O tucano Aécio Neves sairá desta campanha presidencial levando para casa uma importante lição: se denúncia elegesse alguém, a mídia estaria no poder, nem precisaria de intermediários.
Sem um discurso claro, sem bandeiras nem propostas, o ex-governador mineiro se contentou em ser, ao longo de toda a campanha eleitoral, apenas um ombudsman, um crítico ácido do governo de Dilma Rousseff.
A apenas 10 dias da eleição, Aécio está saindo dela do jeito que entrou, sem empolgar ninguém, limitado à ponte aérea Rio-Minas, com raras incursões em outras regiões do país. Em 1982, na primeira eleição direta para governadores após o golpe cívico-militar, meus colegas se queixavam da cobertura aborrecida da campanha de Franco Montoro, que acabou eleito: "Ele fala todo dia a mesma coisa. Não dá lead..."
"Lead" é a forma como os jornalistas chamam a abertura da matéria, que vai despertar nos eleitores, ou não, o interesse em ler o resto. Nesta campanha, Aécio repete Montoro e raramente consegue ocupar as manchetes, apesar do caudaloso conjunto de releases eletrônicos que seus assessores mandam todos os dias para os jornalistas, sob a curiosa rubrica "Aécio Minas 2014".
Em nenhum momento, o tucano se colocou como candidato realmente competitivo, nem antes nem depois da tragédia com Eduardo Campos, com quem disputava uma vaga no segundo turno, e que acabou sendo um divisor de águas na campanha, alçando à disputa direta com Dilma a ex-senadora Marina Silva, do PSB.
A impressão que se tem é que Aécio acorda cedo para ter mais tempo de ler todos os jornais e ali buscar inspiração para seus discursos e entrevistas do dia. Em lugar de agenda própria, parece seguir uma pauta pré-determinada pelo noticiário da mídia aliada.
Para atacar a presidente, vale qualquer assunto, da subida ou da queda do dólar e das bolsas, das últimas denúncias contra o governo federal ao pronunciamento da presidente na ONU. Se não houver novidade, é só voltar ao tema Petrobras, um inesgotável paiol de munição para os candidatos oposicionistas de qualquer calibre.
O jogo está jogado e agora falta pouco tempo para a abertura das urnas. diretora-executiva do Ibope Inteligência, a analista Márcia Cavallari já deu o quadro por consolidado no primeiro turno, com Dilma e Marina indo para o segundo, em disputa que promete ser acirrada. Para ela, teremos um segundo turno bastante apertado. "O cenário está totalmente aberto para a vitória de qualquer uma das duas".
O nome de Aécio nem entrou em consideração, mas ela deixou uma porta aberta, ao admitir que "qualquer novo episódio na campanha presidencial pode ter um efeito rápido nas intenções de voto". É nisso que Aécio joga suas últimas fichas, enquanto não saem as revistas de final de semana.
De fato, as únicas esperanças do tucano para virar o jogo concentram-se agora em possíveis novos vazamentos de delações premiadas do doleiro e do ex-diretor da Petrobras presos no Paraná _ e só lhe resta rezar para que aconteçam logo.
É muito pouco, convenhamos, para quem se dispôs a disputar o mais alto cargo da República pelo maior partido da oposição.
Para piorar a situação, o tucano vai mal das pernas também em Minas, embora tenha terminado seu segundo mandato de governador com altos índices de aprovação, e de onde esperava sair com uma grande vantagem para compensar sua votação nanica em outras regiões, especialmente no Nordeste.
Tanto na eleição presidencial como na estadual, Aécio corre agora o risco de sofrer uma surra histórica em sua própria terra. Sem projeto político federal, embora seja o presidente do PSDB, é para Minas que precisará voltar para juntar os cacos, embora prefira morar no Rio. Resta-lhe reocupar sua cadeira no Senado e voltar para a coluna da página 2 da Folha, onde escrevia antes de sair candidato. É muito pouco para quem sonhou tão alto por tanto tempo.
Sem um discurso claro, sem bandeiras nem propostas, o ex-governador mineiro se contentou em ser, ao longo de toda a campanha eleitoral, apenas um ombudsman, um crítico ácido do governo de Dilma Rousseff.
A apenas 10 dias da eleição, Aécio está saindo dela do jeito que entrou, sem empolgar ninguém, limitado à ponte aérea Rio-Minas, com raras incursões em outras regiões do país. Em 1982, na primeira eleição direta para governadores após o golpe cívico-militar, meus colegas se queixavam da cobertura aborrecida da campanha de Franco Montoro, que acabou eleito: "Ele fala todo dia a mesma coisa. Não dá lead..."
"Lead" é a forma como os jornalistas chamam a abertura da matéria, que vai despertar nos eleitores, ou não, o interesse em ler o resto. Nesta campanha, Aécio repete Montoro e raramente consegue ocupar as manchetes, apesar do caudaloso conjunto de releases eletrônicos que seus assessores mandam todos os dias para os jornalistas, sob a curiosa rubrica "Aécio Minas 2014".
Em nenhum momento, o tucano se colocou como candidato realmente competitivo, nem antes nem depois da tragédia com Eduardo Campos, com quem disputava uma vaga no segundo turno, e que acabou sendo um divisor de águas na campanha, alçando à disputa direta com Dilma a ex-senadora Marina Silva, do PSB.
A impressão que se tem é que Aécio acorda cedo para ter mais tempo de ler todos os jornais e ali buscar inspiração para seus discursos e entrevistas do dia. Em lugar de agenda própria, parece seguir uma pauta pré-determinada pelo noticiário da mídia aliada.
Para atacar a presidente, vale qualquer assunto, da subida ou da queda do dólar e das bolsas, das últimas denúncias contra o governo federal ao pronunciamento da presidente na ONU. Se não houver novidade, é só voltar ao tema Petrobras, um inesgotável paiol de munição para os candidatos oposicionistas de qualquer calibre.
O jogo está jogado e agora falta pouco tempo para a abertura das urnas. diretora-executiva do Ibope Inteligência, a analista Márcia Cavallari já deu o quadro por consolidado no primeiro turno, com Dilma e Marina indo para o segundo, em disputa que promete ser acirrada. Para ela, teremos um segundo turno bastante apertado. "O cenário está totalmente aberto para a vitória de qualquer uma das duas".
O nome de Aécio nem entrou em consideração, mas ela deixou uma porta aberta, ao admitir que "qualquer novo episódio na campanha presidencial pode ter um efeito rápido nas intenções de voto". É nisso que Aécio joga suas últimas fichas, enquanto não saem as revistas de final de semana.
De fato, as únicas esperanças do tucano para virar o jogo concentram-se agora em possíveis novos vazamentos de delações premiadas do doleiro e do ex-diretor da Petrobras presos no Paraná _ e só lhe resta rezar para que aconteçam logo.
É muito pouco, convenhamos, para quem se dispôs a disputar o mais alto cargo da República pelo maior partido da oposição.
Para piorar a situação, o tucano vai mal das pernas também em Minas, embora tenha terminado seu segundo mandato de governador com altos índices de aprovação, e de onde esperava sair com uma grande vantagem para compensar sua votação nanica em outras regiões, especialmente no Nordeste.
Tanto na eleição presidencial como na estadual, Aécio corre agora o risco de sofrer uma surra histórica em sua própria terra. Sem projeto político federal, embora seja o presidente do PSDB, é para Minas que precisará voltar para juntar os cacos, embora prefira morar no Rio. Resta-lhe reocupar sua cadeira no Senado e voltar para a coluna da página 2 da Folha, onde escrevia antes de sair candidato. É muito pouco para quem sonhou tão alto por tanto tempo.
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