Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa:
Os dois institutos de pesquisa mais acreditados pela imprensa aceleraram muito no final de semana, mas perderam a corrida rumo à boca da urna. Nem o Ibope, nem o Datafolha, chegaram sequer perto de detectar a maré de adesões que levou o candidato do PSDB, Aécio Neves, ao segundo turno.
O conservadorismo do eleitorado paulista superou a desconfiança que o ex-governador de Minas sofre em seu próprio estado, a presidente Dilma Rousseff continuou onde sempre esteve, com pouco mais de 40% dos eleitores, e Marina Silva viu mais uma vez o voluntarismo desmanchado pela máquina de colher votos.
Por que os pesquisadores não conseguiram detectar o crescimento da onda conservadora que se ergueu por trás da proposta de mudança? Talvez os analistas estivessem ocupados demais em provar suas próprias teses e não perceberam que a polarização nunca deixou o campo do jogo: Marina Silva apenas encarnou, durante menos de dois meses, uma opção capaz de abrigar ex-petistas saudosos da inocência perdida e antipetistas que não acreditavam nas chances de Aécio Neves. A fragilidade da ex-ministra do Meio Ambiente convenceu os oposicionistas de que o senador mineiro seria mais competitivo.
Os jornais do fim de semana refletiam o desencontro dos números, e os textos demonstravam mais claramente o desejo de seus autores do que argumentos em favor deste ou daquele cenário. Diante do imponderável, que ainda apontava alguma possibilidade de Marina Silva vir a disputar o segundo turno, o establishment da mídia parecia desconfiar de que Aécio Neves não teria o estofo de um José Serra para encarar um confronto com a máquina petista.
O noticiário e as opiniões de sábado (4/10) e domingo registram um momento de insegurança da imprensa hegemônica.
No domingo, o fato jornalístico mais relevante foi a declaração de voto do jornal O Estado de S.Paulo, que pedia explicitamente a eleição do senador mineiro. O texto patético, sem qualquer compromisso com a realidade exterior ao campo definido pela própria imprensa, repete bordões e preconceitos que são levados ao público pelos pitbulls contratados para atacar diariamente o governo.
Vale-tudo na imprensa
Na segunda-feira (6/10), o estado de espírito dos principais diários de circulação nacional é de euforia contida. O teor geral das análises é a volta da polarização, como se ela tivesse se ausentado durante a campanha do primeiro turno. A maioria dos analistas parece crer com todas as forças que a grande massa dos eleitores de Marina Silva irá apoiar Aécio Neves, sem considerar a ampla aliança que conduziu a candidatura da ex-ministra, onde se juntaram desde militantes do movimento ambientalista até representantes do conservador Partido Democratas.
O Globo e o Estado de S.Paulo apostam, em suas manchetes, que a mágoa de Marina Silva por conta dos ataques que sofreu nas últimas semanas será determinante para que ela se empenhe em evitar a reeleição da atual presidente. A Folha de S. Paulo também registra a primeira manifestação da ex-ministra em favor da oposição, mas sabe-se que seu partido já era um saco de gatos antes que ela se associasse ao ex-governador Eduardo Campos para compor a chapa do PSB. Portanto, mesmo que ela vá para um lado, nada garante que seus eleitores a seguirão.
Os analistas convergem para a ideia de que o segundo turno será decidido por uma margem estreita de votos, e curiosamente ignoram os dois ou três pontos porcentuais agregados pelos partidos de menor expressão eleitoral.
Os mais de 1,6 milhão de votos de Luciana Genro, do PSOL, por exemplo, podem fazer grande diferença num cenário com muitas abstenções, como o que é previsto pelos mesmos especialistas. Da mesma forma, os simpatizantes de Eduardo Jorge, do PV, mesmo invisíveis para os institutos de pesquisa, podem puxar apoios entre os que demoraram a se definir no primeiro turno.
Não se pode prever, portanto, o que irá ocorrer nas três semanas que nos separam da votação final. Ou melhor, não se pode adivinhar para onde penderá o eleitorado, mas neste espaço onde se observa o comportamento da mídia pode-se afirmar que o segundo turno da eleição presidencial deverá registrar o melhor do pior que a imprensa é capaz de produzir.
O editorial do Estado, declarando explicitamente o voto em Aécio Neves, é uma espécie de salvo-conduto para o vale-tudo que vem aí.
