Editorial do site Vermelho:
A Executiva Nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB) decidiu formalmente nesta quarta-feira (20) lançar a candidatura da ex-senadora Marina Silva à Presidência da República, tendo como vice Beto Albuquerque, líder do partido na Câmara dos Deputados.
Como se sabe, Marina não pertence aos quadros do PSB. Sua presença no partido é ocasional, decorrente de a formação política que lidera não ter obtido apoio suficiente em tempo hábil para registrar-se perante o Tribunal Superior Eleitoral. Agasalhou-se no Partido Socialista para “passar a chuva”, algo de que não fazia segredo e que foi devidamente acordado com a cúpula partidária. No arranjo estabelecido, ocupava anteriormente a posição de vice na chapa liderada por Eduardo Campos. Agora, como resultado de uma tragédia, foi ungida candidata a presidente.
Ainda é cedo para aferir todo o impacto que têm esses fatos sobre o quadro político-eleitoral. As primeiras sondagens de opinião pública foram feitas no clima de comoção provocada pela morte repentina do ex-governador pernambucano. Mas é fato que a candidatura de Marina Silva altera a situação. É um nome eleitoralmente já firmado, tendo obtido quase um quinto dos votos válidos em 2010. Insuflada pela mídia, cultivando imagem messiânica e “radicalmente mudancista”, “contra tudo e todos que aí estão”, pretende captar o sentimento difuso de insatisfação nos diversos estratos sociais.
A constatação de que Marina Silva partiria de um bom patamar de intenção de votos vinha de antes e fora mesmo motivo de controvérsias entre o seu grupo político e o PSB, e no interior deste último. À época da entrada da Rede de Marina no partido de Eduardo Campos, foram intensos os debates sobre quem dentre os dois deveria ser o candidato presidencial. Agora, com mais razão, pode-se supor que Marina é uma candidata competitiva e que seu ingresso na disputa abre mais possibilidades de realização do segundo turno.
Em uníssono a mídia golpista e reacionária, representantes do capital financeiro e mesmo de bancos estrangeiros, enquanto fingiam derramar lágrimas pelo desaparecimento de Eduardo Campos e fomentavam a sua santificação, demonstraram-se eufóricos com as possibilidades eleitorais da ex-senadora acriana, e passaram a entoar ditirambos sobre a sua biografia. Um político com futuro promissor tragicamente morto foi transformado em semideus e uma candidata disposta ao combate, “salva do desastre pela providência divina”, tornou-se a heroína da direita. A resultante foi uma enorme pressão sobre a cúpula do partido socialista, que acabou homologando o nome da ex-senadora.
Que representa a candidatura de Marina Silva e que atitude tomam as forças progressistas diante dela? Quando se constituiu a aliança entre o PSB e a Rede, tendo além disso na ilharga o desacreditado e anticomunista PPS, já estava configurada – independentemente das intenções, dos históricos e denominações das siglas e das biografias pessoais – uma nova força política de cariz conservador, malgrado a retórica de “terceira via”. Não se discute aqui a legitimidade da opção feita, nem suas ramificações nos estados, mas o seu sentido político tático e estratégico de alcance nacional.
No Brasil de hoje não existe “terceira via” para cumprir papel progressista e virtuoso no processo eleitoral e na acumulação revolucionária de forças. Tomando em consideração a polarização real das forças políticas e o que cada uma delas representa, o que está em jogo e o sentido histórico das eleições presidenciais, somos autorizados a afirmar que neste contexto a “terceira via” serve objetivamente à direita, aos conservadores e neoliberais. Quem o vislumbrou foi o estrategista e ideólogo do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que proclamou no início do ano que seria válida a vitória de qualquer candidato, desde que derrotasse a presidenta Dilma Rousseff e as forças progressistas que nucleiam a sua base de apoio.
Com a entronização de Marina Silva, esta orientação adquire ainda maior nitidez. FHC voltou a falar nos últimos dias sobre o assunto e aconselhou seu pupilo Aécio Neves a não entrar em choque com a ex-senadora.
Acólitos de FHC da área econômica e bancos internacionais vieram a público advertir para as qualidades de Marina e suas afinidades com as exigências, diretrizes e determinações da oligarquia financeira. Estão cobertos de razão. Marina é uma figura pública com fortes características personalistas, exerce férrea liderança sobre seu pequeno grupo de políticos e empresários ligados a ONGs internacionais, mas é extremamente maleável e adaptável ao ideário neoliberal e neoconservador, genuflexa aos interesses antinacionais.
Muito ao contrário da imagem que tenta vender como protagonista da "nova política", as reais inclinações de Marina são para a direita. Nesse sentido, sua candidatura é totalmente funcional aos interesses gerais das classes dominantes reacionárias e do imperialismo.
A candidata do consórcio PSB-Rede-PPS cultiva o gênero messiânico, diz conversar com deus e considera-se predestinada pela “providência divina” a salvar o Brasil da má política. Em parceria com ideólogos alienígenas e ONGs internacionais criou uma bizarra agremiação em nome da “nova política”, para logo se aliar a esquemas que sempre denunciou como “velha política”.
