segunda-feira, 28 de julho de 2014

FHC só tem credibilidade na mídia

Por Altamiro Borges

FHC deixou o governo, no final de 2002, com um dos piores índices de popularidade da história dos presidentes da República do Brasil. Até hoje, ele é detestado pelos brasileiros. Recente pesquisa do instituto Datafolha apontou que 57% dos entrevistados não votariam, “de jeito nenhum”, num candidato indicado por ele. Mesmo assim, a mídia nativa morre de amores pelo “príncipe da Sorbonne” – o responsável pela implantação do regressivo e destrutivo receituário neoliberal no país, que desmontou o Estado, a nação e o trabalho nos seus oito anos de triste reinado. Neste final de semana, dois veículos da velha imprensa – a revista IstoÉ e o jornal Estadão – voltaram a dar generosos espaços para o ex-presidente.

No Estadão de domingo (27), em entrevista aos jornalistas Alexa Salomão, Gabriel Manzano e Ricardo Grinbaum, o grão-tucano tentou vender a imagem de um político preocupado com a qualidade de vida dos brasileiros. Que o digam os milhões de demitidos e os que perderam renda e direitos trabalhistas durante seu governo. Egocêntrico e vaidoso, ele ainda acha que a “marca” da sua gestão foi a da estabilização da economia. Já a marca da presidente Dilma, esbraveja, seria a de “uma espécie de cabra cega”, em que “nada está funcionando muito bem”. Mas o principal alvo do tucano, numa típica crise de ressentimento e inveja, é o ex-presidente Lula. “Ele é hegemônico, quer tomar conta de tudo”, choraminga.

Já na revista IstoÉ, que foi às bancas no fim de semana, FHC foi ainda mais venenoso. Afirmou que “há uma fadiga em relação ao governo” e que “o PT perdeu a credibilidade”. Na entrevista ao repórter Sérgio Pardellas, ele criticou a mídia, que dá muito espaço à presidenta (sic), o Congresso Nacional, “que ficou muito confinado a ele próprio”, e os sindicatos e movimentos sociais, que foram “aparelhados”. Apesar destes obstáculos, o ex-presidente aposta na unidade tucana – “o PSDB nunca tinha conseguido isso e estamos alcançando agora; uma harmonização grande entre São Paulo e Minas” – e mostra-se confiante numa vitória eleitoral em outubro próximo: 

“A chance de ganhar aumentou. Claro que o aumento da possibilidade de vitória do Aécio decorre dos outros fatores que já elencamos, como o mal-estar no país, o cansaço, os erros de condução da política econômica e, mais recentemente, a quebra de confiança do empresariado no governo... Acho que o eleitor está disposto a ouvir o outro lado porque há uma ruptura de confiança, a economia piorou, há um cansaço e uma fadiga de material. Por isso, considero agora que é provável a vitória do PSDB e de Aécio”. Tanto na entrevista do Estadão como na da IstoÉ, os jornalistas evitaram perguntas mais apimentadas. Nesta última, ainda se falou do “mensalão mineiro” e no “aecioporto”. A resposta foi curiosa.

Para FHC, o julgamento midiático no STF de ex-dirigentes petistas “arranhou muito” a imagem do partido. “O PT perdeu credibilidade. O Lula não perdeu popularidade naquele momento, não sei hoje”. Já no que se refere ao “mensalão mineiro”, o ex-presidente reconhece que o caso “teve pouca repercussão”. Quanto ao “aecioporto”, ele despistou: “O Aécio explicou que a construção se fez em área já desapropriada e pertencente ao Estado de Minas e que seu tio-avô contesta o valor da desapropriação. Se é isso, qual a acusação? Se há denúncia, que haja apuração, mas não creio que isso arranhe a candidatura”. A IstoÉ, porém, não deixou de bajular o ex-presidente. 

“Aos 83 anos, mais de uma década depois de deixar o Planalto e sem qualquer pretensão política, ele se comportou, durante as duas horas de entrevista, como uma figura pública capaz de fazer análises objetivas do momento do País”.

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2 comentários:

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    Obrigado.

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  2. Seria cômico, se não fosse tragicômico.
    Um senhor provecto, com mais de 80 anos, falando tanta besteira, certamente para os já convertidos é de dar pena.
    E a família nem liga, deixando o velhinho por aí, fazendo o papel de ridículo

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