Por Marcos Coimbra, na revista Carta Capital:
A nova pesquisa CartaCapital/Vox Populi é boa para Dilma Rousseff, razoável para Aécio Neves e ruim para Eduardo Campos. Para os demais candidatos, é irrelevante (sua única expectativa na eleição é aparecer).
Ao olhar o conjunto de pesquisas realizadas nos últimos dois meses, é fácil entender o motivo da mais recente ser favorável à presidenta: ela estava na frente e assim permaneceu. Em relação aos resultados da rodada anterior, cujos trabalhos de campo ocorreram no início de abril, Dilma Rousseff manteve-se no patamar de 40%. Aécio Neves cresceu de 16% para 21% e Campos não se mexeu. Tinha 8% e lá ficou, firme como uma rocha.
A pesquisa volta a mostrar uma das características mais curiosas da eleição presidencial deste ano: a estabilidade da estrutura das intenções de voto. Ao contrário das outras disputas desde a redemocratização, nesta não tivemos, ao menos até o momento, qualquer mudança relevante no modo como o eleitorado pretende votar.
Na rodada de setembro de 2013, como em diversas outras feitas à época, Dilma tinha 43%, o tucano alcançava 20% e o pernambucano chegava a 10%. Em matéria de pesquisa eleitoral, é difícil encontrar mais estabilidade em um período tão longo. Nas eleições anteriores, em nove meses, o mundo dava várias voltas. Agora, fica no mesmo lugar.
A resiliência da candidatura da presidenta impressiona quando analisada à luz da situação que ela, seu governo e o PT atravessaram durante os meses de abril e maio. Não apenas inexistiu qualquer fato positivo suficientemente relevante, como se multiplicaram alguns com claro potencial negativo. Sem ir muito longe, basta lembrar que a política anti-inflacionária continuou sob fogo intenso, o crescimento da economia voltou a registrar números baixos e não tivemos novidades expressivas em outras áreas de atuação governamental.
Enquanto isso, as oposições políticas, na sociedade e na mídia fizeram sua festa. A cada dia, um problema novo era atribuído ao governo e mais alto ficava o protesto dos insatisfeitos, a ponto de parecer que o chamamento de “Todos contra Dilma” estava às vésperas de tomar as ruas. Com a adesão de “celebridades” maiores e menores, a oposição achava ter engrossado.
Pois bem, nada de significativo aconteceu com a candidatura de Dilma. Nem sequer houve aumento da rejeição, que foi de 28% a 32%, incremento dentro da margem de erro e, de qualquer forma, pouco expressivo, considerado o momento.
Do lado das candidaturas de oposição houve mudanças. Nenhuma dramática, mas significativas. Se é verdade que o primeiro semestre de 2014 termina com um saldo frustrante para o PSDB, para Campos e seu projeto com Marina Silva chega a ser calamitoso. Com 20% no início de junho, Aécio Neves fica aquém do nível alcançado por seus correligionários desde 1994, em momento parecido. Campos enfrenta, porém, decepção maior.
A aritmética lhe é desfavorável. Na pesquisa de abril, a diferença entre o mineiro e o pernambucano era de 8 pontos porcentuais. Agora, foi a 13. Nada sugere que a candidatura de Campos esteja inviabilizada, mas, se a tendência de polarização PT-PSDB se consolidar, ele não terá espaço.
Em pesquisas qualitativas, vê-se o motivo. Em que pesem suas qualidades, Campos não interessa àqueles que não gostam do PT e querem a derrota de Dilma. E menos ainda a quem prefere a continuidade do “lulopetismo”, do jeito que é ou com mudanças, maiores ou menores, na ação do governo. Sua aposta de “terceira via” tem, até o momento, baixa adesão e perspectiva ruim.
As pesquisas deste começo de junho permitem um balanço da fase que, eufemisticamente, chamamos “pré-campanha”. Como se não estivéssemos em plena guerra eleitoral há muito tempo, mesmo se não declarada oficialmente. Ela dura ainda até o fim do mês, mas termina neste ano de forma antecipada, em razão da Copa do Mundo. De agora até o fim de julho, a janela de interesse para os assuntos político-eleitorais, que não é grande no Brasil, ficará menor.
E logo chegaremos a agosto e ao momento de verdadeira intensificação do processo de tomada de decisão dos eleitores. Quando começar o horário gratuito de propaganda eleitoral, o jogo ficará diferente. Pelo que conhecemos de nossa história, quem mais tende a beneficiar-se dele são as candidaturas à reeleição. Mais ainda quando dispõem de tempo de televisão muito superior àquele dos adversários.
