Em dezembro de 2013, o senador Randolfe Rodrigues foi escolhido candidato a presidente da República pelo PSOL. Menos de um ano depois, está fora da campanha até mesmo como cabo eleitoral e prestes a deixar o partido, com a intenção de apoiar publicamente Marina Silva no segundo turno. Quem poderia imaginar esse desfecho? As desavenças entre Rodrigues e o PSOL vêm de longe.
O senador fala como quem sempre se sentiu rejeitado pelos companheiros. Embora tenha se tornado o senador mais votado da história do Amapá, nunca foi bem-visto por setores do próprio partido, diz, por ser considerado “moderado demais”. Foi exatamente essa característica que o levaria à ruína no PSOL. Seu principal opositor, o ex-deputado João Batista Araújo, o Babá, líder da tendência Corrente Socialista dos Trabalhadores, chegou a divulgar nota na qual condenava o encontro de Rodrigues com a presidenta Dilma Rousseff, em 2013, logo após as manifestações de junho. “Randolfe não nos representa”, dizia o texto, que pedia a suspensão dos direitos políticos do correligionário.
Em junho deste ano, a gota d’água foi um livro dado pelo senador de presente ao colega Aécio Neves, do PSDB. O tucano postou nas redes sociais uma foto na qual posava amistosamente ao lado do amapaense. Sorria e exibia o presente. A imagem causou tal fúria no PSOL que Rodrigues foi obrigado a renunciar à candidatura presidencial. Como definiu um militante em um dos comentários, para alguns psolistas o senador passara a ser visto como “a esquerda que a direita gosta”.
“Meu perfil, de fato, nunca foi igual ao da Marinor Brito ou o da Heloísa Helena. Meu perfil é de conversar”, admite. Com a história do livro, o clima piorou a ponto de, no início do mês, Luciana Genro, substituta de Rodrigues na candidatura à Presidência, declarar que ele está “praticamente fora do partido”, muito antes de qualquer posicionamento do senador nesse sentido. “Se você der um Google, vai ver que as maiores ofensas que me fazem vêm de gente do próprio PSOL”, queixa-se.
Para não constranger o partido, Rodrigues optou pela neutralidade no primeiro turno. A escolha por Marina em um provável segundo turno e não por Dilma, como se poderia imaginar para um ex-petista, é explicada, segundo o próprio, por razões políticas e regionais. “Embora eu não esteja convencido do programa econômico, Marina propõe republicanizar as relações políticas, colocar as velhas figuras na oposição, algo fundamental e que o PT não tem mais condições de fazer”, diz. “Além disso, é uma figura com identidade com a Amazônia, o que me aproxima e me identifica com ela.”
O quase ex-PSOL é, talvez, o mais ruidoso dos “desertores” desta eleição até agora, mas não o único. À medida que o cenário eleitoral fica mais claro, aliados de primeira hora começam a abandonar os navios. Em terceiro lugar nas pesquisas, Aécio Neves, claro, é o principal alvo da revoada. Dissidentes do PMDB que haviam se aproximado do tucano agora tentam se aconchegar no colo de Marina Silva.
Na Bahia, o peemedebista Geddel Vieira Lima, candidato ao Senado, chegou a ir à Justiça para tentar fazer seu principal opositor, Otto Alencar, do PSD, parar de associá-lo a Aécio Neves no programa eleitoral na televisão. Na peça, a apresentadora empurra uma placa com os nomes de Geddel e Aécio e diz: “Acabou o programa do candidato a senador de Aécio. Agora vai começar o programa do senador de Lula”. Depois de o adversário divulgar a petição, a assessoria de Vieira Lima apressou-se em dizer que não se referia ao “conteúdo” do programa, mas à utilização do layout “exclusivo” de sua campanha na propaganda do adversário.
O Tribunal Regional Eleitoral baiano negou o pedido e Alencar continua, para desgosto do peemedebista, a apontá-lo como “o candidato de Aécio”. A propaganda seria uma das responsáveis pela reviravolta na corrida para o Senado na Bahia. No início da disputa, Vieira Lima aparecia como franco favorito, mas na última pesquisa do Ibope, divulgada na quinta-feira 11, aparecia ainda na liderança, mas sem a vantagem anterior.
Pior para Aécio é, porém, o abandono dos próprios companheiros de PSDB. Fernando Henrique Cardoso, que sempre se queixou em eleições passadas de ter sido escondido pelas campanhas tucanas, não demonstra gratidão ao mineiro que optou de boa-fé por defender o “legado” do ex-presidente. FHC esmera-se no esporte da cristianização. Primeiro, orienta mal o correligionário: quer que ele ataque Dilma Rousseff, embora Aécio precise enfrentar antes Marina, se quiser chegar ao segundo turno. Depois, envia recados de apoio à candidata do PSB antes mesmo de as urnas decretarem os destinos dos postulantes à Presidência.
Sem nenhum constrangimento aparente, o nome de Aécio Neves foi esquecido em um manifesto lançado por intelectuais em apoio aos candidatos do PSDB em São Paulo, Geraldo Alckmin, que concorre à reeleição ao governo, e José Serra, que disputa o Senado. Quando o caso veio à tona, um dos organizadores do manifesto, o maestro Amilson Godoy, atribuiu a omissão “a um erro de digitação de quem datilografou o documento”. Tucanaram a debandada.
Dilma também foi atingida pelos desertores, a maioria concentrada no PMDB. O caso mais célebre é o de Paulo Skaf, candidato do partido ao governo paulista, que se recusa a oferecer palanque à petista. Skaf segue a orientação de seu marqueteiro, Duda Mendonça. No fim de agosto, em uma das raras vezes na qual foram vistos juntos, o peemedebista conseguiu a façanha de estar ao lado de Dilma num palanque sem assumir apoio a ninguém.
