Por Altamiro Borges
Com suas capas tenebrosas e suas reportagens sem consistência, a revista Veja voltou à carga nesta semana. Como sempre faz às vésperas das eleições, a publicação da falida dinastia Civita procura interferir na disputa em curso. Num processo que ainda está sob investigação – e que deve ir fundo, com a exemplar punição dos corruptores e corruptos –, ela abre espaço para o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que tenta desesperadamente obter o privilégio da “delação premiada”. Com pena prevista de 30 anos de prisão, o bandido confesso acusa várias figuras da política nacional. A revista dá guarita ao delator e respalda as suas acusações, mesmo sem apresentar provas concretas.
O restante da mídia vibra com o novo escândalo da Veja. Muitos “calunistas” não escondem que a “delação” pode reduzir a vantagem de Dilma Rousseff na corrida presidencial. Outros afirmam que ela pode ajudar a desinflar a candidatura de Marina Silva, que foi alavancada pela própria imprensa e acabou atropelando Aécio Neves, o preferido dos barões da mídia. Reinaldo Azevedo, o pitbull da Veja e da Folha, não omite a sua alegria. Nesta semana, amargurado com o cenário eleitoral, ele chegou a aventar a possibilidade de “criar galinhas – a tentação é grande”. Agora, porém, ele está novamente radiante e não esconde os objetivos dos seus empregadores do Grupo Abril:
“Veja teve acesso a parte do depoimento de Paulo Roberto e traz reportagens exclusivas na edição desta semana, com a lista dos nomes citados por Paulo Roberto. Entre eles, estão cabeças coroadas da política brasileira, como o ex-governador Eduardo Campos, que morreu numa acidente aéreo no dia 13 de agosto... Uma coisa é certa: as revelações de Paulo Roberto atingem em cheio as duas candidatas que lideram a disputa pela Presidência: Dilma, por razões óbvias, e Marina, por razões menos óbvias, mas ainda assim evidentes. Ela é a atual candidata do PSB”. Antes da apuração das denúncias, a mídia tucana já festeja a possibilidade da recuperação de Aécio Neves, o cambaleante presidenciável do PSDB.
A jogada é evidente e só não é percebida pelos leitores mais tacanhos da Veja e dos viciados na telinha da Globo. A estes caberia a pergunta: Por que a mesma revista, que adora a escandalização da política, nunca deu capa para os tucanos metidos em maracutaias? Esta seletividade não é estranha? Não evidencia que esta revista e outros veículos da mídia privada se transformaram em partidos políticos? Para ajudar nesta reflexão – se é que algum leitor da Veja está disposto a usar os neurônios –, vale reproduzir uma notinha do jornal Valor de 15 de agosto passado:
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Empresas suspeitas de cartel doam 70% do arrecadado por Alckmin
O governador de São Paulo e candidato à reeleição Geraldo Alckmin (PSDB) recebeu R$ 4 milhões em doações para sua campanha eleitoral de três empresas que são investigadas por fraudes e formação de cartel em licitações do metrô de São Paulo e do Distrito Federal. O valor corresponde a 70% do total de R$ 5,7 milhões arrecadado pelo candidato... Duas das empresas doadoras já são rés em processos na Justiça: a construtora Queiróz Galvão e a CR Almeida S/A Engenharia de Obras, que doaram respectivamente R$ 2 milhões e R$ 1 milhão ao comitê financeiro estadual para governador do PSDB. A Serveng Civilsan S/A Empresas Associadas de Engenharia, que é investigada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), colaborou com R$ 1 milhão.
Executivos dos consórcios dos quais fazem parte, a CR Almeida S/A Engenharia de Obras e a Construtora Queiroz Galvão foram denunciados em 2012 por suspeita de fraude e formação de cartel na licitação para ampliar a linha 5-lilás do Metrô de São Paulo. No total, 14 funcionários de 12 construtoras foram denunciados no caso. As assessorias da Queiróz Galvão e da CR Almeida informaram que todas as doações são feitas de acordo com a legislação vigente.
A licitação foi aberta em outubro de 2008, quando o governador de São Paulo era José Serra (PSDB) - ele deixou o cargo em 2010 para disputar a Presidência da República. Atualmente o tucano disputa uma vaga no Senado. Em 2013 Serra divulgou nota para afirmar que o governo de São Paulo não teve conhecimento e não deu aval para cartel em licitações do metrô. A Serveng é investigada pelo Cade por suspeita de fraude em licitações realizadas em 2007 para compra de equipamento ferroviário e manutenção de linhas de metrô no Distrito Federal.
