Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:
Enumero abaixo, o que considero as lições mais importantes deste primeiro turno.
1) Não acreditar em pesquisa, mesmo as favoráveis para nosso campo. É impossível ignorá-las, mas não se deve considerá-las excessivamente. Não entro no mérito de sua honestidade; mas é óbvio que não estão dando conta de captar a dinâmica da opinião dos eleitores. O Brasil ficou grande e complexo demais. Erraram para todos os lados.
Mesmo sem acreditar, não devemos esquecer que todas as pesquisas apontavam vitória de Dilma num eventual segundo turno com Aécio Neves. Num primeiro momento, o impacto do primeiro turno pode até favorecer Aécio, mas os números devem estabilizar-se ao longo das próximas semanas, num patamar parecido ao que tínhamos antes da votação.
2) Manter o sangue frio. Dilma venceu o primeiro turno com 43 milhões de votos, contra 35 milhões de Aécio e 22 milhões de Marina. Vamos fazer um cálculo rápido para ver quantos votos serão necessários para uma vitória no segundo round.
Vamos estimar que os votos válidos no segundo turno repitam os do primeiro: 104 milhões de votos. Isso quer dizer que o vencedor precisa ter, no mínimo, 52 milhões de votos. Em 2010, Dilma obteve 55 milhões de votos no segundo turno.
Dilma precisa, portanto, manter o seu eleitorado (ou seja, os 43 milhões de votos no 1º turno) e ganhar aproximadamente 9 milhões de votos para vencer as eleições. A presidenta pode encontrar esses votos sobretudo no Nordeste, no Norte, no Rio de Janeiro, em Minas, e no Rio Grande do Sul.
Aécio, por sua vez, tem de manter o seu eleitorado e ganhar 17 milhões de votos. Ele vai atrás desse voto sobretudo em São Paulo, mas não tem muito espaço no Rio ou no Nordeste, por exemplo.
É evidente que Dilma tem melhores condições de vitória. O favoritismo ainda é dela.
A presidenta elegeu uma bancada mais que duas vezes maior que a de seu adversário, tanto no Senado quanto na Câmara.
Abaixo, infográficos publicados no jornal Valor, de hoje.
A Rede, “partido” de Marina, por sua vez, elegeu apenas 1 deputado federal, o que o torna inferior à bancada de José Maria Eymel, e do mesmo tamanho que o PRTB, de Levy Fidelix. O deputado eleito da Rede é Eliziane Gama, do Maranhão, usando a barriga de aluguel do PPS.
3) A estratégia de apontar as contradições de Marina Silva deu certo. A imprensa está cheia de entrevistas e análises tentando orientar o comportamento da militância petista. Tática para enganar trouxa. As lideranças entrevistadas, naturalmente, falam que são contra a agressividade. Tudo papo de político satisfeito com a vitória em seu estado, posando de bons moços para os jornais.
A campanha tucana e midiática nunca foi propositiva, e sempre apostou pesadamente na agressividade e na desconstrução do adversário.
As redes sociais têm de repetir a tática que deu certo com Marina: expor suas contradições, vícios e defeitos.
4) Com a decisão de Marina Silva de apoiar Aécio Neves, ela completa o ciclo da traição. Há alguns meses, ela se recusava sequer a partilhar o mesmo palanque que o PSDB, e agora vai apoiar a sua vitória?
5) O papo de divisão entre Norte e Sul é balela. Dilma obteve uma votação extraordinária nas regiões Sul e Sudeste. Ganhou no Rio de Janeiro e Minas Gerais, sendo que, neste último, o seu partido conquistou o governo do estado. Dilma também ganhou no Rio Grande do Sul.
A eleição para governador, com a vitória de Beto Richa e Alckmin no primeiro turno, envolveu muito o eleitor. Esse fator pesará menos no segundo turno presidencial.
Dilma obteve 20 milhões de votos no Sudeste, contra 25 milhões de Aécio. A vantagem tucana concentrou-se sobretudo em São Paulo, onde teve 4 milhões de votos a mais que Dilma, e Paraná, onde registrou vantagem de 1 milhão de votos.
6) A polarização social do eleitorado também não é absoluta. As pesquisas de intenção de voto falharam gravemente em alguns estados, mas a sua estrutura interna não pode ter fugido muito à realidade. E elas apontavam Dilma superando Marina em todas as faixas de renda. Aécio ganhava apenas entre famílias com renda superior a 10 salários.
Há uma classe média numerosa que vota em Dilma, ou que pode vir a votar na presidenta. A aprovação maciça ao programa Mais Médicos revela que a maioria do povo brasileiro, inclusive classe média, não embarca no sensacionalismo ideológico da extrema direita.
7) A presidenta ganhou na maioria das cidades: 3.648. Aécio venceu em 1.821 cidades. Marina, apenas em 99 municípios. Está cada vez mais evidente que houve uma virada pouco antes do primeiro turno, com a eleição se polarizando entre Dilma e Aécio.
1) Não acreditar em pesquisa, mesmo as favoráveis para nosso campo. É impossível ignorá-las, mas não se deve considerá-las excessivamente. Não entro no mérito de sua honestidade; mas é óbvio que não estão dando conta de captar a dinâmica da opinião dos eleitores. O Brasil ficou grande e complexo demais. Erraram para todos os lados.
