A mídia nativa encontra à última hora o novo salvador da pátria. Aécio Neves atropela Marina Silva na reta final do primeiro turno da eleição presidencial e consegue o segundo lugar com uma porcentagem de votos que supera as expectativas. O tucanato está em festa, e tem boas razões para tanto, a se considerar a rápida ascensão do seu candidato. Agora na aposta da continuidade do desempenho em elevação.
O verdadeiro partido de oposição, a saber a imponente estrutura midiática, exulta, na certeza de que sua atuação foi decisiva em alguns estados, sobretudo em São Paulo. De fato, este primeiro turno confirma a terra bandeirante como a mais reacionária do País. São Paulo não somente reelege um governador incompetente como Geraldo Alckmin, irresponsável até em vários casos, além de envolvido em escândalos, mas também confere a Aécio Neves uma vantagem abnorme em relação a Dilma Rousseff.
Segundo aspecto do pleito a ser acentuado: a clamorosa falha das pesquisas em vários estados. Em São Paulo, a surpresa está no resultado alcançado pelo candidato do PT, Alexandre Padilha, muito acima da porcentagem atribuída pelas pesquisas, tão baixa de fio a pavio, a ponto de levar a Globo a se desinteressar, com indisfarçável alegria, da cobertura da sua campanha.
Notável o erro em relação à Bahia, onde a vitória de Paulo Souto no primeiro turno era garantida por robusta porcentagem, e onde quem se sagrou governador de saída é o escolhido de Jaques Wagner, Rui Costa. E no Rio Grande do Sul quem trafegou em terceiro lugar desde o início da campanha a governador, Ivo Sartori, do PMDB, vai para o segundo turno em primeiro lugar. Cabe questionar os institutos: incompetência ou má-fé? Deslize em proveito da crença guardada a sete chaves, ou falta total de acuidade?
Algo mais a anotar: o excelente resultado obtido pela presidenta no Nordeste, a região que soube entender e aproveitar o êxito das políticas realizadas nos últimos 12 anos pelos governos de Lula e Dilma. Mais expressivo de todos, o desfecho baiano. Ali havia motivos para temer o retorno do carlismo, já representado na prefeitura de Salvador pelo neto de Antonio Carlos. Registra-se o êxito da administração wagneriana, sem cavalgada das Valquírias.
Na visão óbvia das próximas três semanas, a nos separar do segundo turno da eleição presidencial, não é árduo prever uma disputa ao último sangue, com a participação maciça da mídia alinhada compactamente às costas do tucanato e, do outro, de Lula, novamente em ação, talvez mais do que nunca.
Cabe comparar a situação de hoje com aquela de quatro anos atrás. Dilma cai cerca de 5 pontos porcentuais, enquanto Aécio melhora em cerca de 1 ponto a posição do então candidato José Serra. Marina Silva também cresceu cerca de 2. Ou seja, as condições não estão muito longe daquelas de 2010. E, por outra, repete-se a polarização tradicional nas últimas duas décadas. E esta é a hora de reafirmar o apoio de CartaCapital à presidenta.
As nossas motivações se reforçam nesta fase do confronto. Ao se inaugurar a campanha, previa neste espaço que tanto Aécio quanto Marina seriam inevitavelmente arrastados para a direita ao surfar a onda midiática. Neste gênero de entrega ao chamado das sereias os tucanos já mostraram largamente a sua escassa vocação odisseica. Foi o que se deu com Fernando Henrique Cardoso na Presidência e com José Serra em diversas oportunidades. Ambos tornaram-se empedernidos reacionários, a exibir toda a inconsistência ideológica da chamada esquerda brasileira. Ou, pelo menos, de certa vertente dita esquerdista.
A esta altura, Aécio já disse a que veio. Em um ponto, certamente, a orientação fica definida. Confesso meu pavor diante da perspectiva de ter Arminio Fraga como ministro da Fazenda, destemido arauto do neoliberalismo, não menos de FHC e seu governo. Apavorante retorno ao passado, para falar alto e bom som, igual a um editorial do Estadão. Temo, obviamente, que a ameaça formulada então, a privatização da Petrobras, se concretize caso Aécio chegue ao trono. E me pergunto o que será de uma política exterior que desatrelou os interesses do Brasil daqueles dos Estados Unidos, ora viva.
E que sobraria de uma política social que melhorou a vida de boa parte de condenados à miséria e investiu bastante em educação? Avanços insuficientes, é verdade factual, mas importantes no País da casa-grande e da senzala. E esta continua a ser a questão central. Como há de ser para quem se empenha a favor da igualdade.
Apoiamos Dilma porque ela representa esperança de igualdade, e CartaCapital não arrefece na expectativa de quem dela se aproxime cada vez mais. O estadista almejado. Dono, por exemplo, de sabedoria e coragem para coibir os desmandos midiáticos, a começar pela hegemonia da Globo, na terra do futebol onde o próprio, e chego aos limites do cogitável, é disputado nos horários que ela decide. Este pode ser tomado como exemplo miúdo, mas não é.
E se falamos de esporte, regras hão de ser estabelecidas para impedir de vez a farra dos cartolas, de forma a devolver dignidade ao esporte das multidões. É deste gênero de atuação que o povo precisa, inserida no quadro de uma política social voltada às demandas mais profundas da alma nacional.
Não precisamos, por exemplo, de uma dita Comissão da Verdade que se apavora diante da verdade. Factual, está claro. Precisamos, isto sim, liquidar de vez uma lei da anistia imposta pela ditadura encerrada há quase 30 anos. Atitudes deste porte, talvez menor na aparência, provariam de fato uma ousadia nunca dantes navegada, a indicar um governo capaz de dar início à demolição da casa-grande e da senzala. Conduzida em paz, em sintonia, porém, com o nosso tempo.
