Por Altamiro Borges
O ex-presidente FHC, um dos políticos mais rejeitados da história do país – rifado até por Aécio Neves nos seus programas de televisão –, está desesperado. Pelo jeito, ele também já antevê o fim melancólico do PSDB – como previram nestes dias o filósofo tucano José Arthur Gianotti e o deputado Walter Feldman, o ex-tucano que abandonou o ninho e hoje dirige a campanha de Marina Silva. Nesta semana, num jantar oferecido pelo empresário João Doria Jr., aquele mesmo do movimento golpista “Cansei”, FHC radicalizou seu discurso e confessou: “Estamos aqui para apelar. E eu apelo mesmo”. Vale conferir o relato de Mônica Bergamo, publicado na Folha desta quarta-feira (17):
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“Todo brasileiro tem orgulho de lembrar que um dia teve no poder um presidente como Fernando Henrique Cardoso. Ainda mais diante dos desmandos, das falcatruas, das mentiras, dos equívocos de um governo [o da presidente Dilma Rousseff] que não governa, desgoverna”, disparou o empresário João Doria Jr., anteontem, em sua casa, nos Jardins, ao anunciar que FHC falaria à plateia de empresários que se reuniram para homenagear o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
O ex-presidente, que dividia a mesa com empresários como Pedro Passos, da Natura, Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, e Marcelo Odebrecht, se dirigiu ao microfone. "Com um apresentador como o João Doria, não há como não receber palmas no palco", brincou.
E logo subiu o tom, até um pouco acima do que costuma adotar nessas ocasiões. "Eu acordei há alguns dias e li as revistas [semanais de informação]. Eu sou uma pessoa de energia. Mas confesso a vocês que fiquei golpeado [ao ler reportagens sobre supostos desvios na Petrobras]."
"Até que ponto vão abusar da nossa paciência?", disse FHC, elevando a voz. "Estamos numa situação calamitosa no Brasil, que causa repulsa e indignação."
Em seguida, Fernando Henrique deu declarações que foram consideradas por muitos dos presentes como indiretas à candidata Marina Silva. "Não é com convicções arraigadas mas equivocadas que se muda o país. Não é só com boa vontade que as coisas mudam."
O ex-presidente encerrou o seu discurso: "Vamos ser francos: eleição se ganha no dia. Estamos aqui para apelar. E eu apelo mesmo. Minhas palavras não são de desespero, mas de convicção. E também não sou ingênuo. Com fé e convicção, vamos mudar esse país".
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O ex-presidente pode até afirmar que “minhas palavras não são de desespero”. Mas nem os ricaços presentes ao convescote acreditam na bravata. FHC teme uma quarta vitória das forças que elegeram Lula em outubro de 2002. Pior ainda: teme que Lula retorne ao Palácio do Planalto em 2018. Ele sabe que o PSDB – um partido fisiológico, sem propostas e sem novos líderes – não aguentaria tanto tempo fora do poder. O seu temor é que os tucanos tenham o mesmo destino dos demos, que rumam celeremente para o inferno – se o diabo deixar. Como teorizou o “tucanóide” José Arthur Gianotti, em entrevista ao Estadão, a tendência é que a sigla acabe. “Restará um partido estilhaçado”.
Não é para menos que FHC se movimenta tanto nos bastidores – em público ele evita aparecer porque espanta eleitores, conforme detectou recente pesquisa do Ibope. Em surdina, o ex-presidente não hesitaria inclusive em apunhalar seu cambaleante pupilo, Aécio Neves, para derrotar Dilma. Há especulações de que ele já teria se articulado com o amigo Walter Feldman, coordenador da campanha de Marina Silva, e não apenas para um apoio no segundo turno. FHC também tem pregado que o PSDB não deve atacar a ex-verde, que o objetivo principal é derrotar o temido “lulopetismo”. “O chumbo grosso deve se concentrar no PT e, portanto, na Dilma”, afirmou nesta semana.
Não dá para esconder. O grão-tucano está desesperado e disposto a “apelar”!
O ex-presidente FHC, um dos políticos mais rejeitados da história do país – rifado até por Aécio Neves nos seus programas de televisão –, está desesperado. Pelo jeito, ele também já antevê o fim melancólico do PSDB – como previram nestes dias o filósofo tucano José Arthur Gianotti e o deputado Walter Feldman, o ex-tucano que abandonou o ninho e hoje dirige a campanha de Marina Silva. Nesta semana, num jantar oferecido pelo empresário João Doria Jr., aquele mesmo do movimento golpista “Cansei”, FHC radicalizou seu discurso e confessou: “Estamos aqui para apelar. E eu apelo mesmo”. Vale conferir o relato de Mônica Bergamo, publicado na Folha desta quarta-feira (17):
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“Todo brasileiro tem orgulho de lembrar que um dia teve no poder um presidente como Fernando Henrique Cardoso. Ainda mais diante dos desmandos, das falcatruas, das mentiras, dos equívocos de um governo [o da presidente Dilma Rousseff] que não governa, desgoverna”, disparou o empresário João Doria Jr., anteontem, em sua casa, nos Jardins, ao anunciar que FHC falaria à plateia de empresários que se reuniram para homenagear o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
O ex-presidente, que dividia a mesa com empresários como Pedro Passos, da Natura, Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, e Marcelo Odebrecht, se dirigiu ao microfone. "Com um apresentador como o João Doria, não há como não receber palmas no palco", brincou.
