Por Paulo Nogueira, no blog de Diário do Centro do Mundo:
Qual o resultado da mistura de Armínio Fraga com Eliane Cantanhêde?
Bem, o resultado está no Estadão, numa entrevista.
É o apocalipse. O Brasil acabou, para os dois.
De um modo geral, quando leio esse tipo de coisa, me pergunto o que pessoas que pensam assim ainda fazem no país.
O que Armínio retrata, com a ajuda milionária de Cantanhêde, é uma distopia que só será superada se pessoas como eles estiverem no poder.
É o triunfo do ressentimento e de falta de autoconhecimento. A não ser que consideremos que éramos o paraíso sob FHC.
Uma frase simboliza a entrevista: “Estamos vivendo uma enorme crise de valores e isto é gravíssimo.”
Pois acrescento: entrevistado e entrevistadora são amostras dessa “enorme crise de valores”.
Armínio fala, a certa altura, do horror que é um sistema em que “empresas doam centenas de milhões de reais para as campanhas”.
Concordo. Muita gente concorda, aliás. E é uma pequena tragédia que Gilmar Mendes segure há tanto tempo, em completa impunidade, uma proposta de mudança de financiamento de políticos.
Mas a questão é: como foi a campanha de Aécio? Na base de água e pão? E a de Alckmin?
Armínio parece tratar os leitores do Estadão como idiotas. Do jeito como a questão foi apresentada, parece que o PT inventou o financiamento corporativo das campanhas.
Apenas o PSOL, nas eleições de 2014, optou por não aceitar dinheiro de grandes corporações.
Armínio não é Luciana Genro. Ou é?
Fosse uma jornalista mais atilada, ou menos tendenciosa, Eliane Cantanhêde teria pedido explicações a Armínio quando ele falou no financiamento.
“Mas ministro”, diria ela. (Ministro seria uma concessão aceitável para um ex-futuro ministro.) “O Aécio recebeu 201 milhões de reais de empresas para sua campanha. E nem isso foi suficiente. Ele gastou 216 e ficou com 15 no buraco. Como o senhor explica isso?”
Num mundo menos imperfeito, ela iria adiante. Se o Aécio, com Armínio, não conseguiu controlar sequer o orçamento de sua campanha, como poderia sonhar em controlar as contas do país?
Volto à “gravíssima crise de valores”.
Como, à luz disso, classificar o aeroporto que Aécio construiu em Cláudio, num terreno que era da família? Ou o dinheiro que o governo de Minas, sob Aécio, colocou nas empresas de mídia da família?
Falemos do chefe de Armínio: e o dinheiro que, em malas, comprou os votos para a emenda de reeleição de FHC?
Há uma coisa peculiar no pensamento de homens como Armínio. Eles podem prevaricar copiosamente e, ainda assim, são capazes de oferecer inflamadas lições de moral.
Isso tem um nome: demagogia.
É quando você acusa os outros de fazer o que você faz.
O conteúdo econômico da entrevista segue na mesma linha. Armínio finge ver um universo pujante no qual a economia brasileira é um caso único de dificuldade.
Quem acredita nisso, para usar as palavras de Wellington, acredita em tudo.
Armínio não pode acreditar, ou seria um mentecapto. Mas aparentemente espera que os leitores – pobres leitores – acreditem.
Bem, o resultado está no Estadão, numa entrevista.
É o apocalipse. O Brasil acabou, para os dois.
De um modo geral, quando leio esse tipo de coisa, me pergunto o que pessoas que pensam assim ainda fazem no país.
O que Armínio retrata, com a ajuda milionária de Cantanhêde, é uma distopia que só será superada se pessoas como eles estiverem no poder.
É o triunfo do ressentimento e de falta de autoconhecimento. A não ser que consideremos que éramos o paraíso sob FHC.
Uma frase simboliza a entrevista: “Estamos vivendo uma enorme crise de valores e isto é gravíssimo.”
Pois acrescento: entrevistado e entrevistadora são amostras dessa “enorme crise de valores”.
Armínio fala, a certa altura, do horror que é um sistema em que “empresas doam centenas de milhões de reais para as campanhas”.
Concordo. Muita gente concorda, aliás. E é uma pequena tragédia que Gilmar Mendes segure há tanto tempo, em completa impunidade, uma proposta de mudança de financiamento de políticos.
Mas a questão é: como foi a campanha de Aécio? Na base de água e pão? E a de Alckmin?
Armínio parece tratar os leitores do Estadão como idiotas. Do jeito como a questão foi apresentada, parece que o PT inventou o financiamento corporativo das campanhas.
Apenas o PSOL, nas eleições de 2014, optou por não aceitar dinheiro de grandes corporações.
Armínio não é Luciana Genro. Ou é?
Fosse uma jornalista mais atilada, ou menos tendenciosa, Eliane Cantanhêde teria pedido explicações a Armínio quando ele falou no financiamento.
“Mas ministro”, diria ela. (Ministro seria uma concessão aceitável para um ex-futuro ministro.) “O Aécio recebeu 201 milhões de reais de empresas para sua campanha. E nem isso foi suficiente. Ele gastou 216 e ficou com 15 no buraco. Como o senhor explica isso?”
Num mundo menos imperfeito, ela iria adiante. Se o Aécio, com Armínio, não conseguiu controlar sequer o orçamento de sua campanha, como poderia sonhar em controlar as contas do país?
Volto à “gravíssima crise de valores”.
Como, à luz disso, classificar o aeroporto que Aécio construiu em Cláudio, num terreno que era da família? Ou o dinheiro que o governo de Minas, sob Aécio, colocou nas empresas de mídia da família?
Falemos do chefe de Armínio: e o dinheiro que, em malas, comprou os votos para a emenda de reeleição de FHC?
Há uma coisa peculiar no pensamento de homens como Armínio. Eles podem prevaricar copiosamente e, ainda assim, são capazes de oferecer inflamadas lições de moral.
Isso tem um nome: demagogia.
É quando você acusa os outros de fazer o que você faz.
O conteúdo econômico da entrevista segue na mesma linha. Armínio finge ver um universo pujante no qual a economia brasileira é um caso único de dificuldade.
Quem acredita nisso, para usar as palavras de Wellington, acredita em tudo.
Armínio não pode acreditar, ou seria um mentecapto. Mas aparentemente espera que os leitores – pobres leitores – acreditem.
Gostaria de saber, quantos leitores ainda tem o Estadão.
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