Copa revela dengue em São Paulo

Por Altamiro Borges

A Copa do Mundo realmente está fazendo “milagres”, como opinou nesta segunda-feira (23) o site do jornal francês "Le Monde". Durantes meses, a mídia tucana simplesmente escondeu que São Paulo sofria uma epidemia de dengue. Nada ou muito pouco foi escrito ou dito sobre o avanço da doença no Estado mais rico da federação, dominado há quase duas décadas pelo PSDB. No domingo, porém, finalmente a Folha tratou do caso – curiosamente nas páginas do especial “A Copa como ela é”, uma retranca maldosa do jornal para desqualificar a organização do evento e desgastar o governo Dilma. Segundo o título da reportagem, com seu viés terrorista, “Dengue deixa time português em alerta”.

Graças à Copa no Brasil descobrimos que existe uma epidemia de dengue em São Paulo – um “milagre” da nossa mídia! O Estadão, outro veículo tucano, até já tinha publicado umas notinhas sobre o avanço da epidemia, mas sempre focando na capital paulista. Na sua caçada implacável ao prefeito petista Fernando Haddad, o jornal criou um cordão sanitário no restante do estado. Agora, a Folha revela que a seleção portuguesa – melhor informada do que os leitores da Folha – “antes de pegar o voo para o Brasil, colocou na mala dezenas de repelentes e de pulseirinhas contra o mosquito da dengue. A preocupação tem fundamento. A equipe está hospedada em Campinas, que vive a pior epidemia da sua história”.

Ainda segundo a reportagem, o último boletim da prefeitura de Campinas informa que “eram 36.350 infecções confirmadas, mais que o triplo da segunda pior epidemia da cidade, em 2007. O número de confirmações é maior que o das notificações (casos suspeitos) em 22 Estados e no Distrito Federal”. O jornal também descreve a situação da doença em outras cidades de São Paulo. A capital paulista, onde estão as seleções dos EUA e Irã, tem 11.392 casos – quase o dobro do último surto, em 2010. Em Porto Feliz, que hospeda Honduras, há 70 casos – quase quatro vezes o registrado em 2013. Já em Cotia, onde está a equipe da Colômbia, tem 677 casos – cinco vezes o registrado no ano passado.

O diário da famiglia Frias, que nunca deu manchete para a grave epidemia, agora diz que “o pior já passou”. Entrevistado pelo jornal, o biólogo Carlo Fernando Salgueirosa de Andrade afirma que a probabilidade de um jogador de Portugal pegar dengue é pequena. “O pior já passou e está frio em Campinas”. Mesmo assim, ele avalia como necessários os cuidados adotados pela equipe contra o mosquito da dengue. Ainda bem que o selecionado de Portugal não lê a Folha e o restante da mídia tucana de São Paulo.

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