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Com suas capas tenebrosas e suas reportagens sem consistência, a revista Veja voltou à carga nesta semana. Como sempre faz às vésperas das eleições, a publicação da falida dinastia Civita procura interferir na disputa em curso. Num processo que ainda está sob investigação – e que deve ir fundo, com a exemplar punição dos corruptores e corruptos –, ela abre espaço para o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que tenta desesperadamente obter o privilégio da “delação premiada”. Com pena prevista de 30 anos de prisão, o bandido confesso acusa várias figuras da política nacional. A revista dá guarita ao delator e respalda as suas acusações, mesmo sem apresentar provas concretas.
O restante da mídia vibra com o novo escândalo da Veja. Muitos “calunistas” não escondem que a “delação” pode reduzir a vantagem de Dilma Rousseff na corrida presidencial. Outros afirmam que ela pode ajudar a desinflar a candidatura de Marina Silva, que foi alavancada pela própria imprensa e acabou atropelando Aécio Neves, o preferido dos barões da mídia. Reinaldo Azevedo, o pitbull da Veja e da Folha, não omite a sua alegria. Nesta semana, amargurado com o cenário eleitoral, ele chegou a aventar a possibilidade de “criar galinhas – a tentação é grande”. Agora, porém, ele está novamente radiante e não esconde os objetivos dos seus empregadores do Grupo Abril:
“Veja teve acesso a parte do depoimento de Paulo Roberto e traz reportagens exclusivas na edição desta semana, com a lista dos nomes citados por Paulo Roberto. Entre eles, estão cabeças coroadas da política brasileira, como o ex-governador Eduardo Campos, que morreu numa acidente aéreo no dia 13 de agosto... Uma coisa é certa: as revelações de Paulo Roberto atingem em cheio as duas candidatas que lideram a disputa pela Presidência: Dilma, por razões óbvias, e Marina, por razões menos óbvias, mas ainda assim evidentes. Ela é a atual candidata do PSB”. Antes da apuração das denúncias, a mídia tucana já festeja a possibilidade da recuperação de Aécio Neves, o cambaleante presidenciável do PSDB.
A jogada é evidente e só não é percebida pelos leitores mais tacanhos da Veja e dos viciados na telinha da Globo. A estes caberia a pergunta: Por que a mesma revista, que adora a escandalização da política, nunca deu capa para os tucanos metidos em maracutaias? Esta seletividade não é estranha? Não evidencia que esta revista e outros veículos da mídia privada se transformaram em partidos políticos? Para ajudar nesta reflexão – se é que algum leitor da Veja está disposto a usar os neurônios –, vale reproduzir uma notinha do jornal Valor de 15 de agosto passado:
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Empresas suspeitas de cartel doam 70% do arrecadado por Alckmin
O governador de São Paulo e candidato à reeleição Geraldo Alckmin (PSDB) recebeu R$ 4 milhões em doações para sua campanha eleitoral de três empresas que são investigadas por fraudes e formação de cartel em licitações do metrô de São Paulo e do Distrito Federal. O valor corresponde a 70% do total de R$ 5,7 milhões arrecadado pelo candidato... Duas das empresas doadoras já são rés em processos na Justiça: a construtora Queiróz Galvão e a CR Almeida S/A Engenharia de Obras, que doaram respectivamente R$ 2 milhões e R$ 1 milhão ao comitê financeiro estadual para governador do PSDB. A Serveng Civilsan S/A Empresas Associadas de Engenharia, que é investigada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), colaborou com R$ 1 milhão.
Executivos dos consórcios dos quais fazem parte, a CR Almeida S/A Engenharia de Obras e a Construtora Queiroz Galvão foram denunciados em 2012 por suspeita de fraude e formação de cartel na licitação para ampliar a linha 5-lilás do Metrô de São Paulo. No total, 14 funcionários de 12 construtoras foram denunciados no caso. As assessorias da Queiróz Galvão e da CR Almeida informaram que todas as doações são feitas de acordo com a legislação vigente.
A licitação foi aberta em outubro de 2008, quando o governador de São Paulo era José Serra (PSDB) - ele deixou o cargo em 2010 para disputar a Presidência da República. Atualmente o tucano disputa uma vaga no Senado. Em 2013 Serra divulgou nota para afirmar que o governo de São Paulo não teve conhecimento e não deu aval para cartel em licitações do metrô. A Serveng é investigada pelo Cade por suspeita de fraude em licitações realizadas em 2007 para compra de equipamento ferroviário e manutenção de linhas de metrô no Distrito Federal.
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Esta denúncia, bem mais concreta e que não precisou de qualquer “delação premiada”, não virou capa da revista Veja. Por que será?
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