Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:
Debate acirrado, numa lista de amigos que trocam mensagens por e-mail.
Há os que acreditam que a campanha pelo impeachment de Dilma caracteriza um golpe, dentre eles o Eduardo Guimarães e o Luís Nassif. Breno Altman discorda, alegando que o que a direita busca é enfraquecer o PT.
Breno acredita que Dilma comete um erro ao trazer para dentro do governo conservadores que podem vir a colaborar com seu enfraquecimento político.
Argumenta que o custo é alto junto aos movimentos sociais e a setores do eleitorado que reelegeram Dilma.
A posição de Breno é próxima da do secretário de comunicação do MST, Igor Felippe, que não vê explicação razoável para a indicação de Joaquim Levy ou Kátia Abreu para o ministério.
Eduardo e Nassif enxergam possível golpe a partir das ações do juiz Moro, que preside a Operação Lava Jato e seus vazamentos seletivos, complementadas pelas de Gilmar Mendes, encarregado de analisar as contas de campanha de Dilma em 2014.
A desaprovação delas e a não diplomação da candidata vitoriosa seria o ponto de partida do golpe, com a aplicação da tese de que Dilma foi “contaminada” pelo dinheiro sujo de empresas envolvidas na Operação Lava Jato.
Discordo de todos os meus amigos que citei acima.
Quanto às contas da campanha, a não ser que o PT tenha cometido erro grosseiro, não acredito que Gilmar Mendes tenha condições políticas de evitar a diplomação de Dilma com base em alguma filigrana jurídica.
Não falta esforço aos conservadores, através de seus porta-vozes na mídia corporativa. Eles praticam descaradamente o usual “o que interessa a gente destaca, o que não interessa a gente esconde”.
Foi assim, por exemplo, com o depoimento do executivo Augusto Mendonça à Polícia Federal. Ele, que trabalha na empresa Toyo Setal, disse que doações legais eram parte do esquema de corrupção na Petrobras. Mencionou doações feitas ao PT. Foi o suficiente para os três jornalões gritarem em uníssono nas bancas.
Porém, os mesmos jornalões esconderam detalhes reveladores do depoimento. Sim, o executivo diz ter se encontrado com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari. Porém, no encontro, não disse qual seria a origem do dinheiro doado ao PT, nem que a ordem para fazê-lo teria partido de um ex-diretor da Petrobras envolvido no esquema.
Além disso, estamos falando de 2010. As contas de Dilma para aquela eleição já foram aprovadas.
A mídia apresentou o mesmo noticiário seletivo no caso do depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa à CPI. A certa altura, ele afirmou claramente que nada havia informado sobre o esquema ao ex-presidente Lula e à presidente Dilma. A informação foi parar no pé das reportagens da Folha e de O Globo.
O que temos, aqui, é a continuidade da campanha de 2014 nas capas de jornais e revistas cujo público leitor é formado, majoritariamente, por eleitores de Aécio Neves. É um golpe de papel, diário, que serve à oposição.
Os números recentes de uma pesquisa Datafolha, embora apresentados de forma deturpada pelo jornal, demonstram que a aprovação de Dilma é estável, apesar do petrolão. A maioria da opinião pública aceita e quer ver Dilma exercendo seu segundo mandato.
Nas ruas, apesar do incentivo explícito de Aécio, do PSDB e da presença física do senador eleito José Serra no mais recente evento, a oposição consegue reunir no máximo 5 mil pessoas na maior metrópole do país, São Paulo.
Isso não basta para um impeachment, embora sirva à teoria do sangramento do governo. O que vemos, em minha opinião, é a repetição da estratégia do mensalão pré-eleições de 2006, acrescida da perspectiva real de impeachment dependendo das provas ainda a serem obtidas na Operação Lava Jato.
Encurralar o governo serve à oposição em particular e aos conservadores em geral por motivos múltiplos. Teremos eleições municipais em dois anos e a reconquista de São Paulo, hoje governada pelo PT, estará no topo das prioridades. Enfraquecer o partido também serve para diminuir o protagonismo petista no segundo mandato de Dilma. No longo prazo, serve para a próxima tentativa de conquista do Planalto, diante da perspectiva nada agradável de encarar a volta de Lula.
Nesse sentido, concordo com Breno Altman. No entanto, se tanto quanto ele tenho restrições ideológicas às escolhas de Dilma para o ministério, do ponto-de-vista político ainda acho que a presidente fez o cálculo matemático correto. Acalmou banqueiros e ruralistas, cuja influência no Congresso, em caso de uma tentativa de impeachment, é notável. Ocupou o centro e deixou a direita, especialmente a extrema-direita, flertando com o PSDB.
Lembrem-se: a extrema-direita pode ter muitos leitores de jornal e gerar uma imensidão de cliques na internet, mas não conversa com a gigantesca maioria dos brasileiros, com os quais Dilma dialoga ao demonstrar que fará um segundo mandato “moderado”.
Acredito que o clima de excitação pós-eleitoral na blogosfera responde ao golpe de papel ao qual assistimos diariamente nos jornais, mas não corresponde ao sentimento da grande maioria silenciosa.