O conservadorismo do eleitorado paulista superou a desconfiança que o ex-governador de Minas sofre em seu próprio estado, a presidente Dilma Rousseff continuou onde sempre esteve, com pouco mais de 40% dos eleitores, e Marina Silva viu mais uma vez o voluntarismo desmanchado pela máquina de colher votos.
Por que os pesquisadores não conseguiram detectar o crescimento da onda conservadora que se ergueu por trás da proposta de mudança? Talvez os analistas estivessem ocupados demais em provar suas próprias teses e não perceberam que a polarização nunca deixou o campo do jogo: Marina Silva apenas encarnou, durante menos de dois meses, uma opção capaz de abrigar ex-petistas saudosos da inocência perdida e antipetistas que não acreditavam nas chances de Aécio Neves. A fragilidade da ex-ministra do Meio Ambiente convenceu os oposicionistas de que o senador mineiro seria mais competitivo.
Os jornais do fim de semana refletiam o desencontro dos números, e os textos demonstravam mais claramente o desejo de seus autores do que argumentos em favor deste ou daquele cenário. Diante do imponderável, que ainda apontava alguma possibilidade de Marina Silva vir a disputar o segundo turno, o establishment da mídia parecia desconfiar de que Aécio Neves não teria o estofo de um José Serra para encarar um confronto com a máquina petista.
O noticiário e as opiniões de sábado (4/10) e domingo registram um momento de insegurança da imprensa hegemônica.
No domingo, o fato jornalístico mais relevante foi a declaração de voto do jornal O Estado de S.Paulo, que pedia explicitamente a eleição do senador mineiro. O texto patético, sem qualquer compromisso com a realidade exterior ao campo definido pela própria imprensa, repete bordões e preconceitos que são levados ao público pelos pitbulls contratados para atacar diariamente o governo.
Vale-tudo na imprensa
Na segunda-feira (6/10), o estado de espírito dos principais diários de circulação nacional é de euforia contida. O teor geral das análises é a volta da polarização, como se ela tivesse se ausentado durante a campanha do primeiro turno. A maioria dos analistas parece crer com todas as forças que a grande massa dos eleitores de Marina Silva irá apoiar Aécio Neves, sem considerar a ampla aliança que conduziu a candidatura da ex-ministra, onde se juntaram desde militantes do movimento ambientalista até representantes do conservador Partido Democratas.
O Globo e o Estado de S.Paulo apostam, em suas manchetes, que a mágoa de Marina Silva por conta dos ataques que sofreu nas últimas semanas será determinante para que ela se empenhe em evitar a reeleição da atual presidente. A Folha de S. Paulo também registra a primeira manifestação da ex-ministra em favor da oposição, mas sabe-se que seu partido já era um saco de gatos antes que ela se associasse ao ex-governador Eduardo Campos para compor a chapa do PSB. Portanto, mesmo que ela vá para um lado, nada garante que seus eleitores a seguirão.
Os analistas convergem para a ideia de que o segundo turno será decidido por uma margem estreita de votos, e curiosamente ignoram os dois ou três pontos porcentuais agregados pelos partidos de menor expressão eleitoral.
Os mais de 1,6 milhão de votos de Luciana Genro, do PSOL, por exemplo, podem fazer grande diferença num cenário com muitas abstenções, como o que é previsto pelos mesmos especialistas. Da mesma forma, os simpatizantes de Eduardo Jorge, do PV, mesmo invisíveis para os institutos de pesquisa, podem puxar apoios entre os que demoraram a se definir no primeiro turno.
Não se pode prever, portanto, o que irá ocorrer nas três semanas que nos separam da votação final. Ou melhor, não se pode adivinhar para onde penderá o eleitorado, mas neste espaço onde se observa o comportamento da mídia pode-se afirmar que o segundo turno da eleição presidencial deverá registrar o melhor do pior que a imprensa é capaz de produzir.
O editorial do Estado, declarando explicitamente o voto em Aécio Neves, é uma espécie de salvo-conduto para o vale-tudo que vem aí.
Ainda não vi nenhum analista levar em conta que a quantidade imprevista de votos que foram carreados em favor de Aécio foram devidos ao "trabalho" de deputados que aliciaram eleitore$ da periferia e de municípios pequenos.
ResponderExcluirAté quando será assim?
Es$e fato nenhuma pesquisa é capaz de prever.
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