Por Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual:
No recente caso de edição de dados na Wikipédia nos verbetes sobre os jornalistas Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg, a partir de um aparelho conectado à rede sem fio do Palácio do Planalto, nada chamou mais atenção do que a desproporcionalidade com que a notícia foi tratada.
O Jornal Nacional, da TV Globo, dedicou seis minutos, dando ares de escândalo a algo que não passa de uma banalidade, ainda que condenável. A Wikipédia é um ambiente colaborativo, onde todos podem editar verbetes, compartilhando seu conhecimento. Há acertos e erros de boa fé. E há pessoas que em vez de compartilhar conhecimento procuram introduzir boatos e opiniões pessoais.
Mas o próprio ambiente abre espaço de discussão para contestar informações falsas ou sem a fonte que possa ser conferida. E a própria comunidade de usuários que edita a enciclopédia depura essas informações. Portanto, Miriam e Sardenberg podem atuar para corrigir eventuais informações que julguem indevidas no próprio ambiente da Wikipédia. O portal dispõe de um mecanismo que funciona mais do que um direito de resposta, pois permite até a remoção de informações falsas ou inconfiáveis.
O ingrediente a mais foi alguém, ainda desconhecido, ter usado a conexão de rede sem fio do Palácio do Planalto para editar informações dizendo que as análises econômicas de Leitão são “desastrosas” e que ela defendeu o banqueiro Daniel Dantas, quando ele foi acusado de tentar subornar um delegado da Polícia Federal. Ela disse que se sentiu difamada.
No caso de Sardenberg, a alteração dizia que as críticas à política de corte de juros do Banco Central tinham a ver com o fato de ele ser irmão de um economista da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
A rede do Palácio do Planalto deve ter milhares de usuários. Além de funcionários dos diversos escalões e terceirizados, quem visita o órgão, se solicitar, pode usar a rede a partir de seus celulares, tablets ou notebook. E milhares de pessoas visitam o Planalto, desde vários jornalistas que cobrem o Poder Executivo, passando por representantes de movimentos sociais, governadores, prefeitos, empresários, diplomatas, pessoas do povo, todos que são recebidos em audiência por algum órgão que funciona no prédio.
Óbvio que nenhum funcionário do Planalto, se tiver sido um funcionário, pode usar equipamentos públicos com esse fim. Qualquer funcionário que expõe uma organização a desgastes por estripulias pessoais é responsável pelo desgaste. Opiniões privadas devem ser feitas em computadores de casa ou externos, sem contaminar o ambiente de trabalho.
Dito isso, vem a reação desproporcional. Miriam Leitão acusou em sua coluna, mesmo diante de todas as evidências contrárias, de não ser um ato individual e sim uma política de governo contra jornalistas. Ora, aí quem exatamente está difamando quem? As acusações que ela faz contra todo um governo, e sem qualquer razão que justifique até o momento, são bem mais graves do que as banalidades ditas sobre ela na Wikipédia.
Os seis minutos no Jornal Nacional parecem ter mais a ver com o propósito de desgastar e constranger o governo federal do que com a dimensão do fato. Assuntos muito mais importantes para o interesse público não ganham essa exposição toda. A construção do aeroporto de Cláudio pelo governo de Minas Gerais durante a gestão de Aécio Neves, que é um assunto bem mais importante, por revelar o jeito patrimonialista de governar de um candidato a presidente da República, não mereceu essa atenção toda.
A desproporcionalidade mostra também o quanto o direito de resposta na imprensa tradicional é diferente, dependendo de quem é “vítima”. Miriam Leitão e Sardenberg tiveram boa parte dos seis minutos no Jornal Nacional para dar as suas versões sobre uma edição na Wikipédia. Já casos clássicos de erros jornalísticos, como a ficha falsa da presidenta Dilma Rousseff, escândalos forjados como o de Rubiney Quicoli, apresentado com empresário de uma mirabolante operação junto ao BNDES nas eleições de 2010, foram noticiados com estardalhaço, mas, quando desmentidos receberam, no máximo, segundos lacônicos.
O Jornal Nacional, da TV Globo, dedicou seis minutos, dando ares de escândalo a algo que não passa de uma banalidade, ainda que condenável. A Wikipédia é um ambiente colaborativo, onde todos podem editar verbetes, compartilhando seu conhecimento. Há acertos e erros de boa fé. E há pessoas que em vez de compartilhar conhecimento procuram introduzir boatos e opiniões pessoais.
Mas o próprio ambiente abre espaço de discussão para contestar informações falsas ou sem a fonte que possa ser conferida. E a própria comunidade de usuários que edita a enciclopédia depura essas informações. Portanto, Miriam e Sardenberg podem atuar para corrigir eventuais informações que julguem indevidas no próprio ambiente da Wikipédia. O portal dispõe de um mecanismo que funciona mais do que um direito de resposta, pois permite até a remoção de informações falsas ou inconfiáveis.
O ingrediente a mais foi alguém, ainda desconhecido, ter usado a conexão de rede sem fio do Palácio do Planalto para editar informações dizendo que as análises econômicas de Leitão são “desastrosas” e que ela defendeu o banqueiro Daniel Dantas, quando ele foi acusado de tentar subornar um delegado da Polícia Federal. Ela disse que se sentiu difamada.