Enfatizo: salvo grandes novidades na Operação Lava Jato, acho duvidosa a possibilidade de um pedido de impeachment ou de uma campanha de rua que emparede o governo Dilma. Um golpe à la Jango está fora de cogitação.
A oposição prepara o terreno, mas precisa de revelações realmente estarrecedoras comprometendo pessoalmente a presidente para ter chances de tirar Dilma do Planalto.
No desgaste contínuo do PT, neste sim, acredito, com impactos eleitorais a médio e longo prazo. O partido não dispõe dos meios para se defender junto à opinião pública e está claro que será continuamente bombardeado nas próximas semanas e meses, como foi durante o mensalão.
O cuidado que Dilma deve tomar é o de não descuidar de tal forma da base que a elegeu a ponto de vê-la completamente ausente das ruas em caso de uma verdadeira tentativa de golpe.
Porém, o PT tem sido muito hábil em conseguir mobilizar seus eleitores e militantes só quando interessa: durante a campanha eleitoral. Não há motivo para acreditar que não conseguirá fazê-lo novamente, por mais desanimador que isso seja para os que batalham por mudanças verdadeiras e profundas na sociedade brasileira.
Por enquanto, a modernização conservadora não corre riscos, embora talvez fique cada vez mais dependente do PMDB.
Debate acirrado, numa lista de amigos que trocam mensagens por e-mail.
Há os que acreditam que a campanha pelo impeachment de Dilma caracteriza um golpe, dentre eles o Eduardo Guimarães e o Luís Nassif. Breno Altman discorda, alegando que o que a direita busca é enfraquecer o PT.
Breno acredita que Dilma comete um erro ao trazer para dentro do governo conservadores que podem vir a colaborar com seu enfraquecimento político.
Argumenta que o custo é alto junto aos movimentos sociais e a setores do eleitorado que reelegeram Dilma.
A posição de Breno é próxima da do secretário de comunicação do MST, Igor Felippe, que não vê explicação razoável para a indicação de Joaquim Levy ou Kátia Abreu para o ministério.
Eduardo e Nassif enxergam possível golpe a partir das ações do juiz Moro, que preside a Operação Lava Jato e seus vazamentos seletivos, complementadas pelas de Gilmar Mendes, encarregado de analisar as contas de campanha de Dilma em 2014.
A desaprovação delas e a não diplomação da candidata vitoriosa seria o ponto de partida do golpe, com a aplicação da tese de que Dilma foi “contaminada” pelo dinheiro sujo de empresas envolvidas na Operação Lava Jato.
Discordo de todos os meus amigos que citei acima.
Quanto às contas da campanha, a não ser que o PT tenha cometido erro grosseiro, não acredito que Gilmar Mendes tenha condições políticas de evitar a diplomação de Dilma com base em alguma filigrana jurídica.
Não falta esforço aos conservadores, através de seus porta-vozes na mídia corporativa. Eles praticam descaradamente o usual “o que interessa a gente destaca, o que não interessa a gente esconde”.
Foi assim, por exemplo, com o depoimento do executivo Augusto Mendonça à Polícia Federal. Ele, que trabalha na empresa Toyo Setal, disse que doações legais eram parte do esquema de corrupção na Petrobras. Mencionou doações feitas ao PT. Foi o suficiente para os três jornalões gritarem em uníssono nas bancas.
Porém, os mesmos jornalões esconderam detalhes reveladores do depoimento. Sim, o executivo diz ter se encontrado com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari. Porém, no encontro, não disse qual seria a origem do dinheiro doado ao PT, nem que a ordem para fazê-lo teria partido de um ex-diretor da Petrobras envolvido no esquema.
Além disso, estamos falando de 2010. As contas de Dilma para aquela eleição já foram aprovadas.
A mídia apresentou o mesmo noticiário seletivo no caso do depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa à CPI. A certa altura, ele afirmou claramente que nada havia informado sobre o esquema ao ex-presidente Lula e à presidente Dilma. A informação foi parar no pé das reportagens da Folha e de O Globo.
O que temos, aqui, é a continuidade da campanha de 2014 nas capas de jornais e revistas cujo público leitor é formado, majoritariamente, por eleitores de Aécio Neves. É um golpe de papel, diário, que serve à oposição.
Os números recentes de uma pesquisa Datafolha, embora apresentados de forma deturpada pelo jornal, demonstram que a aprovação de Dilma é estável, apesar do petrolão. A maioria da opinião pública aceita e quer ver Dilma exercendo seu segundo mandato.
Nas ruas, apesar do incentivo explícito de Aécio, do PSDB e da presença física do senador eleito José Serra no mais recente evento, a oposição consegue reunir no máximo 5 mil pessoas na maior metrópole do país, São Paulo.
Isso não basta para um impeachment, embora sirva à teoria do sangramento do governo. O que vemos, em minha opinião, é a repetição da estratégia do mensalão pré-eleições de 2006, acrescida da perspectiva real de impeachment dependendo das provas ainda a serem obtidas na Operação Lava Jato.
