Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
Para entender o título: PPP é a sigla que designa em todo o país as Parcerias Público Privadas, investimentos conjuntos de governos e empresas em obras e serviços de interesse de toda a sociedade.
Em Minas, o ex-governador Aécio Neves inovou durante seus oito anos de mandato, criando uma PPP muito particular. No caso dos agora famosos aeródromos reformados no interior do Estado, funciona assim: o poder público entra com a grana, e os donos de jatinhos, sem gastar um tostão, recebem o conforto de uma pista próxima à porteira das suas fazendas. É um programa que pode receber a sigla JAF (Meu Jatinho, Meu Aeroporto, Minha Fazenda).
Antes que completasse uma semana a denúncia feita pela "Folha" sobre a pista de R$ 14 milhões construída pelo governo mineiro na pequena cidade de Cláudio, onde a família do presidenciável tucano possui fazendas bem próximas, surgiu a informação de que um segundo aeródromo foi asfaltado em Montezuma, município ainda menor em que Aécio tem uma empresa agropecuária.
Claro que pode ser tudo mera coincidência, atendendo a todos os requisitos legais, mas o candidato não reagiu bem à primeira pancada que tomou da imprensa na campanha presidencial, e até agora está procurando o eixo para se livrar do incômodo.
"A obra foi feita dentro dos requisitos técnicos do programa de asfaltamento e melhorias dos aeroportos", disse o senador e ex-governador de própria voz, bastante gaguejante, quando saiu a primeira denúncia. Em seguida, procurou sair de cena e deixar as explicações para seus assessores, em notas oficiais e relatórios técnicos divulgados nas redes sociais.
Mais do que a coincidência dos locais escolhidos, chamam a atenção o fato de que até hoje as duas pistas utilizadas por Aécio, parentes e amigos, são consideradas clandestinas, pois não receberam autorização da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), e o alto custo das obras.
A pista asfaltada de Cláudio, construída quando ele era governador, na fazenda do seu tio-avô, Múcio Guimarães Tolentino, ex-prefeito da cidade, tem apenas um quilômetro de extensão, modestas instalações de apoio e atendimento, e é muito pouco utilizada. Segundo Tolentino, que contesta na Justiça a indenização que o governo quer pagar pela área desapropriada, apenas dois empresários costumam usar o aeródromo, duas vezes por semana.
Não se sabe quanto eles pagam pela utilização da pista, já que ela é ilegal e não tem quem possa cobrar. Para evitar a entrada de estranhos, as chaves ficam com a família do presidenciável.
Convenhamos que se trata de uma história no mínimo estranha, para quem começou a campanha fazendo pronunciamentos em defesa da ética na vida pública e ataques aos adversários dos governos petistas. O assunto já está sumindo do noticiário da mídia familiar, mas deve voltar a partir da segunda quinzena de agosto, quando começarem os debates na televisão e os programas eleitorais dos presidenciáveis.
Até lá, quem sabe Aécio Neves encontre alguma explicação mais razoável do que a "relevância econômica" de Cláudio, que possa convencer pelo menos os colunistas e blogueiros amigos para que o defendam com mais argumentos.
Se depender da imprensa, do Poder Judiciário e do Ministério Público de Minas Gerais, no entanto, esqueçam. Não se falará mais em aeródromos do projeto JAF. Mas ficará mais fácil entender o apoio entusiasmado e nada discreto que o candidato do PSDB recebe da grande mídia e do sistema financeiro, para evitar a reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Que o diga o Santander, o bancão espanhol que na semana passada abriu o jogo em ataques à política econômica do governo federal numa carta enviada aos seus clientes mais abonados, mostrando os perigos que eles correm com um possível novo mandato da presidente. E agora é o bancão que corre o risco de perder clientes pela inconfidência de um "analista" sabujo, que já teria sido demitido.
Este é o jogo pesado que está sendo jogado no momento, a pouco mais de dois meses da eleição presidencial. Só não vê quem não quer.
Em Minas, o ex-governador Aécio Neves inovou durante seus oito anos de mandato, criando uma PPP muito particular. No caso dos agora famosos aeródromos reformados no interior do Estado, funciona assim: o poder público entra com a grana, e os donos de jatinhos, sem gastar um tostão, recebem o conforto de uma pista próxima à porteira das suas fazendas. É um programa que pode receber a sigla JAF (Meu Jatinho, Meu Aeroporto, Minha Fazenda).
Antes que completasse uma semana a denúncia feita pela "Folha" sobre a pista de R$ 14 milhões construída pelo governo mineiro na pequena cidade de Cláudio, onde a família do presidenciável tucano possui fazendas bem próximas, surgiu a informação de que um segundo aeródromo foi asfaltado em Montezuma, município ainda menor em que Aécio tem uma empresa agropecuária.
Claro que pode ser tudo mera coincidência, atendendo a todos os requisitos legais, mas o candidato não reagiu bem à primeira pancada que tomou da imprensa na campanha presidencial, e até agora está procurando o eixo para se livrar do incômodo.
"A obra foi feita dentro dos requisitos técnicos do programa de asfaltamento e melhorias dos aeroportos", disse o senador e ex-governador de própria voz, bastante gaguejante, quando saiu a primeira denúncia. Em seguida, procurou sair de cena e deixar as explicações para seus assessores, em notas oficiais e relatórios técnicos divulgados nas redes sociais.
Mais do que a coincidência dos locais escolhidos, chamam a atenção o fato de que até hoje as duas pistas utilizadas por Aécio, parentes e amigos, são consideradas clandestinas, pois não receberam autorização da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), e o alto custo das obras.
A pista asfaltada de Cláudio, construída quando ele era governador, na fazenda do seu tio-avô, Múcio Guimarães Tolentino, ex-prefeito da cidade, tem apenas um quilômetro de extensão, modestas instalações de apoio e atendimento, e é muito pouco utilizada. Segundo Tolentino, que contesta na Justiça a indenização que o governo quer pagar pela área desapropriada, apenas dois empresários costumam usar o aeródromo, duas vezes por semana.
Não se sabe quanto eles pagam pela utilização da pista, já que ela é ilegal e não tem quem possa cobrar. Para evitar a entrada de estranhos, as chaves ficam com a família do presidenciável.
Convenhamos que se trata de uma história no mínimo estranha, para quem começou a campanha fazendo pronunciamentos em defesa da ética na vida pública e ataques aos adversários dos governos petistas. O assunto já está sumindo do noticiário da mídia familiar, mas deve voltar a partir da segunda quinzena de agosto, quando começarem os debates na televisão e os programas eleitorais dos presidenciáveis.
Até lá, quem sabe Aécio Neves encontre alguma explicação mais razoável do que a "relevância econômica" de Cláudio, que possa convencer pelo menos os colunistas e blogueiros amigos para que o defendam com mais argumentos.
Se depender da imprensa, do Poder Judiciário e do Ministério Público de Minas Gerais, no entanto, esqueçam. Não se falará mais em aeródromos do projeto JAF. Mas ficará mais fácil entender o apoio entusiasmado e nada discreto que o candidato do PSDB recebe da grande mídia e do sistema financeiro, para evitar a reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Que o diga o Santander, o bancão espanhol que na semana passada abriu o jogo em ataques à política econômica do governo federal numa carta enviada aos seus clientes mais abonados, mostrando os perigos que eles correm com um possível novo mandato da presidente. E agora é o bancão que corre o risco de perder clientes pela inconfidência de um "analista" sabujo, que já teria sido demitido.
Este é o jogo pesado que está sendo jogado no momento, a pouco mais de dois meses da eleição presidencial. Só não vê quem não quer.
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