Mesmo sem acreditar, não devemos esquecer que todas as pesquisas apontavam vitória de Dilma num eventual segundo turno com Aécio Neves. Num primeiro momento, o impacto do primeiro turno pode até favorecer Aécio, mas os números devem estabilizar-se ao longo das próximas semanas, num patamar parecido ao que tínhamos antes da votação.
2) Manter o sangue frio. Dilma venceu o primeiro turno com 43 milhões de votos, contra 35 milhões de Aécio e 22 milhões de Marina. Vamos fazer um cálculo rápido para ver quantos votos serão necessários para uma vitória no segundo round.
Vamos estimar que os votos válidos no segundo turno repitam os do primeiro: 104 milhões de votos. Isso quer dizer que o vencedor precisa ter, no mínimo, 52 milhões de votos. Em 2010, Dilma obteve 55 milhões de votos no segundo turno.
Dilma precisa, portanto, manter o seu eleitorado (ou seja, os 43 milhões de votos no 1º turno) e ganhar aproximadamente 9 milhões de votos para vencer as eleições. A presidenta pode encontrar esses votos sobretudo no Nordeste, no Norte, no Rio de Janeiro, em Minas, e no Rio Grande do Sul.
Aécio, por sua vez, tem de manter o seu eleitorado e ganhar 17 milhões de votos. Ele vai atrás desse voto sobretudo em São Paulo, mas não tem muito espaço no Rio ou no Nordeste, por exemplo.
É evidente que Dilma tem melhores condições de vitória. O favoritismo ainda é dela.
A presidenta elegeu uma bancada mais que duas vezes maior que a de seu adversário, tanto no Senado quanto na Câmara.
Abaixo, infográficos publicados no jornal Valor, de hoje.
A Rede, “partido” de Marina, por sua vez, elegeu apenas 1 deputado federal, o que o torna inferior à bancada de José Maria Eymel, e do mesmo tamanho que o PRTB, de Levy Fidelix. O deputado eleito da Rede é Eliziane Gama, do Maranhão, usando a barriga de aluguel do PPS.
3) A estratégia de apontar as contradições de Marina Silva deu certo. A imprensa está cheia de entrevistas e análises tentando orientar o comportamento da militância petista. Tática para enganar trouxa. As lideranças entrevistadas, naturalmente, falam que são contra a agressividade. Tudo papo de político satisfeito com a vitória em seu estado, posando de bons moços para os jornais.
A campanha tucana e midiática nunca foi propositiva, e sempre apostou pesadamente na agressividade e na desconstrução do adversário.
As redes sociais têm de repetir a tática que deu certo com Marina: expor suas contradições, vícios e defeitos.
4) Com a decisão de Marina Silva de apoiar Aécio Neves, ela completa o ciclo da traição. Há alguns meses, ela se recusava sequer a partilhar o mesmo palanque que o PSDB, e agora vai apoiar a sua vitória?
5) O papo de divisão entre Norte e Sul é balela. Dilma obteve uma votação extraordinária nas regiões Sul e Sudeste. Ganhou no Rio de Janeiro e Minas Gerais, sendo que, neste último, o seu partido conquistou o governo do estado. Dilma também ganhou no Rio Grande do Sul.
A eleição para governador, com a vitória de Beto Richa e Alckmin no primeiro turno, envolveu muito o eleitor. Esse fator pesará menos no segundo turno presidencial.
Dilma obteve 20 milhões de votos no Sudeste, contra 25 milhões de Aécio. A vantagem tucana concentrou-se sobretudo em São Paulo, onde teve 4 milhões de votos a mais que Dilma, e Paraná, onde registrou vantagem de 1 milhão de votos.
6) A polarização social do eleitorado também não é absoluta. As pesquisas de intenção de voto falharam gravemente em alguns estados, mas a sua estrutura interna não pode ter fugido muito à realidade. E elas apontavam Dilma superando Marina em todas as faixas de renda. Aécio ganhava apenas entre famílias com renda superior a 10 salários.
Há uma classe média numerosa que vota em Dilma, ou que pode vir a votar na presidenta. A aprovação maciça ao programa Mais Médicos revela que a maioria do povo brasileiro, inclusive classe média, não embarca no sensacionalismo ideológico da extrema direita.
7) A presidenta ganhou na maioria das cidades: 3.648. Aécio venceu em 1.821 cidades. Marina, apenas em 99 municípios. Está cada vez mais evidente que houve uma virada pouco antes do primeiro turno, com a eleição se polarizando entre Dilma e Aécio.
Se Dilma venceu o ¨fenomeno¨ Marina é tambem vai derrotar Aécio.
ResponderExcluirUm pais que as vezes vemos como ele realmente é quando saímos de férias e tamanha beleza nos aparece diante dos olhos não deve ser medido por estatísticas elas só nos diminue, como medir o sorriso de uma mae que ve seu companheiro que chega e diz que arrumou emprego e a tranquiliza não faz muito sentido alguém com pesquisa bem feita ou não nos dizer como devemos ver a nossa realidade e todo brasileiro tinha que ser o olheiro mor das coisas que nos cerca o nosso cotidiano mas triste mesmo é dizerem que se não seguirmos os gráficos vamos votar errado e acreditam nisso.
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