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O Instituto Datafolha conclui que o ambiente festivo da Copa do Mundo melhora as chances de reeleição da presidente Dilma Rousseff. Os dados coletados na última pesquisa de intenção de voto, publicados na quinta-feira (3/7), mostram basicamente uma interessante oscilação no humor do eleitorado, mas demonstram principalmente que essa volatilidade do espírito afeta escolhas importantes. Eis aí uma oportunidade de ouro para a imprensa.
Na primeira página da Folha de S.Paulo é apresentado em destaque o gráfico que mostra a intenção de voto para presidente da República, onde Dilma Rousseff (PT) aparece com 38%, Aécio Neves (PSDB) tem 20% e Eduardo Campos (PSB) conta com 9%. Ao lado, três textos curtos acrescentam que 76% das pessoas consultadas desaprovaram os xingamentos à presidente na abertura da Copa do Mundo, 60% afirmaram que a organização do Mundial no Brasil provoca orgulho e 65% disseram que os protestos durante a Copa causaram vergonha.
Num resumo superficial, pode-se dizer que o futebol afeta diretamente a política, e que o brasileiro tende a mostrar mais satisfação com o contexto geral do País quando uma paixão nacional como o jogo da bola oferece motivo para contentamento. As multidões de turistas que se movimentam atrás de suas equipes têm produzido nos brasileiros uma sensação esfuziante de pertencimento, de integração com o resto do mundo, a que a maioria dos cidadãos não tem acesso em suas duras rotinas.
Nas análises dos especialistas citados pelo jornal, afirma-se que a Copa mudou o humor da população, e isso beneficiou a presidente que tenta se reeleger. De modo geral, essa constatação estava presente na pesquisa feita pelo Ibope Inteligência sob encomenda da Confederação Nacional da Indústria e divulgada no dia 19 de junho.
A coleta de opiniões do Ibope, feita logo após a abertura oficial da Copa, mostrava uma recuperação ainda mais marcante da presidente, com a percepção geral de que o evento seria um sucesso, desmontando as previsões alarmistas divulgadas pela imprensa nos longos meses que antecederam a festa na arena do Corinthians.
Uma chance para a mídia
A Folha chama de “maracanazo social” a perspectiva de conflitos constatada antes do início da Copa do Mundo e, em sua principal análise, observa que não é principalmente o desempenho da seleção nacional, mas a organização da festa, que tem resgatado o “orgulho de ser brasileiro”. Essa reversão de sentimentos, que acua num canto do quintal os que faziam o coro dos vira-latas, não apenas reduz o negativismo na política, mas principalmente altera para melhor as expectativas com relação à economia.
Um dado interessante, também citado pelo analista, dá uma dimensão mais clara do fenômeno provocado pelo esporte: na intenção de voto espontânea, Dilma Rousseff ganha seis pontos porcentuais em relação à pesquisa anterior do Datafolha – e isso a coloca, em termos proporcionais, num patamar de apoio próximo ao que recebia há um ano. Numa eventual disputa em segundo turno, ela venceria com relativa folga qualquer um de seus potenciais adversários.
Mais do que um conjunto de indicadores sobre a perspectiva das urnas, o resultado da pesquisa Datafolha, analisado em conjunto com a consulta feita pelo Ibope Inteligência, oferece elementos instigantes para quem se interessa em estudar o comportamento coletivo sob influência da mídia.
Como a mudança de humor do brasileiro está mais relacionada à capacidade demonstrada de organizar um evento complexo como uma Copa do Mundo do que ao desempenho da seleção nacional de futebol, tem-se claramente a constatação de que essa reversão não estará oscilando muito no futuro próximo, a depender dos resultados no campo de jogo.
Por que se diz que essa circunstância representa uma oportunidade de ouro para a mídia tradicional? Porque os indicadores revelam que o brasileiro se mobiliza mais rapidamente e com mais efetividade no sentido da esperança e do otimismo do que na direção do pessimismo.
A Copa do Mundo oferece à imprensa a chance de se reconciliar com o povo brasileiro não apenas na torcida de futebol, mas principalmente no campo político, onde a mídia tem estimulado rancor e radicalismo nos últimos anos.
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