A candidata não lida com conceitos, mas com bordões tão midiáticos quanto vazios. Tenta surfar na onda da rejeição à política, em grande parte fabricada pelos meios de comunicação e a indústria cultural. Busca capitalizar para si e sua formação política o legítimo desejo difuso de mudanças na sociedade, pretende ser a intérprete das ruas e dos sentimentos profundos da população brasileira. Apropria-se da história de sacrifício e luta do chamado “povo da floresta” e aparece como herdeira de Chico Mendes, faz uso publicitário da sua condição de ex-ativista das comunidades eclesiais de base, ex-petista e ex-ministra de Lula. Explora ad-nauseam a fé evangélica e se tornou a porta- bandeira de visões obscurantistas e fundamentalistas, traço que já tinha exibido na campanha eleitoral de 2010.
A líder da Rede posa de oponente ao chamado agronegócio, estabelecendo com este uma disputa em torno das questões ligadas à defesa do meio-ambiente. Até nisto é útil aos interesses do imperialismo, pois longe de combater o latifúndio capitalista e seus indissolúveis laços com o capital financeiro, na verdade faz um discurso que serve aos interesses das economias concorrentes da brasileira nos mercados de commodities agrícolas.
Ultimamente, sob pretexto de lutar por uma “nova política”, Marina Silva se tornou uma rematada antipetista e se antagonizou com as correntes revolucionárias contemporâneas, algumas das quais no exercício do poder em países latino-americanos, quando bradou, ao se associar ao PSB, que seu objetivo é “eliminar o chavismo do PT".
Há tempos, Marina fez sua travessia, ultrapassou a linha demarcatória entre as forças progressistas e as reacionárias. Não representa a “terceira via”. Por enquanto, é a segunda opção da direita.
Marina não tem compromissos democráticos nítidos quanto aos movimentos sindicais e populares, com a política de valorização do salário mínimo, do trabalho e do emprego. Muito menos com a realização de uma política externa soberana. Comprometida com interesses facciosos de ONGs internacionais, não tem capacidade de unir as forças vivas da nação para enfrentar os desafios de um mundo conflituoso e sempre ameaçador para a soberania nacional dos países que lutam para se firmar como nações independentes e progressistas.
As mudanças progressistas iniciadas em 2003 precisam continuar e avançar. O povo brasileiro não vai comprometer essa caminhada apostando numa aventura funcional aos interesses da direita e das forças antinacionais.
A Executiva Nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB) decidiu formalmente nesta quarta-feira (20) lançar a candidatura da ex-senadora Marina Silva à Presidência da República, tendo como vice Beto Albuquerque, líder do partido na Câmara dos Deputados.
Como se sabe, Marina não pertence aos quadros do PSB. Sua presença no partido é ocasional, decorrente de a formação política que lidera não ter obtido apoio suficiente em tempo hábil para registrar-se perante o Tribunal Superior Eleitoral. Agasalhou-se no Partido Socialista para “passar a chuva”, algo de que não fazia segredo e que foi devidamente acordado com a cúpula partidária. No arranjo estabelecido, ocupava anteriormente a posição de vice na chapa liderada por Eduardo Campos. Agora, como resultado de uma tragédia, foi ungida candidata a presidente.
Ainda é cedo para aferir todo o impacto que têm esses fatos sobre o quadro político-eleitoral. As primeiras sondagens de opinião pública foram feitas no clima de comoção provocada pela morte repentina do ex-governador pernambucano. Mas é fato que a candidatura de Marina Silva altera a situação. É um nome eleitoralmente já firmado, tendo obtido quase um quinto dos votos válidos em 2010. Insuflada pela mídia, cultivando imagem messiânica e “radicalmente mudancista”, “contra tudo e todos que aí estão”, pretende captar o sentimento difuso de insatisfação nos diversos estratos sociais.
A constatação de que Marina Silva partiria de um bom patamar de intenção de votos vinha de antes e fora mesmo motivo de controvérsias entre o seu grupo político e o PSB, e no interior deste último. À época da entrada da Rede de Marina no partido de Eduardo Campos, foram intensos os debates sobre quem dentre os dois deveria ser o candidato presidencial. Agora, com mais razão, pode-se supor que Marina é uma candidata competitiva e que seu ingresso na disputa abre mais possibilidades de realização do segundo turno.
Em uníssono a mídia golpista e reacionária, representantes do capital financeiro e mesmo de bancos estrangeiros, enquanto fingiam derramar lágrimas pelo desaparecimento de Eduardo Campos e fomentavam a sua santificação, demonstraram-se eufóricos com as possibilidades eleitorais da ex-senadora acriana, e passaram a entoar ditirambos sobre a sua biografia. Um político com futuro promissor tragicamente morto foi transformado em semideus e uma candidata disposta ao combate, “salva do desastre pela providência divina”, tornou-se a heroína da direita. A resultante foi uma enorme pressão sobre a cúpula do partido socialista, que acabou homologando o nome da ex-senadora.