E logo subiu o tom, até um pouco acima do que costuma adotar nessas ocasiões. "Eu acordei há alguns dias e li as revistas [semanais de informação]. Eu sou uma pessoa de energia. Mas confesso a vocês que fiquei golpeado [ao ler reportagens sobre supostos desvios na Petrobras]."
"Até que ponto vão abusar da nossa paciência?", disse FHC, elevando a voz. "Estamos numa situação calamitosa no Brasil, que causa repulsa e indignação."
Em seguida, Fernando Henrique deu declarações que foram consideradas por muitos dos presentes como indiretas à candidata Marina Silva. "Não é com convicções arraigadas mas equivocadas que se muda o país. Não é só com boa vontade que as coisas mudam."
O ex-presidente encerrou o seu discurso: "Vamos ser francos: eleição se ganha no dia. Estamos aqui para apelar. E eu apelo mesmo. Minhas palavras não são de desespero, mas de convicção. E também não sou ingênuo. Com fé e convicção, vamos mudar esse país".
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O ex-presidente pode até afirmar que “minhas palavras não são de desespero”. Mas nem os ricaços presentes ao convescote acreditam na bravata. FHC teme uma quarta vitória das forças que elegeram Lula em outubro de 2002. Pior ainda: teme que Lula retorne ao Palácio do Planalto em 2018. Ele sabe que o PSDB – um partido fisiológico, sem propostas e sem novos líderes – não aguentaria tanto tempo fora do poder. O seu temor é que os tucanos tenham o mesmo destino dos demos, que rumam celeremente para o inferno – se o diabo deixar. Como teorizou o “tucanóide” José Arthur Gianotti, em entrevista ao Estadão, a tendência é que a sigla acabe. “Restará um partido estilhaçado”.
Não é para menos que FHC se movimenta tanto nos bastidores – em público ele evita aparecer porque espanta eleitores, conforme detectou recente pesquisa do Ibope. Em surdina, o ex-presidente não hesitaria inclusive em apunhalar seu cambaleante pupilo, Aécio Neves, para derrotar Dilma. Há especulações de que ele já teria se articulado com o amigo Walter Feldman, coordenador da campanha de Marina Silva, e não apenas para um apoio no segundo turno. FHC também tem pregado que o PSDB não deve atacar a ex-verde, que o objetivo principal é derrotar o temido “lulopetismo”. “O chumbo grosso deve se concentrar no PT e, portanto, na Dilma”, afirmou nesta semana.
Não dá para esconder. O grão-tucano está desesperado e disposto a “apelar”!
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Se vai mesmo, já vai tarde, o País agradece.
ResponderExcluirPosso estar enganado, e espero que não, mas to achando que esse apoio do PSDB a Marina num segundo turno seria um tiro no pé da ex-senadora, pois ficaria realmente evidenciado para o eleitor de que lado ela esta. Como você mesmo citou FHC não tem boa receptividade, a memoria do seu desastrado governo ainda é viva na lembrança de muitos
ResponderExcluirÉ bom o pessoal do psdb se apressar para homenagear o chuchu. Mas não percam tempo, pois o volume do Cantareira ainda tem 8%. Depois é o caos.
ResponderExcluirEstava pensando e cheguei a conclusão que Religioso não poderia ser político, não é ético, Igreja é isenta de impostos, não há controle fiscal de doações recebidas, ai teremos um ENORME caixa dois, sim a corrupção caminhará junto... EU NÃO VOTO EM RELIGIOSO, Padre, Pastor, Evangélico etc......
ResponderExcluirO ataque de Luciana Genro a Aécio Neves no debate organizado ontem (16) pela CNBB lembrou os velhos tempos do PT, anterior à vitória de Lula em 2002. Dura e afiada, Luciana encarou o adversário como opositor de classe. Não perdoou um segundo. Típico embate dos primeiros anos da vida do Partido dos Trabalhadores e de toda tradição de esquerda marxista onde o programa está acima de tudo. Aécio revelou total desconhecimento deste terreno de disputa. Fugiu, tentou mudar de assunto, tentou desqualificar Luciana. Continuou sendo caçado pela verve metálica da candidata do PSOL como num carrossel enlouquecido.
ResponderExcluirA trajetória de Luciana Genro cruza com a de outros militantes que foram alijados do centro do processo decisório do PT. Daí certa surpresa de muitos que acompanharam o debate de ontem. Até então, era Eduardo Jorge, outro ex-militante petista, médico sanitarista oriundo do Partidão que sempre atuou na periferia da cidade de São Paulo, que chamava a atenção pela desenvoltura e perspicácia, além de objetividade e clareza programática. Mas havia mais gente oriunda do PT no debate de ontem. E gente que nunca esteve no centro do poder do lulismo. Era o caso de Luciana Genro. Forjada no PT pré-lulismo, vimos na tela de televisão ressurgir a escola das correntes internas do PT. Uma agressividade desconcertante, foco ideológico e programático, rapidez de raciocínio e coragem.
A ausência deste PT no PT de hoje é o que cria tanta perplexidade em militantes contemporâneos do partido de Lula quando jovens saem às ruas em protesto. E é o que cria frio na barriga quando Dilma Rousseff entra no estúdio para debater com seus adversários.
A ausência, enfim, é o que está transformando o PT em Partido da Ordem.