Foi uma atrás da outra: vai faltar energia, a Copa vai ser um vexame, a base aliada vai debandar, a CPI da Petrobras vai ser um escândalo, a inflação vai estourar, a economia está indo para o brejo, Dilma vai despencar. Só notícias negativas anteciparam cada nova pesquisa, mas os números teimam em não confirmar as previsões catastróficas dos "analistas independentes" e especialistas em geral.
Desde o começo do ano, é sempre a mesma história e, no entanto, qualquer que seja a desgraça, Dilma continua lá firme no mesmo lugar, enquanto seus concorrentes ficam praticamente empacados nas pesquisas. É um fenômeno de resiliência eleitoral que eu mesmo não consigo entender e muito menos explicar.
Afinal, Dilma Rousseff luta contra tudo e contra todos ao mesmo tempo, com a maior parte do empresariado, do Congresso e da mídia, e até uma parte do PT, fazendo o possível para criar obstáculos e impedir que a presidente se reeleja, pouco podendo contar com a ajuda dos candidatos do partido aos governos estaduais.
A nova pesquisa presidencial do Ibope, divulgada na noite de quinta-feira, confirmou o que falei ao Heródoto Barbeiro no Jornal da Record News. Nem o aeroporto público-privado de Cláudio, construído nas terras da família quando Aécio Neves era governador de Minas, nem a denúncia sobre a "farsa da CPI da Petrobras", ressuscitada para atacar Dilma Rousseff, alterariam dramaticamente os números desta semana.
Em relação a julho, como acontece desde abril, tudo ficou dentro das margens de erro: Dilma permaneceu com os mesmos 38%, Aécio foi de 22% para 23% e Eduardo Campos passou de 8% para 9%. O índice de Dilma é igual à soma de todos os seus adversários, o que ainda permite prever uma decisão no primeiro turno (faltaria apenas um voto), até porque a presidente tem um latifúndio de tempo na propaganda eleitoral. .
Denúncias, por mais bombásticas que sejam, não afetam o humor dos eleitores como em outros tempos quando a mídia hegemônica construía e destruía candidaturas conforme seus interesses. O destino de Dilma continua dependendo dos rumos da economia, que, a continuar como está, ainda pode levar a eleição ao segundo turno. Neste caso, a disputa seria bastante acirrada entre o PT e o candidato anti-PT — ao que tudo indica, o tucano Aécio Neves. A dupla Eduardo-Marina até agora não emplacou.
A aprovação do governo Dilma subiu três pontos de uma pesquisa para outra, de 44% para 47%, renovando as chances de Dilma garantir a reeleição num turno só. A desaprovação caiu um ponto, de 505 para 49%. E, a não ser que aconteça alguma catástrofe ou um grave fato novo na economia, tudo deverá continuar mais ou menos como está até o início da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, no dia 19 de agosto.
Convido os caros leitores do Balaio a me ajudarem a entender este fenômeno da resistência de Dilma Rousseff num clima hostil a ela: como explicar?
De vez em quando, a gente acerta. Vida que segue.
Artigo excelente e bem fundamentado... gostaria imensamente de fechar om suas idéias e argumentos... mas realmente os fatos divergem da dialética... me lembro dos motivos da saída da CSC da CUT, e penso que realmente ficou insustentável apoiar um partido que só foi autorizado a governar após a expulsão das tendências mais "radicais" juntamente com seus Quadros mais progressistas... Vale o registro...
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