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O noticiário de quinta-feira (4/12) sobre o escândalo da Petrobras alcança o ponto perseguido desde o início pela imprensa nos vazamentos seletivos de declarações colhidas da investigação: demonstrar que o dinheiro desviado da estatal alimentou o sistema oficial de doações para partidos políticos. Pelo que tem sido publicado aqui e ali, a relação de beneficiários alcança quase todas as siglas, mas o foco do noticiário é a aliança governista.
O fato de as manchetes se referirem apenas ao Partido dos Trabalhadores e seus aliados mais próximos é apenas uma das características do correligionarismo da imprensa. Em páginas internas há reportagens citando pelo menos 19 governadores que foram eleitos com dinheiro das empreiteiras acusadas de pagar propina para obter contratos no setor de petróleo e gás. O governador eleito da Bahia, Rui Costa (PT), e o paulista Geraldo Alckmin (PSDB) receberam as maiores fatias.
As doações feitas pela Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, OAS, Odebrecht e UTC, segundo os jornais, também alimentaram as campanhas dos candidatos à Presidência da República Dilma Rousseff e Aécio Neves. No entanto, há uma grosseira confusão no noticiário, entre as denúncias de pagamento de propina para a divisão fraterna de obras e serviços para a Petrobras e o sistema de financiamento de campanhas eleitorais.
Entre os dados divulgados até aqui, há muita declaração, mas o julgamento vai exigir provas de conexão direta entre as comissões pagas pelas empreiteiras para obter negócios com a estatal e o dinheiro que alimentou os caixas de praticamente todos os partidos. Evidentemente, essa conexão brota no senso comum, e certamente nove entre dez brasileiros estão convencidos de que todo sobrepreço fixado sobre qualquer contrato tinha como contrapartida uma contribuição para as eleições.
Acontece que nem tudo que sai no noticiário vai se reproduzir como peça judicial. O que a imprensa produz é uma predisposição ao julgamento, que pode vir a ser alterada ou descartada no processo. Entretanto, o que fica no imaginário é a impressão de que o sistema democrático é essencialmente corrupto.
Doações suspeitas
No final da linha de montagem dos vazamentos, esse será o sentido da decisão que deverá ser tomada, provavelmente no plenário do Supremo Tribunal Federal. As frases dos delatores, selecionadas criteriosamente pelos investigadores e reproduzidas pela imprensa com o cuidado de preservar alguns partidos e criminalizar outros, vão compondo um quadro onde já se pode observar a absoluta insustentabilidade do sistema de financiamento das instituições que são a base do sistema representativo.
Então, por que os jornais não vão direto ao ponto, levantando o debate sobre o modelo de doações paralelamente ao conta-gotas das denúncias?
A falta de esclarecimento sobre as alternativas que poderiam defender o sistema dos constantes ataques da corrupção estimula as manifestações dos adeptos da ditadura, que, embora em número reduzido, se apresentam para tumultuar as sessões do Congresso e tentar impor pela truculência seus slogans obscurantistas.
Há qualquer coisa estranha no ar. Os editores sabem que não poderão manter acobertado por muito mais tempo o fato de que a corrupção afeta todos o sistema partidário. O recorte que se faz no noticiário vai se desvanecer durante o julgamento, e não há eleições presidenciais no horizonte.
Qual seria, então, o projeto por trás desse movimento?
A análise das contas da campanha presidencial de Dilma Rousseff está nas mãos de um notório desafeto do Partido dos Trabalhadores, o ministro do STF Gilmar Mendes. O candidato derrotado à Presidência, Aécio Neves (PSDB), e seus principais aliados, estimulam sem disfarces os manifestantes que imaginam poder realizar um terceiro turno por vias tortas. A imprensa começa a dar ressonância à hipótese de um pedido de impeachment.
O processo é o mesmo que foi tentado contra o então presidente Lula da Silva em 2006: sem coragem para verbalizar o impronunciável em seus editoriais, os donos da mídia liberam seus pitbulls, articulistas pagos para corromper o discurso jornalístico à base do achincalhe; depois, racionalizam a indecência com declarações encomendadas.