O verdadeiro partido de oposição, a saber a imponente estrutura midiática, exulta, na certeza de que sua atuação foi decisiva em alguns estados, sobretudo em São Paulo. De fato, este primeiro turno confirma a terra bandeirante como a mais reacionária do País. São Paulo não somente reelege um governador incompetente como Geraldo Alckmin, irresponsável até em vários casos, além de envolvido em escândalos, mas também confere a Aécio Neves uma vantagem abnorme em relação a Dilma Rousseff.
Segundo aspecto do pleito a ser acentuado: a clamorosa falha das pesquisas em vários estados. Em São Paulo, a surpresa está no resultado alcançado pelo candidato do PT, Alexandre Padilha, muito acima da porcentagem atribuída pelas pesquisas, tão baixa de fio a pavio, a ponto de levar a Globo a se desinteressar, com indisfarçável alegria, da cobertura da sua campanha.
Notável o erro em relação à Bahia, onde a vitória de Paulo Souto no primeiro turno era garantida por robusta porcentagem, e onde quem se sagrou governador de saída é o escolhido de Jaques Wagner, Rui Costa. E no Rio Grande do Sul quem trafegou em terceiro lugar desde o início da campanha a governador, Ivo Sartori, do PMDB, vai para o segundo turno em primeiro lugar. Cabe questionar os institutos: incompetência ou má-fé? Deslize em proveito da crença guardada a sete chaves, ou falta total de acuidade?
Algo mais a anotar: o excelente resultado obtido pela presidenta no Nordeste, a região que soube entender e aproveitar o êxito das políticas realizadas nos últimos 12 anos pelos governos de Lula e Dilma. Mais expressivo de todos, o desfecho baiano. Ali havia motivos para temer o retorno do carlismo, já representado na prefeitura de Salvador pelo neto de Antonio Carlos. Registra-se o êxito da administração wagneriana, sem cavalgada das Valquírias.
Na visão óbvia das próximas três semanas, a nos separar do segundo turno da eleição presidencial, não é árduo prever uma disputa ao último sangue, com a participação maciça da mídia alinhada compactamente às costas do tucanato e, do outro, de Lula, novamente em ação, talvez mais do que nunca.
Cabe comparar a situação de hoje com aquela de quatro anos atrás. Dilma cai cerca de 5 pontos porcentuais, enquanto Aécio melhora em cerca de 1 ponto a posição do então candidato José Serra. Marina Silva também cresceu cerca de 2. Ou seja, as condições não estão muito longe daquelas de 2010. E, por outra, repete-se a polarização tradicional nas últimas duas décadas. E esta é a hora de reafirmar o apoio de CartaCapital à presidenta.
As nossas motivações se reforçam nesta fase do confronto. Ao se inaugurar a campanha, previa neste espaço que tanto Aécio quanto Marina seriam inevitavelmente arrastados para a direita ao surfar a onda midiática. Neste gênero de entrega ao chamado das sereias os tucanos já mostraram largamente a sua escassa vocação odisseica. Foi o que se deu com Fernando Henrique Cardoso na Presidência e com José Serra em diversas oportunidades. Ambos tornaram-se empedernidos reacionários, a exibir toda a inconsistência ideológica da chamada esquerda brasileira. Ou, pelo menos, de certa vertente dita esquerdista.
A esta altura, Aécio já disse a que veio. Em um ponto, certamente, a orientação fica definida. Confesso meu pavor diante da perspectiva de ter Arminio Fraga como ministro da Fazenda, destemido arauto do neoliberalismo, não menos de FHC e seu governo. Apavorante retorno ao passado, para falar alto e bom som, igual a um editorial do Estadão. Temo, obviamente, que a ameaça formulada então, a privatização da Petrobras, se concretize caso Aécio chegue ao trono. E me pergunto o que será de uma política exterior que desatrelou os interesses do Brasil daqueles dos Estados Unidos, ora viva.
E que sobraria de uma política social que melhorou a vida de boa parte de condenados à miséria e investiu bastante em educação? Avanços insuficientes, é verdade factual, mas importantes no País da casa-grande e da senzala. E esta continua a ser a questão central. Como há de ser para quem se empenha a favor da igualdade.
Apoiamos Dilma porque ela representa esperança de igualdade, e CartaCapital não arrefece na expectativa de quem dela se aproxime cada vez mais. O estadista almejado. Dono, por exemplo, de sabedoria e coragem para coibir os desmandos midiáticos, a começar pela hegemonia da Globo, na terra do futebol onde o próprio, e chego aos limites do cogitável, é disputado nos horários que ela decide. Este pode ser tomado como exemplo miúdo, mas não é.
E se falamos de esporte, regras hão de ser estabelecidas para impedir de vez a farra dos cartolas, de forma a devolver dignidade ao esporte das multidões. É deste gênero de atuação que o povo precisa, inserida no quadro de uma política social voltada às demandas mais profundas da alma nacional.
Não precisamos, por exemplo, de uma dita Comissão da Verdade que se apavora diante da verdade. Factual, está claro. Precisamos, isto sim, liquidar de vez uma lei da anistia imposta pela ditadura encerrada há quase 30 anos. Atitudes deste porte, talvez menor na aparência, provariam de fato uma ousadia nunca dantes navegada, a indicar um governo capaz de dar início à demolição da casa-grande e da senzala. Conduzida em paz, em sintonia, porém, com o nosso tempo.
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