Por Mauro Santayana, em seu blog:
Imaginemos, apenas por uma vez, que o empertigado Phileas Fogg, e seu criado Passepartout, do livro A Volta ao Mundo em 80 dias, fizessem sua viagem agora, e não, como imaginou Júlio Verne, no segundo semestre de 1872.
Em cada cidade em que chegassem, ao adentrar o quarto de hotel, desfazer as malas e mexer no controle remoto, eles certamente se surpreenderiam, ao ver, na estranha tela retangular que chamamos de televisão, fosse qual fosse o país em que estivessem, sempre as mesmas cenas, repetidas, sem cessar, em inglês, ou dubladas e legendadas no idioma local.
Surgida como alternativa à programação da televisão aberta, a TV por assinatura tornou-se, hoje, o retrato mais bem acabado de um mundo culturalmente unipolar, em que as crianças consomem os mesmos desenhos animados, as mulheres vêem os mesmos programas culinários, os homens assistem à mesma programação esportiva, todos riem das mesmas piadas e tem a cabeça feita e as preferências moldadas por documentários e telejornais estabelecidos dentro das mesmas premissas e abordagem política.
Esse processo de imbecilização progressiva já é tão natural, e dura há tantos anos, que, para as novas gerações, que assistem sempre a mesma coisa, com a única diferença de ser apresentada em seu próprio idioma, fica fácil esquecer que toda essa maçaroca, dos animes à “filosofia”, vem de uma mesma origem e obedece a uma mesma estratégia de controle e pasteurização.
O início foi o telégrafo. Depois, veio o rádio. Impossibilitados, pela tecnologia da época, de tomar seu controle globalmente, os Estados Unidos rapidamente viram no Cinematógrapho dos Irmãos Lumiére uma forma de projetar os mitos sobre o heroísmo e a superioridade dos norte-americanos para além de suas fronteiras.
Para isso, era preciso controlar não apenas a produção de conteúdo, a partir dos grandes estúdios, em Hollywood, mas, também, e principalmente, a distribuição, em um grande número de países. O rádio só resistiu ao cinema, como meio de comunicação e controle de massas, até o advento da televisão. No início, o conteúdo televisivo era local, por ser transmitido obrigatoriamente ao vivo. Depois, com o advento do videotape, ele foi rapidamente dominado pelo país que tinha o maior estoque de conteúdo próprio, os Estados Unidos.
Finalmente, com o passar dos anos, e o avanço da tecnologia, os Estados Unidos conseguiram, finalmente estabelecer o tripé por meio do qual estão estendendo sua influência sobre dezenas de países.
Esse tripé, que poderíamos chamar de Combo Control, ou Combo de Controle, é o mesmo que é oferecido, atualmente, pelas operadoras de telecomunicações:
A internet - cuja rede foi estabelecida inicialmente por eles, e é amplamente dominada por suas empresas, como o Google, a Apple, a Microsoft - que serve para a disseminação de conteúdo, o monitoramento de opiniões e atividades contrárias aos Estados Unidos e para a espionagem e a chantagem do usuário até o nível mais pessoal.
O telefone celular, que hoje se confunde cada vez mais com o computador, e que serve não apenas para monitorar as ligações e seu conteúdo, mas também para estabelecer a localização física de eventuais adversários, até mesmo para sua captura ou assassinato.
E a TV a Cabo, que transformou-se em uma matriz centralizada para a padronização e distribuição, em escala global, de um conteúdo que é sempre o mesmo, para cada país, e os mais diferentes segmentos em que se divide o público televisivo.
Tudo isso é feito, por meio tanto dos grandes grupos de produção de conteúdo, como a Warner, a FOX e a CNN, como dos grandes grupos de distribuição de sinais, por meio de cabo ou satélites.
Com a recente compra da Direct TV, controladora da SKY no Brasil, a AT&T, American Telephone and Telegraph Corporation, dos Estados Unidos, tornou-se líder na distribuição de TV a cabo no Brasil e na América Latina.
Na semana passada, a Anatel - Agência Nacional de Telecomunicações, “comemorou” a chegada da TV a cabo, no Brasil, ao número de 18 milhões e setecentas mil residências.
Em um país sério, ela estaria, no Congresso e fora dele, estudando uma legislação que nos permitisse oferecer uma alternativa a esse imenso público, que extrapolasse o sempre imutável menu das dezenas de canais norte-americanos.