O senador fala como quem sempre se sentiu rejeitado pelos companheiros. Embora tenha se tornado o senador mais votado da história do Amapá, nunca foi bem-visto por setores do próprio partido, diz, por ser considerado “moderado demais”. Foi exatamente essa característica que o levaria à ruína no PSOL. Seu principal opositor, o ex-deputado João Batista Araújo, o Babá, líder da tendência Corrente Socialista dos Trabalhadores, chegou a divulgar nota na qual condenava o encontro de Rodrigues com a presidenta Dilma Rousseff, em 2013, logo após as manifestações de junho. “Randolfe não nos representa”, dizia o texto, que pedia a suspensão dos direitos políticos do correligionário.
Em junho deste ano, a gota d’água foi um livro dado pelo senador de presente ao colega Aécio Neves, do PSDB. O tucano postou nas redes sociais uma foto na qual posava amistosamente ao lado do amapaense. Sorria e exibia o presente. A imagem causou tal fúria no PSOL que Rodrigues foi obrigado a renunciar à candidatura presidencial. Como definiu um militante em um dos comentários, para alguns psolistas o senador passara a ser visto como “a esquerda que a direita gosta”.
“Meu perfil, de fato, nunca foi igual ao da Marinor Brito ou o da Heloísa Helena. Meu perfil é de conversar”, admite. Com a história do livro, o clima piorou a ponto de, no início do mês, Luciana Genro, substituta de Rodrigues na candidatura à Presidência, declarar que ele está “praticamente fora do partido”, muito antes de qualquer posicionamento do senador nesse sentido. “Se você der um Google, vai ver que as maiores ofensas que me fazem vêm de gente do próprio PSOL”, queixa-se.
Para não constranger o partido, Rodrigues optou pela neutralidade no primeiro turno. A escolha por Marina em um provável segundo turno e não por Dilma, como se poderia imaginar para um ex-petista, é explicada, segundo o próprio, por razões políticas e regionais. “Embora eu não esteja convencido do programa econômico, Marina propõe republicanizar as relações políticas, colocar as velhas figuras na oposição, algo fundamental e que o PT não tem mais condições de fazer”, diz. “Além disso, é uma figura com identidade com a Amazônia, o que me aproxima e me identifica com ela.”
O quase ex-PSOL é, talvez, o mais ruidoso dos “desertores” desta eleição até agora, mas não o único. À medida que o cenário eleitoral fica mais claro, aliados de primeira hora começam a abandonar os navios. Em terceiro lugar nas pesquisas, Aécio Neves, claro, é o principal alvo da revoada. Dissidentes do PMDB que haviam se aproximado do tucano agora tentam se aconchegar no colo de Marina Silva.
Na Bahia, o peemedebista Geddel Vieira Lima, candidato ao Senado, chegou a ir à Justiça para tentar fazer seu principal opositor, Otto Alencar, do PSD, parar de associá-lo a Aécio Neves no programa eleitoral na televisão. Na peça, a apresentadora empurra uma placa com os nomes de Geddel e Aécio e diz: “Acabou o programa do candidato a senador de Aécio. Agora vai começar o programa do senador de Lula”. Depois de o adversário divulgar a petição, a assessoria de Vieira Lima apressou-se em dizer que não se referia ao “conteúdo” do programa, mas à utilização do layout “exclusivo” de sua campanha na propaganda do adversário.
O Tribunal Regional Eleitoral baiano negou o pedido e Alencar continua, para desgosto do peemedebista, a apontá-lo como “o candidato de Aécio”. A propaganda seria uma das responsáveis pela reviravolta na corrida para o Senado na Bahia. No início da disputa, Vieira Lima aparecia como franco favorito, mas na última pesquisa do Ibope, divulgada na quinta-feira 11, aparecia ainda na liderança, mas sem a vantagem anterior.
Pior para Aécio é, porém, o abandono dos próprios companheiros de PSDB. Fernando Henrique Cardoso, que sempre se queixou em eleições passadas de ter sido escondido pelas campanhas tucanas, não demonstra gratidão ao mineiro que optou de boa-fé por defender o “legado” do ex-presidente. FHC esmera-se no esporte da cristianização. Primeiro, orienta mal o correligionário: quer que ele ataque Dilma Rousseff, embora Aécio precise enfrentar antes Marina, se quiser chegar ao segundo turno. Depois, envia recados de apoio à candidata do PSB antes mesmo de as urnas decretarem os destinos dos postulantes à Presidência.
Sem nenhum constrangimento aparente, o nome de Aécio Neves foi esquecido em um manifesto lançado por intelectuais em apoio aos candidatos do PSDB em São Paulo, Geraldo Alckmin, que concorre à reeleição ao governo, e José Serra, que disputa o Senado. Quando o caso veio à tona, um dos organizadores do manifesto, o maestro Amilson Godoy, atribuiu a omissão “a um erro de digitação de quem datilografou o documento”. Tucanaram a debandada.
Dilma também foi atingida pelos desertores, a maioria concentrada no PMDB. O caso mais célebre é o de Paulo Skaf, candidato do partido ao governo paulista, que se recusa a oferecer palanque à petista. Skaf segue a orientação de seu marqueteiro, Duda Mendonça. No fim de agosto, em uma das raras vezes na qual foram vistos juntos, o peemedebista conseguiu a façanha de estar ao lado de Dilma num palanque sem assumir apoio a ninguém.
Olá, companheiros:
ResponderExcluirVai ser um castigo, para os nossos ouvidos, escutarmos os dois discursando num palanque! Por quê? Ouçam as vozes de "taquara rachada" de ambos pra ver se você aguenta!
Não vai haver "ouvido" que sustente o som desse duo!
Miriam