Por Barão Minas/Fotos por Lidyane Ponciano e Mídia Ninja |
“Há uma crise na imprensa alternativa hoje”, avaliou o escritor e jornalista José Maria Rabêlo no Encontro Temático promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé-Minas, no dia 30 de julho, no Sindicato dos Jornalistas de Minas.
Aos 86 anos, José Maria Rabêlo mantém o mesmo humor refinado que marcou o histórico Jornal O Binômio, fundado por ele e pelo jornalista Euro Arantes. O tablóide que circulou em Minas entre 1952 e 1964 é considerado um dos precursores da imprensa de resistência no país. Com o golpe militar, o Binômio foi fechado e seu diretor obrigado a correr o mundo num exílio que durou 16 anos.
A linha editorial do semanário, que chegou a vender 60 mil exemplares, combinava o humor com denúncias políticas, grandes reportagens, charges, crônicas e farto material fotográfico. Tudo começou quando eles decidiram escolher o então governador do estado Juscelino Kubitschek como alvo. JK tinha adotado como lema de governo a frase "Binômio Energia e Transporte", que era exaustivamente divulgada nos meios de comunicação. Para contrapor o slogan eles então lançaram o jornal intitulado "Binômio Sombra e Água Fresca", que com o tempo ficaria apenas Binômio. O objetivo era mostrar o lado promíscuo das relações de poder no estado.
“O Binômio produzia fatos e obrigava os outros jornais a irem atrás”, conta. Ele credita o sucesso do jornal ao jornalismo de qualidade, produzido por profissionais que se tornaram grandes nomes do jornalismo. Entre eles Fernando Gabeira, Roberto Drummond, Guy de Almeida, Oseas de Carvalho, Ponce de Leon, Ziraldo e Borjalo. “Acho difícil fazer hoje um jornal como o Binômio”, opinou. Ele lamenta que, atualmente, as pessoas leiam pouco. “Os livros estão encalhados”, disse.
Além de relatar os fatos mais marcantes e engraçados do Binômio, Rabêlo falou sobre política e economia e internet, destacando que o pré-sal vai transformar o Brasil e isso incomoda. “A Petrobras é a maior realização do povo brasileiro de todos os tempos”, afirmou. Para o jornalista, é preciso prestar atenção nos interesses por trás da imprensa comercial, “que é controlada”.
José Maria aceitou o convite para fazer parte Barão de Itararé Minas. Os debates de julho do Projeto Encontros Temáticos do Barão de Itararé foram promovidos com o apoio do Sinpro Minas e do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais.
Muito boa a iniciativa de criar o "Barão de Itararé" em Minas e parabéns ao Sindicato dos Jornalistas por colaborar. Estamos mesmo precisando de alternativas, pois aqui "tá tudo dominado". Mas os eventos devem ser mais divulgados, por meios também alternativos.
ResponderExcluirUm abraço.