor do FMI. Por isso é até difícil entender porque os dois principais candidatos de oposição se submetem voluntariamente, sem necessidade nenhuma, à agenda do "volta FMI".
Convenhamos que um saldo de US$ 378 bilhões de reservas internacionais que o Brasil dispõe, operado pelo Banco Central, deve despertar a cobiça de muitos banqueiros brasileiros e internacionais. Imagine a farra na forma de lucros privados exorbitantes que a nomeação de um "amigo do mercado" operando no Banco Central poderia produzir? E o risco deste patrimônio ser dilapidado, como ocorreu no governo de Fernando Henrique Cardoso?
Isso sem falar na obsessão privatista das oposições, que pode retirar o dinheiro do petróleo no pré-sal conquistado para a educação e saúde pública, e transferi-lo para lucros privados. E na volta da política do mau negócio, de vender patrimônio público já lucrativo, gerando demissões, em vez de atrair investimentos privados para novos empreendimentos que criam empregos.
Definitivamente, a oposição precisa explicar com transparência quais são as medidas amargas que deseja tomar, quais ministérios pretende fechar, para que a campanha eleitoral não vire propaganda enganosa.
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