No caso de Sardenberg, a alteração dizia que as críticas à política de corte de juros do Banco Central tinham a ver com o fato de ele ser irmão de um economista da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
A rede do Palácio do Planalto deve ter milhares de usuários. Além de funcionários dos diversos escalões e terceirizados, quem visita o órgão, se solicitar, pode usar a rede a partir de seus celulares, tablets ou notebook. E milhares de pessoas visitam o Planalto, desde vários jornalistas que cobrem o Poder Executivo, passando por representantes de movimentos sociais, governadores, prefeitos, empresários, diplomatas, pessoas do povo, todos que são recebidos em audiência por algum órgão que funciona no prédio.
Óbvio que nenhum funcionário do Planalto, se tiver sido um funcionário, pode usar equipamentos públicos com esse fim. Qualquer funcionário que expõe uma organização a desgastes por estripulias pessoais é responsável pelo desgaste. Opiniões privadas devem ser feitas em computadores de casa ou externos, sem contaminar o ambiente de trabalho.
Dito isso, vem a reação desproporcional. Miriam Leitão acusou em sua coluna, mesmo diante de todas as evidências contrárias, de não ser um ato individual e sim uma política de governo contra jornalistas. Ora, aí quem exatamente está difamando quem? As acusações que ela faz contra todo um governo, e sem qualquer razão que justifique até o momento, são bem mais graves do que as banalidades ditas sobre ela na Wikipédia.
Os seis minutos no Jornal Nacional parecem ter mais a ver com o propósito de desgastar e constranger o governo federal do que com a dimensão do fato. Assuntos muito mais importantes para o interesse público não ganham essa exposição toda. A construção do aeroporto de Cláudio pelo governo de Minas Gerais durante a gestão de Aécio Neves, que é um assunto bem mais importante, por revelar o jeito patrimonialista de governar de um candidato a presidente da República, não mereceu essa atenção toda.
A desproporcionalidade mostra também o quanto o direito de resposta na imprensa tradicional é diferente, dependendo de quem é “vítima”. Miriam Leitão e Sardenberg tiveram boa parte dos seis minutos no Jornal Nacional para dar as suas versões sobre uma edição na Wikipédia. Já casos clássicos de erros jornalísticos, como a ficha falsa da presidenta Dilma Rousseff, escândalos forjados como o de Rubiney Quicoli, apresentado com empresário de uma mirabolante operação junto ao BNDES nas eleições de 2010, foram noticiados com estardalhaço, mas, quando desmentidos receberam, no máximo, segundos lacônicos.
Boa tarde, Miro.
ResponderExcluirÉ o segundo texto (e mais adequado) em que publico este comentário
Mais informações pra você contextualizar melhor a questão.
A wikipedia é uma enciclopédia colaborativa, ou seja, qualquer usuário cadastrado pode criar/interagir com artigos de quaisquer assuntos, não importa sua especialidade, desde que comprove que as informações compartilhadas são verdadeiras. Se a informação for falsa, qualquer usuário pode solicitar a retirada. Se for comprovada como verdadeira, abre-se um debate e esta é novamente disponibilizada no artigo.
A questão está sendo colocada como "invasão e vandalização de perfil" da wikipedia.
A mentira começa começa na caracterização como "perfil", de forma que "invasão e vandalização" dão a entender que dados pessoais foram acessados/violados, como por exemplo, a senha. Na realidade trata-se de um artigo criado por um usuário cadastrado na wikipedia, que pode ser sofre alteração por outros usuários da wikipedia que acessam através de seus usuários/senhas.
Em seguida, trata da "vandalização". Para azar de alguns, a wikipedia segue o conceito de "versionamento", ou seja, há um registro minucioso das alterações executadas e, mesmo em caso de reversão (desfazer uma alteração, como foi o caso), no histórico pode-se consutar os dados da versão rejeitada.
No caso, foram 2 tópicos e seguem trechos do material rejeitado (https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Miriam_Leit%C3%A3o&oldid=37172184):
"Estilo"
"Miriam Leitão fez a mais corajosa e apaixonada defesa de Daniel Dantas, ex-banqueiro condenado por corrupção entre outros crimes contra o patrimônio público. A forma como Miriam Leitão se envolveu na defesa de Dantas chamou a atenção de Carlos Alberto Sardenberg, seu companheiro na CBN, para quem a jornalista estava diferente naqueles dias. Para Miriam Leitão, apesar do vídeo que flagrava o suborno a um delegado da Polícia Federal, a prisão de Dantas não se justificava, posto que se tratava de coisas do passado."
"Contradições"
"Um dos maiores erros de previsão ocorreu durante a Crise Financeira Internacional. Em 29/06/2009, Miriam Leitão escreveu o seguinte sobre a previsão de crescimento do Ministro Guido Mantega de 4,5% do PIB de 2010:'Ele fez uma afirmação de que em 2010 o Brasil está preparado para crescer 4,5%. É temerário dizer isso'. Contrariando o pessimismo de Miriam Leitão, o Brasil cresceu 7,5% naquele ano."
Ou seja, Adicionaram-se informações verdadeiras ao "artigo sobre Miriam Leitão" na wikipedia e NÃO ocorreu "vandalização do perfil de Miriam Leitão" na wikipedia.
Aliás, não importa a origem da informação, desde que seja verdadeira e comprovável.
Agora segue minha opinião à respeito do ocorrido:
Acredito que trata-se do que algumas pessoas chamam de "liberdade de imprensa" sendo posta em ação, ou seja, um grupo de indivíduos especiais pode disseminar as informações que quiser ou criticar qualquer coisa sem limites, mase todas vez que alguém ousa apontar suas falhas e/ou pontos fracos, estufam o peito para dizer que a democracia está em risco. Esses "indivíduos especiais" defendem de unhas e dentes a "liberdade de imprensa" somente, pois, a liberdade de informação pode causar seu fim.