Imaginemos, apenas por uma vez, que o empertigado Phileas Fogg, e seu criado Passepartout, do livro A Volta ao Mundo em 80 dias, fizessem sua viagem agora, e não, como imaginou Júlio Verne, no segundo semestre de 1872.
Em cada cidade em que chegassem, ao adentrar o quarto de hotel, desfazer as malas e mexer no controle remoto, eles certamente se surpreenderiam, ao ver, na estranha tela retangular que chamamos de televisão, fosse qual fosse o país em que estivessem, sempre as mesmas cenas, repetidas, sem cessar, em inglês, ou dubladas e legendadas no idioma local.
Surgida como alternativa à programação da televisão aberta, a TV por assinatura tornou-se, hoje, o retrato mais bem acabado de um mundo culturalmente unipolar, em que as crianças consomem os mesmos desenhos animados, as mulheres vêem os mesmos programas culinários, os homens assistem à mesma programação esportiva, todos riem das mesmas piadas e tem a cabeça feita e as preferências moldadas por documentários e telejornais estabelecidos dentro das mesmas premissas e abordagem política.
Esse processo de imbecilização progressiva já é tão natural, e dura há tantos anos, que, para as novas gerações, que assistem sempre a mesma coisa, com a única diferença de ser apresentada em seu próprio idioma, fica fácil esquecer que toda essa maçaroca, dos animes à “filosofia”, vem de uma mesma origem e obedece a uma mesma estratégia de controle e pasteurização.
O início foi o telégrafo. Depois, veio o rádio. Impossibilitados, pela tecnologia da época, de tomar seu controle globalmente, os Estados Unidos rapidamente viram no Cinematógrapho dos Irmãos Lumiére uma forma de projetar os mitos sobre o heroísmo e a superioridade dos norte-americanos para além de suas fronteiras.
Para isso, era preciso controlar não apenas a produção de conteúdo, a partir dos grandes estúdios, em Hollywood, mas, também, e principalmente, a distribuição, em um grande número de países. O rádio só resistiu ao cinema, como meio de comunicação e controle de massas, até o advento da televisão. No início, o conteúdo televisivo era local, por ser transmitido obrigatoriamente ao vivo. Depois, com o advento do videotape, ele foi rapidamente dominado pelo país que tinha o maior estoque de conteúdo próprio, os Estados Unidos.
Finalmente, com o passar dos anos, e o avanço da tecnologia, os Estados Unidos conseguiram, finalmente estabelecer o tripé por meio do qual estão estendendo sua influência sobre dezenas de países.
Esse tripé, que poderíamos chamar de Combo Control, ou Combo de Controle, é o mesmo que é oferecido, atualmente, pelas operadoras de telecomunicações:
A internet - cuja rede foi estabelecida inicialmente por eles, e é amplamente dominada por suas empresas, como o Google, a Apple, a Microsoft - que serve para a disseminação de conteúdo, o monitoramento de opiniões e atividades contrárias aos Estados Unidos e para a espionagem e a chantagem do usuário até o nível mais pessoal.
O telefone celular, que hoje se confunde cada vez mais com o computador, e que serve não apenas para monitorar as ligações e seu conteúdo, mas também para estabelecer a localização física de eventuais adversários, até mesmo para sua captura ou assassinato.
E a TV a Cabo, que transformou-se em uma matriz centralizada para a padronização e distribuição, em escala global, de um conteúdo que é sempre o mesmo, para cada país, e os mais diferentes segmentos em que se divide o público televisivo.
Tudo isso é feito, por meio tanto dos grandes grupos de produção de conteúdo, como a Warner, a FOX e a CNN, como dos grandes grupos de distribuição de sinais, por meio de cabo ou satélites.
Com a recente compra da Direct TV, controladora da SKY no Brasil, a AT&T, American Telephone and Telegraph Corporation, dos Estados Unidos, tornou-se líder na distribuição de TV a cabo no Brasil e na América Latina.
Na semana passada, a Anatel - Agência Nacional de Telecomunicações, “comemorou” a chegada da TV a cabo, no Brasil, ao número de 18 milhões e setecentas mil residências.
Em um país sério, ela estaria, no Congresso e fora dele, estudando uma legislação que nos permitisse oferecer uma alternativa a esse imenso público, que extrapolasse o sempre imutável menu das dezenas de canais norte-americanos.
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