Que representa a candidatura de Marina Silva e que atitude tomam as forças progressistas diante dela? Quando se constituiu a aliança entre o PSB e a Rede, tendo além disso na ilharga o desacreditado e anticomunista PPS, já estava configurada – independentemente das intenções, dos históricos e denominações das siglas e das biografias pessoais – uma nova força política de cariz conservador, malgrado a retórica de “terceira via”. Não se discute aqui a legitimidade da opção feita, nem suas ramificações nos estados, mas o seu sentido político tático e estratégico de alcance nacional.
No Brasil de hoje não existe “terceira via” para cumprir papel progressista e virtuoso no processo eleitoral e na acumulação revolucionária de forças. Tomando em consideração a polarização real das forças políticas e o que cada uma delas representa, o que está em jogo e o sentido histórico das eleições presidenciais, somos autorizados a afirmar que neste contexto a “terceira via” serve objetivamente à direita, aos conservadores e neoliberais. Quem o vislumbrou foi o estrategista e ideólogo do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que proclamou no início do ano que seria válida a vitória de qualquer candidato, desde que derrotasse a presidenta Dilma Rousseff e as forças progressistas que nucleiam a sua base de apoio.
Com a entronização de Marina Silva, esta orientação adquire ainda maior nitidez. FHC voltou a falar nos últimos dias sobre o assunto e aconselhou seu pupilo Aécio Neves a não entrar em choque com a ex-senadora.
Acólitos de FHC da área econômica e bancos internacionais vieram a público advertir para as qualidades de Marina e suas afinidades com as exigências, diretrizes e determinações da oligarquia financeira. Estão cobertos de razão. Marina é uma figura pública com fortes características personalistas, exerce férrea liderança sobre seu pequeno grupo de políticos e empresários ligados a ONGs internacionais, mas é extremamente maleável e adaptável ao ideário neoliberal e neoconservador, genuflexa aos interesses antinacionais.
Muito ao contrário da imagem que tenta vender como protagonista da "nova política", as reais inclinações de Marina são para a direita. Nesse sentido, sua candidatura é totalmente funcional aos interesses gerais das classes dominantes reacionárias e do imperialismo.
A candidata do consórcio PSB-Rede-PPS cultiva o gênero messiânico, diz conversar com deus e considera-se predestinada pela “providência divina” a salvar o Brasil da má política. Em parceria com ideólogos alienígenas e ONGs internacionais criou uma bizarra agremiação em nome da “nova política”, para logo se aliar a esquemas que sempre denunciou como “velha política”.
A candidata não lida com conceitos, mas com bordões tão midiáticos quanto vazios. Tenta surfar na onda da rejeição à política, em grande parte fabricada pelos meios de comunicação e a indústria cultural. Busca capitalizar para si e sua formação política o legítimo desejo difuso de mudanças na sociedade, pretende ser a intérprete das ruas e dos sentimentos profundos da população brasileira. Apropria-se da história de sacrifício e luta do chamado “povo da floresta” e aparece como herdeira de Chico Mendes, faz uso publicitário da sua condição de ex-ativista das comunidades eclesiais de base, ex-petista e ex-ministra de Lula. Explora ad-nauseam a fé evangélica e se tornou a porta- bandeira de visões obscurantistas e fundamentalistas, traço que já tinha exibido na campanha eleitoral de 2010.
A líder da Rede posa de oponente ao chamado agronegócio, estabelecendo com este uma disputa em torno das questões ligadas à defesa do meio-ambiente. Até nisto é útil aos interesses do imperialismo, pois longe de combater o latifúndio capitalista e seus indissolúveis laços com o capital financeiro, na verdade faz um discurso que serve aos interesses das economias concorrentes da brasileira nos mercados de commodities agrícolas.
Ultimamente, sob pretexto de lutar por uma “nova política”, Marina Silva se tornou uma rematada antipetista e se antagonizou com as correntes revolucionárias contemporâneas, algumas das quais no exercício do poder em países latino-americanos, quando bradou, ao se associar ao PSB, que seu objetivo é “eliminar o chavismo do PT".
Há tempos, Marina fez sua travessia, ultrapassou a linha demarcatória entre as forças progressistas e as reacionárias. Não representa a “terceira via”. Por enquanto, é a segunda opção da direita.
Marina não tem compromissos democráticos nítidos quanto aos movimentos sindicais e populares, com a política de valorização do salário mínimo, do trabalho e do emprego. Muito menos com a realização de uma política externa soberana. Comprometida com interesses facciosos de ONGs internacionais, não tem capacidade de unir as forças vivas da nação para enfrentar os desafios de um mundo conflituoso e sempre ameaçador para a soberania nacional dos países que lutam para se firmar como nações independentes e progressistas.
As mudanças progressistas iniciadas em 2003 precisam continuar e avançar. O povo brasileiro não vai comprometer essa caminhada apostando numa aventura funcional aos interesses da direita e das forças antinacionais.
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