Se todas as doações a partidos são produto de corrupção, chegamos ao ponto de não-retorno. O que virá em seguida?
O fato de as manchetes se referirem apenas ao Partido dos Trabalhadores e seus aliados mais próximos é apenas uma das características do correligionarismo da imprensa. Em páginas internas há reportagens citando pelo menos 19 governadores que foram eleitos com dinheiro das empreiteiras acusadas de pagar propina para obter contratos no setor de petróleo e gás. O governador eleito da Bahia, Rui Costa (PT), e o paulista Geraldo Alckmin (PSDB) receberam as maiores fatias.
As doações feitas pela Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, OAS, Odebrecht e UTC, segundo os jornais, também alimentaram as campanhas dos candidatos à Presidência da República Dilma Rousseff e Aécio Neves. No entanto, há uma grosseira confusão no noticiário, entre as denúncias de pagamento de propina para a divisão fraterna de obras e serviços para a Petrobras e o sistema de financiamento de campanhas eleitorais.
Entre os dados divulgados até aqui, há muita declaração, mas o julgamento vai exigir provas de conexão direta entre as comissões pagas pelas empreiteiras para obter negócios com a estatal e o dinheiro que alimentou os caixas de praticamente todos os partidos. Evidentemente, essa conexão brota no senso comum, e certamente nove entre dez brasileiros estão convencidos de que todo sobrepreço fixado sobre qualquer contrato tinha como contrapartida uma contribuição para as eleições.
Acontece que nem tudo que sai no noticiário vai se reproduzir como peça judicial. O que a imprensa produz é uma predisposição ao julgamento, que pode vir a ser alterada ou descartada no processo. Entretanto, o que fica no imaginário é a impressão de que o sistema democrático é essencialmente corrupto.
Doações suspeitas
No final da linha de montagem dos vazamentos, esse será o sentido da decisão que deverá ser tomada, provavelmente no plenário do Supremo Tribunal Federal. As frases dos delatores, selecionadas criteriosamente pelos investigadores e reproduzidas pela imprensa com o cuidado de preservar alguns partidos e criminalizar outros, vão compondo um quadro onde já se pode observar a absoluta insustentabilidade do sistema de financiamento das instituições que são a base do sistema representativo.
Então, por que os jornais não vão direto ao ponto, levantando o debate sobre o modelo de doações paralelamente ao conta-gotas das denúncias?
A falta de esclarecimento sobre as alternativas que poderiam defender o sistema dos constantes ataques da corrupção estimula as manifestações dos adeptos da ditadura, que, embora em número reduzido, se apresentam para tumultuar as sessões do Congresso e tentar impor pela truculência seus slogans obscurantistas.
Há qualquer coisa estranha no ar. Os editores sabem que não poderão manter acobertado por muito mais tempo o fato de que a corrupção afeta todos o sistema partidário. O recorte que se faz no noticiário vai se desvanecer durante o julgamento, e não há eleições presidenciais no horizonte.
Qual seria, então, o projeto por trás desse movimento?
A análise das contas da campanha presidencial de Dilma Rousseff está nas mãos de um notório desafeto do Partido dos Trabalhadores, o ministro do STF Gilmar Mendes. O candidato derrotado à Presidência, Aécio Neves (PSDB), e seus principais aliados, estimulam sem disfarces os manifestantes que imaginam poder realizar um terceiro turno por vias tortas. A imprensa começa a dar ressonância à hipótese de um pedido de impeachment.
O processo é o mesmo que foi tentado contra o então presidente Lula da Silva em 2006: sem coragem para verbalizar o impronunciável em seus editoriais, os donos da mídia liberam seus pitbulls, articulistas pagos para corromper o discurso jornalístico à base do achincalhe; depois, racionalizam a indecência com declarações encomendadas.
Se todas as doações a partidos são produto de corrupção, chegamos ao ponto de não-retorno. O que virá em seguida?
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