No entanto, é preciso ser muito tolo para não perceber que esse tratamento aparentemente isonômico dos candidatos sabatinados pelo JN é apenas uma cortina de fumaça para encobrir a cobertura política da emissora dos Marinho, escandalosamente parcial e partidarizada.
Por outro lado, como a entrevista é ao vivo, sem possibilidades de edições mandrakes, Dilma tem diante de si uma oportunidade de ouro para desmascarar a farsa grotesca da imparcialidade global, em particular, e do monopólio da mídia, no plano geral. Basta deixar fluir a mulher corajosa que sempre foi, deixando de lado a cautela excessiva e os não-me-toques dos marqueteiros.
Fico a imaginar o efeito demolidor do seguinte diálogo entre William Bonner e Dilma:
William Bonner: "Candidata, a inflação está volta e o Brasil, durante o seu governo vem crescendo muito pouco, gerando um pessimismo generalizado em relação à nossa economia. Como a senhora explica resultados tão ruins?
Dilma - Primeiro que a inflação durante os governos do presidente Lula e do meu sempre esteve dentro da meta. Temos cumprido o nosso compromisso de não causar desemprego para conter a inflação, como propõe um adversário meu. O importante é que o desemprego nunca foi tão baixo no Brasil, pois geramos mais de 15 milhões de empregos, e a renda dos trabalhadores não para de subir. Sobre o crescimento, é importante lembrar que poucos países, inclusive os mais desenvolvidos, cresceram mais do que o Brasil, devido à crise econômica que atinge todo o mundo globalizado. Nesse cenário de crise não foi possível crescer mais. Mas temos a vantagem de crescer distribuindo renda.
William Bonner: Mas por que, então, o pessimismo dos mercados ?
Dilma - Olha Bonner, o problema é a intenção deliberada de se criar esse tipo de clima. O que existe é um verdadeiro cerco, um bombardeio da imprensa contra o meu governo. Gostaria de citar, por exemplo, um trabalho feito pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, conhecido como manchetômetro. Os pesquisadores fizeram um levantamento de 1º de janeiro a 9 de agosto deste ano sobre as reportagens exibidas por vocês aqui do Jornal Nacional. E chegaram a dados estarrecedores: nesse período, eu tive nada menos que 1 hora e 22 minutos, o equivalente a 82 minutos, de reportagens negativas, contra apenas 3 minutos de matérias consideradas positivas ou favoráveis. Não preciso dizer mais nada, não é?
Pano rápido.
Comentário meu: oxalá eu esteja enganado, mas sou capaz de apostar que Dilma não confrontará a Rede Globo dessa forma, se rendendo aos salamaleques políticos e à decisão do seu governo de não confrontar o PIG, o que tem se revelado um tiro no pé.
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