Por Theófilo Rodrigues, no blog O Cafezinho:
Durante o período da ditadura civil-militar entre 1964 e 1985 a imprensa brasileira sofreu uma das épocas mais duras de censura de sua curta história. Censores nomeados pelo governo militar ocupavam permanentemente as redações prontos para dizer o que poderia e o que não poderia ser publicado naquele dia. Página infeliz de nossa história que ficou para trás. Ao menos em parte…
Com a redemocratização a imprensa brasileira conseguiu escapar dos censores militares. Mas um novo tipo de censura ainda predomina nas redações. E esse tipo de censura possui duas dimensões diferentes daquela existente no período da ditadura.
A primeira dimensão da atual censura é aquela que vem dos aquários. Para quem não sabe, no jornalismo o aquário é aquela salinha com parede de vidro onde os chefes de redação reúnem-se para definir a pauta do dia. E ai do funcionário que quiser discordar…
Um exemplo bem conhecido é o do atual jornalista da Record Rodrigo Vianna. Em 2006 Vianna recusou-se a manter a cobertura de ataque permanente a campanha de Lula feita pela Rede Globo. Foi chamado no aquário para ser demitido após suas críticas.
Mais recentemente dois casos tiveram destaque nas redes sociais. Primeiro foi Xico Sá, colunista da Folha de São Paulo que teve um artigo proibido de ser publicado por defender a candidatura de Dilma. Xico não entendeu, afinal diversos outros colunistas estavam declarando apoio a Aécio e nada lhes aconteceu.
Logo em seguida veio a notícia de que a editora de País do jornal O Globo, Fernanda Escóssia, teria sido afastada da redação por não estar criticando como deveria a Petrobras e o governo federal. A jornalista foi substituída por Luis Antonio Novais que segundo alguns blogs é uma pessoa de confiança do comando da redação para a cobertura eleitoral.
Claro, alguém poderia dizer que isso é normal. Afinal de contas a Folha de São Paulo e a Globo são empresas privadas e podem ter a linha editorial que quiserem. Só que não. Seria simples assim apenas se tivéssemos uma pluralidade e uma diversidade de jornais que garantissem uma plena liberdade de imprensa. Não é o caso. Os veículos são poucos e a informação produzida é a mesma.
Falei apenas de uma dimensão da censura. Mas ainda existe uma outra. É aquela que vem dos governos estaduais. Como todos sabem os jornais recebem financiamento através de publicidade oficial dos governos estaduais. Ocorre que a forma como se dá esse financiamento não é nada transparente. Em Minas Gerais, por exemplo, inacreditavelmente a responsável por escolher os jornais que receberiam as verbas do governo mineiro era a irmã do próprio governador, Andrea Neves.
A conclusão é simples: não haverá liberdade de imprensa no Brasil enquanto não houver transparência no financiamento público que garanta pluralidade e diversidade de informações. A liberdade de imprensa não pode ser refém de oligopólios, nem de chantagens de governos. Esse dia chegará.
* Theófilo Rodrigues é cientista político, coordenador do Barão de Itararé no Rio de Janeiro e colunista no blog O Cafezinho.
Durante o período da ditadura civil-militar entre 1964 e 1985 a imprensa brasileira sofreu uma das épocas mais duras de censura de sua curta história. Censores nomeados pelo governo militar ocupavam permanentemente as redações prontos para dizer o que poderia e o que não poderia ser publicado naquele dia. Página infeliz de nossa história que ficou para trás. Ao menos em parte…
Com a redemocratização a imprensa brasileira conseguiu escapar dos censores militares. Mas um novo tipo de censura ainda predomina nas redações. E esse tipo de censura possui duas dimensões diferentes daquela existente no período da ditadura.
A primeira dimensão da atual censura é aquela que vem dos aquários. Para quem não sabe, no jornalismo o aquário é aquela salinha com parede de vidro onde os chefes de redação reúnem-se para definir a pauta do dia. E ai do funcionário que quiser discordar…
Um exemplo bem conhecido é o do atual jornalista da Record Rodrigo Vianna. Em 2006 Vianna recusou-se a manter a cobertura de ataque permanente a campanha de Lula feita pela Rede Globo. Foi chamado no aquário para ser demitido após suas críticas.
Mais recentemente dois casos tiveram destaque nas redes sociais. Primeiro foi Xico Sá, colunista da Folha de São Paulo que teve um artigo proibido de ser publicado por defender a candidatura de Dilma. Xico não entendeu, afinal diversos outros colunistas estavam declarando apoio a Aécio e nada lhes aconteceu.
Logo em seguida veio a notícia de que a editora de País do jornal O Globo, Fernanda Escóssia, teria sido afastada da redação por não estar criticando como deveria a Petrobras e o governo federal. A jornalista foi substituída por Luis Antonio Novais que segundo alguns blogs é uma pessoa de confiança do comando da redação para a cobertura eleitoral.
Claro, alguém poderia dizer que isso é normal. Afinal de contas a Folha de São Paulo e a Globo são empresas privadas e podem ter a linha editorial que quiserem. Só que não. Seria simples assim apenas se tivéssemos uma pluralidade e uma diversidade de jornais que garantissem uma plena liberdade de imprensa. Não é o caso. Os veículos são poucos e a informação produzida é a mesma.
Falei apenas de uma dimensão da censura. Mas ainda existe uma outra. É aquela que vem dos governos estaduais. Como todos sabem os jornais recebem financiamento através de publicidade oficial dos governos estaduais. Ocorre que a forma como se dá esse financiamento não é nada transparente. Em Minas Gerais, por exemplo, inacreditavelmente a responsável por escolher os jornais que receberiam as verbas do governo mineiro era a irmã do próprio governador, Andrea Neves.
A conclusão é simples: não haverá liberdade de imprensa no Brasil enquanto não houver transparência no financiamento público que garanta pluralidade e diversidade de informações. A liberdade de imprensa não pode ser refém de oligopólios, nem de chantagens de governos. Esse dia chegará.
* Theófilo Rodrigues é cientista político, coordenador do Barão de Itararé no Rio de Janeiro e colunista no blog O Cafezinho.
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