Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa:
Abandonada há muitos anos pelos pesquisadores, a Teoria Matemática da Comunicação, elaborada em 1948 pelo matemático americano Claude Shannon, voltou a ser aplicada recentemente em estudos sobre as trocas de informações em sistemas digitais. Basicamente, trata-se de mensurar a eficiência do processo de transmissão do valor ou significado de mensagens, quando submetido aos efeitos da entropia, redundância, ruídos e imprevisibilidades.
O assunto é parte central das preocupações de programadores e criadores de aplicativos, que precisam de um máximo de resultado com o menor dispêndio de energia e da capacidade de armazenagem ou manipulação de dados. No entanto, continua sendo um campo de conhecimento desprezado pelos estudiosos da comunicação jornalística, que hipoteticamente deveriam levar em conta a eficiência de suas mensagens, num ambiente cada vez mais afetado pelas probabilidades de interpretação correta do enunciado.
Em muitos congressos de jornalistas, como o recente encontro promovido em São Paulo pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o tema da precisão das informações é comumente situado no processo de coleta dos dados que irão compor uma reportagem. Por isso há sempre uma grande ênfase na organização de bancos de dados e em métodos para análise de valor das informações.
Associar o histórico de eventos semelhantes é tido como um dos métodos mais eficientes para a investigação jornalística. No entanto, quase sempre se ignora que tanto o fenômeno da entropia como seu contrário, a redundância, podem estar presentes na origem, ou seja, nos dados que o investigador vai buscar como sendo sua fonte primária.
Toda informação sofre alguma distorção ao ser retirada de sua origem e transposta para um novo contexto, e por isso se considera que não é a soma de informações que assegura a ordem orgânica do sistema, mas seu potencial de evitar a perversão produzida pela entropia. Por isso se ensina que evitar anomalias na ordem das informações pode ser mais importante do que coletar dados.
Material de campanha
O leitor habituado a abordagens diretas dos assuntos tratados diariamente pela imprensa deve estar se perguntando: o que isso tem a ver com a análise do jornalismo brasileiro?
Essa questão é respondida de maneira direta e muito mais simples pelo colunista Janio de Freitas (ver aqui) ao analisar o barulho que faz a imprensa brasileira com o fato de que autoridades convocadas a depor na CPI da Petrobras receberam treinamento especial antes de responder as perguntas dos senadores.
O articulista da Folha de S.Paulo observa que perguntas de aliados em comissões de todo tipo são feitas para isso mesmo: para facilitar a vida do depoente e, se possível, neutralizar os ataques dos adversários. Para isso se fazem os ensaios que os profissionais de comunicação chamam de media training – é o mesmo processo pelo qual os assessores de um entrevistado o preparam para tirar proveito das perguntas dos jornalistas.
É claro que esse treinamento é feito com base nas questões que estão em evidência, e que muito provavelmente farão parte dos interrogatórios e debates para o qual se está preparando. Nas entrevistas do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, por exemplo, é evidente o estilo recomendado por seus assessores, que criaram para ele o papel do administrador que está sendo constantemente surpreendido pelos fatos desagradáveis e prometendo que tudo será “rigorosamente apurado”.
No caso da Petrobras, como constata Janio de Freitas, o media training apenas mostra que os representantes da oposição não investigam nada – “apenas ciscam pedaços de publicações para fazer escândalo”.
Na opinião deste observador, é isso e algo mais: oposição e imprensa hegemônica se mesclam em perfeita simbiose, atuando em conjunto para criar constrangimentos ao grupo político que está no poder em Brasília.
O “manchetômetro” da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (citado aqui na sexta-feira, 1/8) demonstra o partidarismo predominante nos principais jornais de circulação nacional.
O jornalismo investigativo, se aplicado objetivamente no cotidiano com o mesmo entusiasmo que desperta nos alegres convescotes de acadêmicos e repórteres aposentados, com certeza ajudaria a imprensa a revelar os vícios da nossa República – em todas as instâncias. Mas o interesse não é investigar: é apenas produzir material de campanha.
O assunto é parte central das preocupações de programadores e criadores de aplicativos, que precisam de um máximo de resultado com o menor dispêndio de energia e da capacidade de armazenagem ou manipulação de dados. No entanto, continua sendo um campo de conhecimento desprezado pelos estudiosos da comunicação jornalística, que hipoteticamente deveriam levar em conta a eficiência de suas mensagens, num ambiente cada vez mais afetado pelas probabilidades de interpretação correta do enunciado.
Em muitos congressos de jornalistas, como o recente encontro promovido em São Paulo pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o tema da precisão das informações é comumente situado no processo de coleta dos dados que irão compor uma reportagem. Por isso há sempre uma grande ênfase na organização de bancos de dados e em métodos para análise de valor das informações.
Associar o histórico de eventos semelhantes é tido como um dos métodos mais eficientes para a investigação jornalística. No entanto, quase sempre se ignora que tanto o fenômeno da entropia como seu contrário, a redundância, podem estar presentes na origem, ou seja, nos dados que o investigador vai buscar como sendo sua fonte primária.
Toda informação sofre alguma distorção ao ser retirada de sua origem e transposta para um novo contexto, e por isso se considera que não é a soma de informações que assegura a ordem orgânica do sistema, mas seu potencial de evitar a perversão produzida pela entropia. Por isso se ensina que evitar anomalias na ordem das informações pode ser mais importante do que coletar dados.
Material de campanha
O leitor habituado a abordagens diretas dos assuntos tratados diariamente pela imprensa deve estar se perguntando: o que isso tem a ver com a análise do jornalismo brasileiro?
Essa questão é respondida de maneira direta e muito mais simples pelo colunista Janio de Freitas (ver aqui) ao analisar o barulho que faz a imprensa brasileira com o fato de que autoridades convocadas a depor na CPI da Petrobras receberam treinamento especial antes de responder as perguntas dos senadores.
O articulista da Folha de S.Paulo observa que perguntas de aliados em comissões de todo tipo são feitas para isso mesmo: para facilitar a vida do depoente e, se possível, neutralizar os ataques dos adversários. Para isso se fazem os ensaios que os profissionais de comunicação chamam de media training – é o mesmo processo pelo qual os assessores de um entrevistado o preparam para tirar proveito das perguntas dos jornalistas.
É claro que esse treinamento é feito com base nas questões que estão em evidência, e que muito provavelmente farão parte dos interrogatórios e debates para o qual se está preparando. Nas entrevistas do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, por exemplo, é evidente o estilo recomendado por seus assessores, que criaram para ele o papel do administrador que está sendo constantemente surpreendido pelos fatos desagradáveis e prometendo que tudo será “rigorosamente apurado”.
No caso da Petrobras, como constata Janio de Freitas, o media training apenas mostra que os representantes da oposição não investigam nada – “apenas ciscam pedaços de publicações para fazer escândalo”.
Na opinião deste observador, é isso e algo mais: oposição e imprensa hegemônica se mesclam em perfeita simbiose, atuando em conjunto para criar constrangimentos ao grupo político que está no poder em Brasília.
O “manchetômetro” da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (citado aqui na sexta-feira, 1/8) demonstra o partidarismo predominante nos principais jornais de circulação nacional.
O jornalismo investigativo, se aplicado objetivamente no cotidiano com o mesmo entusiasmo que desperta nos alegres convescotes de acadêmicos e repórteres aposentados, com certeza ajudaria a imprensa a revelar os vícios da nossa República – em todas as instâncias. Mas o interesse não é investigar: é apenas produzir material de campanha.
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