Por Renato Rovai, em seu blog:
Ao mesmo tempo não se pode deixar de perceber uma narrativa midiática claramente politizada do episódio. Vários veículos de comunicação estão aproveitando o sentimento sincero de milhares de pessoas para capitalizar politicamente. O UOL, por exemplo, tem como um dos seus principais destaques desde cedo uma nota informando que Lula e Dilma teriam sido vaiados no velório. O próprio texto informa que depois os aplausos abafaram as vaias. Mas no título só há destaque para os apupos negativos.
Na GloboNews também se criou um clima de cobertura com toque oposicionista durante todo o dia. O jornalista Luis Carlos Azenha que está em Recife aponta que entre outras coisas a emissora escondeu a emoção de Lula.
Nas redes sociais, porém, o fato político de destaque foi outro. A foto em que Marina Silva aparece ao lado do caixão de Eduardo Campos sorrindo se tornou o meme do dia. O contexto da foto não é claro, mas muitos consideraram aquele sorriso como sinal de desrespeito. E um sinal de que ela estava feliz com o desfecho para a sua candidatura.
É preciso ter muito cuidado quando se é pessoa pública. Todos seus gestos podem ser mal interpretados a partir de um flagrante fora de contexto. No caso de Marina Silva, esse cuidado no velório de hoje deveria ter sido redobrado, afinal ela se tornará herdeira da vaga de Campos.
Dito isso, é preciso ser muito mal intencionado para tentar instrumentalizar politicamente essa foto atribuindo à candidata uma satisfação pela morte de Campos. Marina sorriu ao lado do caixão como muitos de nós já devemos ter feito isso ao lado de entes queridos. Em algum momento alguém conta uma história divertida do morto, fala de um momento em que ele fez algo emocionante ou mesmo conta uma piada e as pessoas riem.
O ser humano também ri em enterros. E isso às vezes é uma forma de homenagear aquele que se foi.
Marina terá uma campanha onde vai ter de ser questionada sobre muitas coisas. Ela precisará deixar mais claro suas posições a respeito da economia, de programas sociais, de obras na área energética, de com quem pretende governar se eleita, até porque se elegerá por um partido com o qual tem pouca identidade etc e tal. Mas tomara que não tenha que ficar dando explicações sobre uma foto em que sorria ao lado de um caixão. Tomara, também, que não busque fazer uso político da trágica morte de Eduardo Campos. Nem uma coisa nem outra farão bem ao processo democrático.
não era hora para selfies, nem de cara compungida
ResponderExcluirO "sorriso do lagarto". Marina é cavilosa, sonsa, traíra e desconstrutiva. De toda forma, não sei com quem foi o pacto. Mas, que ela queria ser candidata a presidenta, queria. Espantoso que para isso tenha sido preciso a morte de Eduardo Campos. Assim como, antes, foi espantoso ela ter se associado a Eduardo e se tornado sua vice. Espantosíssimo é ela, agora, vir a ser escolhida pelo PSB, para substituí-lo. Tudo é muito estranho... Como foi estranhíssimo o desfecho do jovem político pernambucano. Estranho, muuuiiiito estranho...
ResponderExcluirConcordo inteiramente com a Sra. Há tantas coisas fora do lugar que chega a parecer...como dizes: "muuuiiito.estranho" para não dizer suspeito. Mas como disse Shakespeare: "existem mais coisas entre o céu e a terra do que nos faz supor nossa vá filosofia". Corrija-me se estiver errado.
ExcluirO problema, Miro, foi a pose sorridente com um cotovelo apoiado no caixão.
ResponderExcluirIndependente da expressão facial, nunca antes vi uma pose com apoio de cotovelo sobre um corpo que se velava.
A simbologia não dá margem a nenhuma visão complacente.
E sobre o fato de Marina ter dito que foi a 'providência divina' que impediu ela de entrar no avião? Por que ela não avisou ao Campos?
ResponderExcluirQual seria a história da outra foto em que ela aparece dando tchauzinho para a câmera?
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