Por Renato Rovai, em seu blog:
A redação da revista Fórum recebeu uma ligação inusitada nesta quarta-feira (26). O redator-chefe da revista Veja São Paulo resolveu ter um “papo informal”, como ele mesmo definiu, com um de nossos repórteres para, aparentemente, dar uma “aula de jornalismo” ou editar um texto que não era de sua alçada.
O SPressoSP publicou matéria, no mesmo dia, fazendo um contraponto e tecendo críticas à matéria de capa da revista da editora Abril do último sábado, que fazia o perfil de uma dependente química na Cracolândia, ex-modelo, loira, alta, de olhos verdes e que “precisava de ajuda”. Intitulado Dos rostos da Cracolândia, a Veja só enxerga um: o branco, o texto escrito e apurado pelo repórter Ivan Longo tem como fontes a militante do movimento negro Luzia Souza e o psiquiatra Dartiu Xavier, que falaram a respeito da abordagem usada pela Veja São Paulo.
A matéria começou a ter uma circulação considerável nas redes sociais, gerando debates sobre o tema. No Facebook da Fórum, por exemplo, a postagem alcançou mais de 3 mil compartilhamentos. Tamanha repercussão parece ter incomodado a publicação da família Civita, que não tardou para contatar o repórter e fazer comentários, no mínimo, questionáveis.
O jornalista Sergio Ruiz, redator-chefe do veículo, começou a ligação de maneira pouco gentil: “Há quanto tempo você trabalha aí na Fórum? É formado em jornalismo?”. Sem aderir ao tom provocativo do diálogo, o repórter apenas respondeu o que fora solicitado e começou a ouvir o que o representante da revista tinha para falar.
“Você sabe com quem está falando, né? Sou redator-chefe da Veja São Paulo”, prosseguiu Sergio, perguntando o motivo pelo qual a revista Fórum e o SPressoSP não teriam procurado a publicação, já que queriam fazer críticas a ela.
Bom, antes de prosseguir, é necessário um aparte. Fórum historicamente trata o tema da Cracolândia sob um ponto de vista que foge à narrativa criminalizadora da mídia tradicional. Esse cuidado e a proximidade com a pauta fizeram com que a nossa publicação elaborasse um contraponto para promover o debate sobre o tema, papel, aliás, que nós e veículos próximos buscamos exercer para fugir àquilo que se tenta vender como verdade absoluta pelos veículos da velha mídia. Para que isso aconteça, não se faz necessário ouvir a Veja, objeto da crítica, mas sim vozes que tragam ângulos diferenciados acerca do problema. E assim foi feito e explicado ao jornalista.
“Você conhece o histórico da Veja São Paulo em relação à Cracolândia?”, perguntou o redator. Sim, conhecemos, mas nossa crítica se deu baseada em uma matéria específica, respondeu Ivan. “Você sabe que a redação da Veja e da Veja São Paulo são duas coisas separadas?”, questionou Sérgio. Sim, sabemos, e sabemos também a falácia que é tentar desassociar uma publicação da outra.
O redator, em vários momentos durante a ligação feita ao repórter do SpressoSP, questionou o texto, perguntou por que foi feito dessa maneira e não daquela outra, por que falamos isso se na verdade é aquilo, seguindo na tática de falar sem dar espaço para a resposta. Qualquer semelhança com o comportamento de veículos tradicionais não é mera coincidência…
“Se quiser contrapor nosso texto ou esclarecer qualquer informação, escreva uma nota e publique no seu site ou mesmo mande pra gente, que publicamos no nosso”, disse o repórter, na tentativa de abrir espaço para um debate maior. “Não, não quero. Isso é só um papo informal, entre colegas”, rebateu o redator, que seguiu fazendo críticas ao texto e perguntando se nosso repórter “sabia com quem estava falando”.
Diante dessa situação, fica a pergunta: será que Veja sabe com quem está falando quando liga para alguém da equipe da revista Fórum? Porque nós não temos dúvida alguma sobre com quem estamos falando quando tratamos do jornalismo de Veja.