Encurralar o governo serve à oposição em particular e aos conservadores em geral por motivos múltiplos. Teremos eleições municipais em dois anos e a reconquista de São Paulo, hoje governada pelo PT, estará no topo das prioridades. Enfraquecer o partido também serve para diminuir o protagonismo petista no segundo mandato de Dilma. No longo prazo, serve para a próxima tentativa de conquista do Planalto, diante da perspectiva nada agradável de encarar a volta de Lula.
Nesse sentido, concordo com Breno Altman. No entanto, se tanto quanto ele tenho restrições ideológicas às escolhas de Dilma para o ministério, do ponto-de-vista político ainda acho que a presidente fez o cálculo matemático correto. Acalmou banqueiros e ruralistas, cuja influência no Congresso, em caso de uma tentativa de impeachment, é notável. Ocupou o centro e deixou a direita, especialmente a extrema-direita, flertando com o PSDB.
Lembrem-se: a extrema-direita pode ter muitos leitores de jornal e gerar uma imensidão de cliques na internet, mas não conversa com a gigantesca maioria dos brasileiros, com os quais Dilma dialoga ao demonstrar que fará um segundo mandato “moderado”.
Acredito que o clima de excitação pós-eleitoral na blogosfera responde ao golpe de papel ao qual assistimos diariamente nos jornais, mas não corresponde ao sentimento da grande maioria silenciosa.
Enfatizo: salvo grandes novidades na Operação Lava Jato, acho duvidosa a possibilidade de um pedido de impeachment ou de uma campanha de rua que emparede o governo Dilma. Um golpe à la Jango está fora de cogitação.
A oposição prepara o terreno, mas precisa de revelações realmente estarrecedoras comprometendo pessoalmente a presidente para ter chances de tirar Dilma do Planalto.
No desgaste contínuo do PT, neste sim, acredito, com impactos eleitorais a médio e longo prazo. O partido não dispõe dos meios para se defender junto à opinião pública e está claro que será continuamente bombardeado nas próximas semanas e meses, como foi durante o mensalão.
O cuidado que Dilma deve tomar é o de não descuidar de tal forma da base que a elegeu a ponto de vê-la completamente ausente das ruas em caso de uma verdadeira tentativa de golpe.
Porém, o PT tem sido muito hábil em conseguir mobilizar seus eleitores e militantes só quando interessa: durante a campanha eleitoral. Não há motivo para acreditar que não conseguirá fazê-lo novamente, por mais desanimador que isso seja para os que batalham por mudanças verdadeiras e profundas na sociedade brasileira.
Por enquanto, a modernização conservadora não corre riscos, embora talvez fique cada vez mais dependente do PMDB.
Acredito, como o Azenha, que o PT não deva estar convocando a Militância a ir às ruas por qualquer declaração ou publicação de (im)prováveis irregularidades, como a operação Lava-Jato. Ao encontrarmos nas ruas com as víúvas do FHC e Aécio, nestes meus 74 anos vividos, porque não passei pela vida em brancas nuvens e em plácido repouso adormeceu, a cada encontro haverá confronto e, ao partir para a ignorância, perderemos a razão. O Dr. Janot disse, conforme p. 4 do Estado de Minas, de 07.12.2014, "em mensagem interna" obtida pelo citado jornal que o escândalo da Petrobras é o maior da história do Brasil. Primeiro, se a mensagem era interna, o jornal Estado de Minas deverá entrar na lista de suspeição, com vistas a saber qual o Agente Público vazou a informação; Segundo: A já conhecida interligação do Juiz Federal Moro com o PSDB, seja por intermédio de sua esposa ligada por laços de parentesco com o Vice-governador do Paraná, Instância onde corre o processo; terceiro: porque no Paraná se a sede da Petrobras é no Rio de Janeiro, etc. Portando, esperamos do Dr. Janot isenção, trabalho e apartidarismo em suas analises, não se perturbando com o fato que o citado vice-governador ser parente do Dom Paulo Evaristo Arns, uma vez que as Igrejas, inclusive a católica, há anos vem fazendo campanha contra o PT, taxando os seus adeptos ou admiradores de comunistas ou bolivarianos. Por que oportuno, sou bolivariano, pois meu bisavó, suíço, veio para as Américas libertar os Países do domínio desumano impingido pelos europeus, principalmente espanhóis, ingleses e portugueses, também não podemos esquecer os holandeses e franceses, que aqui vieram para escravizar os nossos índios, emprenhar as índias e levar nossas riquezas para o Velho Mundo, comportando agora também adotado pelos Estados Unidos, com relação ao nosso petróleo, nióbio e outros metais nobres, o que ficou patente no apoio ao candidato da coalização do PSDB e outros partidos e pronunciamento de autoridades daquele País. Daí o nome de minha avó Bolívia, homenageada com uma praça em Belo Horizonte, no Bairro São Paulo, Praça Bolívia M. Vianna, e suas irmãs Argentina e Venezuela.
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