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Essa afirmação parece um tanto óbvia e redundante, mas não é. A supervalorização das pesquisas, que se disseminou entre marqueteiros, dirigentes e militantes de base dos partidos, ativistas e coordenadores das campanhas, acaba prejudicando as próprias táticas e estratégias eleitorais. É que os resultados dos levantamentos, em geral, provocam sensações que oscilam entre o entusiasmo exagerado e o pessimismo paralisante.
Se levasse em conta ao pé da letra o que diziam as pesquisas, Aécio Neves teria desistido em favor de Marina. O petista baiano Rui Costa, vitorioso no primeiro turno, segundo os institutos de pesquisa, estava 20 pontos atrás do candidato de DEM, faltando 10 dias para as eleições.Já imaginou se ele abaixasse a cabeça ? Se dependesse do Datafolha e do Ibope, também ao candidato do PMDB ao governo do Rio Grande do Sul, José Sartori, só restaria a decisão de escolher quem apoiar no segundo turno. Chegou em primeiro.
De acordo com o Ibope até de boca de urna, o adversário de Pezão, no Rio, seria Garotinho, e não Crivella, conforme decidiu o eleitor. Esses são apenas alguns exemplos, entre dezenas de outros país afora, que mostram que pesquisas devem, no máximo, servir como um elemento a mais de referência política, um retrato embaçado do momento.
Nada substitui a ação política, bem como estratégias corretas, definidas a partir de uma atenta leitura da conjuntura política e econômica. Também é fundamental combinar perseverança em relação àquilo que é considerado eixo político central e flexibilidade para corrigir rotas sempre que a realidade impor mudanças.
Claro que não sou contra a organização científica das campanhas, que hoje,mais do que nunca são pautadas pelas pesquisas qualitativas e quantitativas. Mas isso deve servir apenas como uma espécie de balizamento. Jamais podem tomar o lugar da política no posto de comando.
Em relação às primeiras pesquisas deste segundo turno entre Dilma e Aécio, é bem possível que o candidato tucano apareça nos calcanhares da presidenta, numa situação de empate técnico. Mas, pelo amor de Deus, nada de alarmismos. Os resultados desses levantamentos podem trazer resquícios ainda da subida de Aécio na reta final do primeiro turno, combinados com o estica e puxa do Ibope e do Datafolha para favorecer o candidato do retrocesso.
Mas quando a campanha de segundo turno começar para valer, ou seja, com a volta do horário eleitoral gratuito, Dilma tem tudo para abrir vantagem sobre Aécio. Basta que repita o que fez Lula em 2006 e a própria campanha de segundo turno que levou a presidenta à vitória, em 2010.É necessário comparar os governos de FHC com os 12 da era Lula/Dilma. E o ataque tem de ser incessante, sem dar tempo ao adversário para respirar, e incendiando a militância nas ruas.
O cardápio de petardos contra o adversário é variadíssimo : que tal confrontar desemprego, inflação, redução da pobreza e da miséria, número de escolas técnicas e cursos universitários criados ? Também tem potencial para fazer estrago o Pronatec, o Prouni, a política de cotas, o Ciência sem Fronteiras, a saída do Brasil do mapa da fome, o aumento do salário mínimo em quase 400%, o marco civil da internet, o aumento da renda dos brasileiros, o fim da dívida com o FMI, a política externa soberana e independente, o pré-sal e a destinação dos seus recursos para saúde e educação.
Certamente a campanha da direita apelará para a ladainha udenista das acusações de corrupção. Nesse ponto, é de bom tom que a postura excessivamente cautelosa e cheia de dedos dos marqueteiros seja substituída pelo necessário confronto político. Argumentos não faltam à campanha do PT para responder na mesma moeda :
1) Ministério Público independente e atuante versus o engavetador-geral da República de FHC
2) Polícia Federal sob Lula e Dilma fez pelo menos 10 vezes mais ações de combate à corrupção do que na era FHC
3) Aecioporto
4) Privataria tucana
5) Mensalão tucano impune
6) Trensalão do PSDB em São Paulo
7) Pasta Rosa
8) Escândalo de Furnas
9) Compra de votos para a reeleição de FHC
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