Por Renato Rovai, em seu blog:
O tucano começou falando sobre Eduardo Campos e disse que a melhor forma de homenageá-lo era colocar em práticas suas ideias. Ou seja, só faltou dizer que a melhor forma de homenageá-lo era votar nele, Aécio. Disse que o Brasil de hoje é um país muito melhor do que o de décadas atrás, mas que essa realidade vem mudando e que as conquistas estão em risco. Que a inflação já está batendo na sua porta e entrando na sua casa. E que os empregos estão começando a desaparecer e o país está perdendo o rumo. Para finalizar, disse que aquilo que depende dos próprios brasileiros está dando certo, mas o que depende do governo está dando errado.
Ou seja, Aécio vai apostar no discurso da crise. De que o país está no rumo errado e que precisa tocar o comando.
Isso não é exatamente uma novidade. Um candidato de oposição não pode ficar louvando a ação de quem está no cargo. Mas o tom do discurso parece ter passado do ponto. Afinal, a inflação está controlada, por exemplo, e não há uma crise de empregos.
O que mais surpreendeu no programa de Aécio foi a embalagem. As imagens pareciam toscas, quase amadoras. A narrativa também foi bem primária. E a fala do tucano não aparentava nem sinceridade e nem emoção. É muito estranho que isso tenha acontecido, até porque marqueteiros de alto nível trabalham com pesquisas qualitativas. Mas quem assistiu ao primeiro programa de TV de Serra em 2010 também deve se lembrar que ele foi bem fraco. Foi o programa do samba na laje com cenário fake no qual o candidato que era chamado de “Zé”.
Já o programa de Dilma não superou as expectativas, mas foi ao ponto do que parece ser a fraqueza da candidata, com uma linguagem clean e bem articulada. Começou dizendo que muita coisa aconteceu e que também muito havia acontecido sem que as pessoas tenham notado. Fica claro que durante o programa eleitoral o marketing de Dilma vai tentar mostrar aquilo que não foi bem comunicado durante seu governo. E de forma comparada. Por exemplo, o locutor fez questão de frisar que enquanto 60 milhões de empregos foram destruídos no exterior na maior crise internacional dos últimos tempos, no Brasil foram criados 11,9 milhões de empregos. E que neste período o país também fez um dos maiores conjuntos de obras de infraestrutura do mundo.
A mensagem é que o Brasil se preparou neste seu primeiro mandato para viver um novo ciclo de desenvolvimento. Este parece que vai ser o mote da campanha. E a presidenta será apresentada como “uma mulher que acorda cedo, trabalha muito, gosta de cozinhar, sente saudade da filha e do neto que mora longe. E que compartilha das esperanças do brasileiros”. Ou seja, como uma ser humano que vive os mesmos dilemas de um cidadão comum, mas que é obstinada.
Num dos momentos, Dilma diz: “Todo dia você tem que matar um leão e de certa forma subir e descer o Everest”. Por isso ela teria conseguido evitar que a crise internacional entrasse porta adentro da casa dos brasileiros. “Quem é pessimista não resolve, porque não dá o primeiro passo. Pessimista é a pessoa que desiste antes de começar”. Direto no ponto em relação à abordagem do programa de Aécio. Tudo isso num cenário bucólico, falando entre árvores, com som de pássaros ao fundo.
E o programa ainda teve Lula. Que disse que o segundo mandato dele foi bem melhor do que o primeiro. E que tem certeza de que com Dilma vai acontecer o mesmo. Ao final, depois do jingle que tem mensagens bem específicas para quem ainda não acha que a presidenta vá continuar, Lula voltou para falar sobre Eduardo Campos. “Tínhamos um afeto de pai e filho. Sua luta sempre foi e continuará sendo a nossa luta. Nós, nunca, jamais, vamos desistir do Brasil”.
A distância da qualidade do programa de Dilma para o de Aécio foi um oceano. É bem provável que a equipe do tucano melhore aos poucos a qualidade de seus produtos. Mas se depender desse programa de estréia, a petista pode melhorar muito nas próximas pesquisas.
O novo casal de coleópteros para a coleção do frei Leonardo.
ResponderExcluirO do pastor everaldo também!
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