segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Marina é problema de Aécio, não de Dilma

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Pesquisa Datafolha sobre a sucessão presidencial recém-divulgada traz más notícias, sim, mas não para Dilma. Quem se deu mal com a reviravolta no quadro eleitoral foi Aécio Neves e até os “nanicos”, que já chegaram a somar 9 pontos percentuais e agora somam 5.

Para este Blog, nenhuma surpresa. No começo da tarde de sábado, este que escreve já avisava, via Twitter, o que o Datafolha mostraria.



Antes de prosseguir, vale comentar “análise” de Elio Gaspari que a mídia “bombou”. O resultado do Datafolha mostra como esses “colunistas” não escrevem análises, mas torcidas.

O título do texto de Gaspari basta para esclarecer do que se trata: “Aécio atingido é dúvida, mas dano a Dilma na eleição é certeza”. O título perdurou durante toda a tarde de domingo na home do UOL, com o exato teor acima. Porém, foi alterado para “O PR-AFA de Eduardo Campos acertou Dilma”.

Seja como for, os fatos mostram que quem perdeu mais com a candidatura de Marina foi Aécio.

Em primeiro lugar, Aécio, que tinha presença garantida em um eventual segundo turno, tendo mais de 10 pontos à frente de Eduardo Campos, agora está (numericamente) em terceiro lugar na disputa. Dilma continua com larga vantagem à frente do segundo colocado, Marina.

Em segundo lugar, a aprovação ao governo Dilma cresceu SEIS pontos.

Em terceiro lugar, a vantagem de Dilma sobre Aécio em um eventual segundo turno entre ambos, aumentou bastante. Chegou a ser de 44% a 40%, ou 4 pontos, no Datafolha; agora, contra Aécio a vantagem é de OITO pontos, ou seja, dobrou.

Numericamente, Marina tem 4 pontos à frente de Dilma no segundo turno (47% a 43%), o que configura empate técnico porque a diferença fica na margem de erro de 2 pontos percentuais – Marina pode ter 45% e Dilma, também. Mas essa situação tem tudo para ser transitória.

Em primeiro lugar, a pesquisa foi feita em meio à comoção com a morte de campos. Em segundo lugar, pesquisa recente de uma divisão da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) sobre como o noticiário está tratando os candidatos a presidente (o dito “manchetômetro”) mostra que Dilma – e só Dilma – está sendo massacrada pela mídia, mas isso mudará com o início do horário eleitoral, a partir desta terça-feira.

Passada a comoção e com a campanha de Dilma finalmente podendo dar a sua versão dos fatos no maior tempo de televisão e rádio entre todos os candidatos, será difícil que Marina continue se projetando sobre a petista no segundo turno. A tendência é de que fique com o patamar de Eduardo Campos ou de Aécio.

De sábado para cá, aliás, Reinaldo Azevedo, um porta-voz quase assumido do PSDB, já começava a bater em Marina, criticando a exploração política que ela tem feito da morte de Campos.

Nesta segunda-feira, Reinaldão continua batendo em Marina. Não há prova maior de que Aécio está perdendo muito com a candidatura dela.

Claro que a militância petista também criticou Marina por rir e fazer “selfies” durante o velório do ex-companheiro de chapa no velório dele, sobre seu caixão. Porém, a militância não tem as informações de Reinaldo, que já foi muito bem instruído pelo PSDB.

O comportamento desse jornalista tucano aponta para o que deve acontecer até o dia 5 de outubro: Marina e Aécio vão se engalfinhar pelo segundo lugar, mas o Datafolha mostra que Marina tem muitas vantagens sobre ele.

Marina, pelo menos até aqui, não tem esqueletos no armário como o tucano – Aécioportos, etc. Dilma carrega o peso do PT (mensalão, etc.), mas contra si não pesa nada. Tanto quanto contra Marina.

Aliás, se forem analisar partido por partido o PSB também tem muita gente acusada de corrupção.

A questão é a imagem dos candidatos. O Datafolha revela a fraqueza da candidatura de Aécio e a força da candidatura de Dilma, que está no seu piso há muito tempo. Imaginar que poder dar sua versão dos fatos no horário eleitoral não irá melhorar sua aprovação, é temerário.