Fica o aviso ao redator-chefe da publicação da Abril: não vai ter mais “papo informal” sobre as nossas práticas jornalísticas, mas se quiser fazer um debate público sobre o tema, estamos à disposição.
O SPressoSP publicou matéria, no mesmo dia, fazendo um contraponto e tecendo críticas à matéria de capa da revista da editora Abril do último sábado, que fazia o perfil de uma dependente química na Cracolândia, ex-modelo, loira, alta, de olhos verdes e que “precisava de ajuda”. Intitulado Dos rostos da Cracolândia, a Veja só enxerga um: o branco, o texto escrito e apurado pelo repórter Ivan Longo tem como fontes a militante do movimento negro Luzia Souza e o psiquiatra Dartiu Xavier, que falaram a respeito da abordagem usada pela Veja São Paulo.
A matéria começou a ter uma circulação considerável nas redes sociais, gerando debates sobre o tema. No Facebook da Fórum, por exemplo, a postagem alcançou mais de 3 mil compartilhamentos. Tamanha repercussão parece ter incomodado a publicação da família Civita, que não tardou para contatar o repórter e fazer comentários, no mínimo, questionáveis.
O jornalista Sergio Ruiz, redator-chefe do veículo, começou a ligação de maneira pouco gentil: “Há quanto tempo você trabalha aí na Fórum? É formado em jornalismo?”. Sem aderir ao tom provocativo do diálogo, o repórter apenas respondeu o que fora solicitado e começou a ouvir o que o representante da revista tinha para falar.
“Você sabe com quem está falando, né? Sou redator-chefe da Veja São Paulo”, prosseguiu Sergio, perguntando o motivo pelo qual a revista Fórum e o SPressoSP não teriam procurado a publicação, já que queriam fazer críticas a ela.
Bom, antes de prosseguir, é necessário um aparte. Fórum historicamente trata o tema da Cracolândia sob um ponto de vista que foge à narrativa criminalizadora da mídia tradicional. Esse cuidado e a proximidade com a pauta fizeram com que a nossa publicação elaborasse um contraponto para promover o debate sobre o tema, papel, aliás, que nós e veículos próximos buscamos exercer para fugir àquilo que se tenta vender como verdade absoluta pelos veículos da velha mídia. Para que isso aconteça, não se faz necessário ouvir a Veja, objeto da crítica, mas sim vozes que tragam ângulos diferenciados acerca do problema. E assim foi feito e explicado ao jornalista.
“Você conhece o histórico da Veja São Paulo em relação à Cracolândia?”, perguntou o redator. Sim, conhecemos, mas nossa crítica se deu baseada em uma matéria específica, respondeu Ivan. “Você sabe que a redação da Veja e da Veja São Paulo são duas coisas separadas?”, questionou Sérgio. Sim, sabemos, e sabemos também a falácia que é tentar desassociar uma publicação da outra.
O redator, em vários momentos durante a ligação feita ao repórter do SpressoSP, questionou o texto, perguntou por que foi feito dessa maneira e não daquela outra, por que falamos isso se na verdade é aquilo, seguindo na tática de falar sem dar espaço para a resposta. Qualquer semelhança com o comportamento de veículos tradicionais não é mera coincidência…
“Se quiser contrapor nosso texto ou esclarecer qualquer informação, escreva uma nota e publique no seu site ou mesmo mande pra gente, que publicamos no nosso”, disse o repórter, na tentativa de abrir espaço para um debate maior. “Não, não quero. Isso é só um papo informal, entre colegas”, rebateu o redator, que seguiu fazendo críticas ao texto e perguntando se nosso repórter “sabia com quem estava falando”.
Diante dessa situação, fica a pergunta: será que Veja sabe com quem está falando quando liga para alguém da equipe da revista Fórum? Porque nós não temos dúvida alguma sobre com quem estamos falando quando tratamos do jornalismo de Veja.
Fica o aviso ao redator-chefe da publicação da Abril: não vai ter mais “papo informal” sobre as nossas práticas jornalísticas, mas se quiser fazer um debate público sobre o tema, estamos à disposição.
" Você sabe com quem está falando? Pelo amor de Deus! Não acredito que li isso!
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