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A ex-verde Marina Silva deverá ser confirmada como presidenciável do PSB nesta quarta-feira (20), mas já se encontra diante de um enorme dilema: ela será programática, como sempre alardeou a “sonhática” defensora da “nova política”, ou pragmática? Segundo o noticiário da mídia, que não esconde a sua excitação com a candidatura da ex-senadora do Acre, o PSB elaborou um “inventário” com todos os acordos políticos e financeiros firmados por Eduardo Campos. “Como vice, Marina foi mantida à margem destas negociações. Como cabeça da chapa, será convidada a avalizar os entendimentos – inclusive os que foram celebrados com partidos e candidatos que ela rejeita”, descreve Josias de Souza, o blogueiro da Folha.
Segundo o jornalista, “a decisão de apresentar a Marina os encargos que sobreviveram à morte de Campos foi tomada numa reunião da cúpula do PSB. O encontro ocorreu num flat de São Paulo, na noite da última sexta-feira (15). Ao final da conversa, Roberto Amaral, novo presidente do partido, incumbiu a senadora Lídice da Mata (BA) e a deputada Luíza Erundina (SP) de redigir o ‘inventário’”. O documento deverá exigir respeito aos acordos firmados com as outras cinco legendas que integram a coligação – PPS, PPL, PSL, PRP e PHS – e também às alianças heterodoxas, para não dizer pragmáticas, costuradas em vários estados. Em ambos os casos, Marina Silva precisará ceder para viabilizar a sua oficialização.
No caso dos cinco partidos coligados, foi graças a sua adesão que Eduardo Campos abocanhou cerca de dois minutos de propaganda eleitoral de rádio e tevê. “Em troca, comprometeu-se a ajudar no financiamento das campanhas de candidatos das legendas parceiras. Marina desconhece tais acertos. E o PSB acha que é essencial que ela os endosse. Para migrar da condição de vice para a de titular, Marina precisa ser referendada pela maioria dos partidos de sua coligação. Pelo menos quatro das seis legendas terão de votar a favor da mudança. Alguns dos nanicos cobram a ratificação dos acordos monetários encaminhados por Campos. Sob pena de não avalizarem a candidatura de Marina”, alerta Josias de Souza.
Já no caso das alianças, o cenário é ainda mais constrangedor – não é apenas um problema “monetário”. Em vários estados, Eduardo Campos fez costuras que foram explicitamente rechaçadas por Marina Silva. O caso mais grave foi o de São Paulo, onde o vice do tucano Geraldo Alckmin é o pessebista Marcio França. Irritada com a aliança, Marina Silva chegou a proibir confecção de materiais de campanha com o uso da sua imagem ao lado do governador. Agora, como presidenciável, ela não terá como evitar que milhares de candidatos da coligação à Câmara Federal e às assembleias estaduais usem a sua “sonhática” imagem – mesmo nas 13 campanhas em que ela rejeitou os acordos firmados anteriormente.
Segundo o jornal O Globo desta terça-feira (19), a tendência é que os “marineiros” engulam todas as condições impostas pelo PSB para viabilizar a candidatura. “O deputado Walter Feldman, fiel escudeiro de Marina e um dos fundadores do partido Rede, afirma que as alianças defendidas por Eduardo serão preservadas”. A única resistência, segundo o parlamentar paulista que já foi um dos principais quadros do PSDB, é a de que ela suba nos palanques de Geraldo Alckmin e do candidato ao governo do Rio de Janeiro, o petista Lindbergh Farias. Apesar destas rusgas, ele nega que a campanha já começa rachada, sem unidade. “O legado do Eduardo – as coligações estaduais – será mantido, não será alterado”.
O discurso de unidade, porém, não resiste aos fatos. Segundo um dirigente do PSB ouvido pelo jornalão, o cenário não é tão tranquilo assim. “Ela [Marina] vai ter que mudar o comportamento. Antes da morte de Eduardo, ela vinha se recusando a tirar fotos com alguns candidatos do PSB. Só aceitava tirar fotos com os candidatos ligados à Rede. Ela não suportava o Paulo Bornhausen, em Santa Catarina, e o Heráclito Fortes, no Piauí, mas não dá para continuar assim, excluindo nossos aliados... No fundo, ela só gosta da Luiza Erundina e do Maurício Rands. O resto, como o Rodrigo Rollemberg e o Beto Albuquerque, ela tolera. Então, a carta é muito mais voltada para os compromissos internos do que externos”.
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