Ao olhar o conjunto de pesquisas realizadas nos últimos dois meses, é fácil entender o motivo da mais recente ser favorável à presidenta: ela estava na frente e assim permaneceu. Em relação aos resultados da rodada anterior, cujos trabalhos de campo ocorreram no início de abril, Dilma Rousseff manteve-se no patamar de 40%. Aécio Neves cresceu de 16% para 21% e Campos não se mexeu. Tinha 8% e lá ficou, firme como uma rocha.
A pesquisa volta a mostrar uma das características mais curiosas da eleição presidencial deste ano: a estabilidade da estrutura das intenções de voto. Ao contrário das outras disputas desde a redemocratização, nesta não tivemos, ao menos até o momento, qualquer mudança relevante no modo como o eleitorado pretende votar.
Na rodada de setembro de 2013, como em diversas outras feitas à época, Dilma tinha 43%, o tucano alcançava 20% e o pernambucano chegava a 10%. Em matéria de pesquisa eleitoral, é difícil encontrar mais estabilidade em um período tão longo. Nas eleições anteriores, em nove meses, o mundo dava várias voltas. Agora, fica no mesmo lugar.
A resiliência da candidatura da presidenta impressiona quando analisada à luz da situação que ela, seu governo e o PT atravessaram durante os meses de abril e maio. Não apenas inexistiu qualquer fato positivo suficientemente relevante, como se multiplicaram alguns com claro potencial negativo. Sem ir muito longe, basta lembrar que a política anti-inflacionária continuou sob fogo intenso, o crescimento da economia voltou a registrar números baixos e não tivemos novidades expressivas em outras áreas de atuação governamental.
Enquanto isso, as oposições políticas, na sociedade e na mídia fizeram sua festa. A cada dia, um problema novo era atribuído ao governo e mais alto ficava o protesto dos insatisfeitos, a ponto de parecer que o chamamento de “Todos contra Dilma” estava às vésperas de tomar as ruas. Com a adesão de “celebridades” maiores e menores, a oposição achava ter engrossado.
Pois bem, nada de significativo aconteceu com a candidatura de Dilma. Nem sequer houve aumento da rejeição, que foi de 28% a 32%, incremento dentro da margem de erro e, de qualquer forma, pouco expressivo, considerado o momento.
Do lado das candidaturas de oposição houve mudanças. Nenhuma dramática, mas significativas. Se é verdade que o primeiro semestre de 2014 termina com um saldo frustrante para o PSDB, para Campos e seu projeto com Marina Silva chega a ser calamitoso. Com 20% no início de junho, Aécio Neves fica aquém do nível alcançado por seus correligionários desde 1994, em momento parecido. Campos enfrenta, porém, decepção maior.
A aritmética lhe é desfavorável. Na pesquisa de abril, a diferença entre o mineiro e o pernambucano era de 8 pontos porcentuais. Agora, foi a 13. Nada sugere que a candidatura de Campos esteja inviabilizada, mas, se a tendência de polarização PT-PSDB se consolidar, ele não terá espaço.
Em pesquisas qualitativas, vê-se o motivo. Em que pesem suas qualidades, Campos não interessa àqueles que não gostam do PT e querem a derrota de Dilma. E menos ainda a quem prefere a continuidade do “lulopetismo”, do jeito que é ou com mudanças, maiores ou menores, na ação do governo. Sua aposta de “terceira via” tem, até o momento, baixa adesão e perspectiva ruim.
As pesquisas deste começo de junho permitem um balanço da fase que, eufemisticamente, chamamos “pré-campanha”. Como se não estivéssemos em plena guerra eleitoral há muito tempo, mesmo se não declarada oficialmente. Ela dura ainda até o fim do mês, mas termina neste ano de forma antecipada, em razão da Copa do Mundo. De agora até o fim de julho, a janela de interesse para os assuntos político-eleitorais, que não é grande no Brasil, ficará menor.
E logo chegaremos a agosto e ao momento de verdadeira intensificação do processo de tomada de decisão dos eleitores. Quando começar o horário gratuito de propaganda eleitoral, o jogo ficará diferente. Pelo que conhecemos de nossa história, quem mais tende a beneficiar-se dele são as candidaturas à reeleição. Mais ainda quando dispõem de tempo de televisão muito superior àquele dos adversários.
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