Mais uma vez: hoje, a voz de Dilma é quase inaudível diante do massacre midiático que o “manchetômetro” da UERJ revelou. A partir desta terça, Dilma, Lula e o PT vão poder falar. E terão muito, muito, muito espaço para tanto.

A previsão deste Blog, pois, é a de que a campanha de Dilma vai simplesmente deixar Marina e Aécio se engalfinhando pelo segundo lugar, de forma que aquele entre os dois que chegar ao segundo turno, chegará meio estropiado.

Claro que Aécio tomará cuidado porque, caso passe para o segundo turno, precisará do apoio de Marina. Contudo, se ela se aliar a ele oficialmente no segundo turno, atrairá sua rejeição, que deverá crescer muito.

Com todo o bombardeio que tem sofrido, Dilma não perdeu um único ponto. Aécio perdeu pouco (tinha 21% e agora tem 20%), mas perdeu. Dilma ganhou aprovação ao seu governo e perdeu rejeição. Tudo de bom para ela. Chega à campanha na TV melhor do que disse a maioria dos “analistas” da grande mídia.

Além de tudo isso, nas próximas semanas o Brasil saberá mais sobre Marina. A coordenação de sua campanha por uma das donas do banco Itaú é um fato que a população não sabe, mas que, ao saber, fará com que reveja a imagem de candidata “socialista’.

Finalmente, àqueles que possam julgar que Marina no poder não seria a mesma coisa que Aécio, digo que se enganam. Seria uma títere da mídia e do capital.

Contudo, Marina tem um problema com o capital, com o agronegócio. Aécio, não. Por mais que o capital não tenha tanta força em eleições quanto se pensa, seguramente tem influência e acha que Marina é menos previsível do que o tucano.

Trocando em miúdos: o capital não deve fazer tanta força por Marina quanto fará por Aécio.

Para Dilma, às portas do início do horário eleitoral no rádio e na tevê, o quadro é muito melhor do que o esperado. Quem estiver pensando em pular fora do barco dela, convém aguardar. A tendência é de que ganhe musculatura eleitoral nas próximas semanas.

2 comentários:

  1. Os dilemas de Marina

    O desespero midiático para fazer de Marina Silva a sucessora da “terceira via” eleitoral subestima as dificuldades da tarefa. Assumir o vácuo deixado pela morte de Eduardo Campos não será fenômeno tão natural como pretendem os oposicionistas. Menos ainda a transformação do luto em combustível para uma arrancada rumo ao segundo turno.

    Campos aglutinava as facções tucanas e governistas do PSB, ambas com líderes resistentes à ex-senadora. Sem elos históricos ou orgânicos na militância regional, Marina amargará a falta de comprometimento dos candidatos pessebistas em colégios eleitorais importantes, como o Rio de Janeiro e São Paulo.

    Para ultrapassar Aécio Neves, Marina precisa triplicar as preferências declaradas na sua chapa atual. Mas não pode roubar eleitores do tucano, pois a transferência ajudaria a vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno. Isso equivale a conquistar os indecisos e a pequena parcela dos votos inconvictos declarados à petista, em só quarenta dias de propaganda eletrônica, com menos de um quinto do tempo utilizado pela presidenta.

    A coroação como salvadora do oposicionismo é incômoda para Marina. Quanto mais sua candidatura se mostra viável, maior a migração do voto antipetista concentrado em Aécio (o eleitorado de ambos tem perfil muito parecido, aliás). O movimento, além de preservar o quadro atual, favorável a Dilma, ideologiza excessivamente a imagem pública de Marina, indispondo-a com a juventude cética e desejosa de novidades. Se confrontar o tucano, ela mergulhará numa desgastante briga paralela com o PSDB.

    Resumindo, mesmo que Marina viabilize o segundo turno, sua continuidade na disputa ainda parece incerta, senão improvável. Caso não supere Aécio, ela prejudicará as chances da oposição e será responsabilizada por isso.

    http://www.guilhermescalzilli.blogspot.com.br/

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  2. Essa pesquisa do datafalha é risível. De onde foram tirar os votos da Fadinha da Floresta, se Dilma perdeu (segundo a pesquisa) apenas 2% dos votos e o Aero Naves continua com 20%. Milagre da aritmética ou todos os indecisos e brancos já definiram seus votos?

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